segunda-feira, abril 30, 2007

Lá vamos cantando e rindo...

O nosso zeloso regime republicano, (de Arriaga, Teófilo, Cabeçadas, Salazar, Tomaz, Gomes, Soares e tantos outros), que tão exuberantemente nos vem governando há quase 98 anos, prepara, pela cabeça das suas luminárias oficiais, umas opíparas e masturbatórias celebrações centenárias. O regime implantado pela força da violência, e arreigado à custa da mentira e da ingenuidade popular pretende dentro em breve promover-se em opulenta festa nacional. À conta dos meus impostos. Para isso, não serão poupados esforços na propaganda ou meios para a maquilhagem da história. Antevêem-se para esta orgia regimental a consumação de novas e prometidas conquistas populares, como uma lei para o casamento entre homossexuais e quem sabe que outros brindes mais.

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Link indisponível

Parece que os "apoiantes" de Carmona Rodrigues, que não estou bem a ver quem possam ser, a não ser uma meia dúzia de dependentes na CML, lançaram um blogue. A ideia será dar algum conforto ao autarca, fustigado pela oposição de esquerda e de direita, bem como pela comunicação social nos últimos dias.
Já se passaram vários dias desde que rebentou esta polémica e, a cada dia que passa, Carmona é menos presidente da CML. Só não vê quem não quer. O facto de não ter falado imediatamente, a ausência na sede do PSD numa reunião onde deveria ter ido dar explicações a Marques Mendes, a fuga para Inglaterra para alegadamente ir ver exposições de motos antigas e o adiamento da audiência no DIAP só aumentam o problema.
Por outro lado, a situação no PSD não pode ser pior. Marques Mendes não pode arrastar mais a situação da CML e o facto de não ter conseguido, durante vários dias, falar com Carmona não abona nada a seu favor. É suposto o autarca dever respeito ao líder do PSD. Sem ele, não era presidente de câmara, sem as bases de Lisboa e o apoio do partido não ia a lado nenhum. Mas está visto que Carmona e Mendes já não linkam bem, para usar uma expressão típica da blogosfera.

A ler

1. "São rosas, senhores", de José.
2. "CGD = Novo IPE", de Pedro Marques Lopes.
3. "Eleições francesas", do Francisco José Viegas.
4. "A importância das motas", da Susana Barros.
5. "Lembrar a diferença", de Francisco Mendes da Silva.
6. "Aquilino Ribeiro - Um regicida no Panteão Nacional", do Mendo Castro Henriques.

Pausa publicitária

Se gosta de literatura, se é um leitor paciente, tem coisas para ler aqui, de vários autores.

E a Monsanto, chega?

«Videovigilância não chega às matas algarvias». Título do Público.

É só fazer as contas

Vinte anos de espera, uma inauguração um ano e cinco meses depois do previsto, mais 72 milhões do que os 320 previamente orçamentados, um Primeiro-Ministro que celebra o acontecimento que é a abertura de quatro-quilómetros-quatro de rede do Metro Sul do Tejo e 264 anomalias detectadas pela Câmara do Seixal apenas nesse percurso (Fonte: Público). Para além das infra-estruturas entretanto saqueadas em tudo o que se possa revender na praça. A viagem inaugural vai durar 11 minutos. É Portugal no seu melhor. Venham daí o TGV e a OTA.

O maçador de touros

Ontem o melhor sketch dos Gato Fedorento foi este. Para quem, como eu, reparte o seu convívio entre alentejanos e ribatejanos, vai dar com certeza pano para muita conversa à mesa. A propósito, ontem e à hora em que parece que houve para aí um jogo de futebol, foi maravilhoso regressar vindo de Montemor-o-Novo como se tivesse entrado na máquina do tempo e voltado aos anos 70. Meia dúzia de carritos na ponte e nem um camião na estrada. Bem haja o derby e que venha outro depressa.

Música do meu tempo (10)


Pixies - "Here Comes Your Man"

Umbiguismo


A rubrica «Gente» do Expresso afirma que foi «ao baú e desencantou uma entrevista» dada por José Sócrates ao Dna em Setembro de 2000, para retirar de lá uma citação. A rubrica «Gente» omite que essa citação foi retirada do livro agora lançado e da autoria de João Pombeiro, «Pela Boca Morre o Peixe», que o Francisco já citou há vários dias aqui e nós depois disso também, para além de diversos outros blogues. Que o Expresso na sua habitual sobranceria ignore os blogues, é algo que não espanta. Mas que não cite o livro de onde retirou a citação, o qual foi distribuído a todas as redacções, já me parece umbiguismo a mais e desprezo pelo trabalho do autor. Ou então, a «Gente» foi mesmo ao baú. Ele, às vezes, há mesmo coincidências...

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domingo, abril 29, 2007

No coração das trevas

Uma excelente reportagem assinada pelo jornalista britânico Alex Perry, publicada há dias na revista Time, revela bem o inferno em que se transformou o Zimbábue, que nos anos 80 tinha a segunda mais próspera economia da África Austral – logo após a imbatível África do Sul. Sob o mando despótico de Robert Mugabe, o país afundou-se, recuando a padrões de vida que remontam ao início da década de 50, quando ainda estava sob o domínio colonial. O desemprego atinge 80% da população activa e a inflação subiu a 1.792,9% em Fevereiro, pensando-se que no fim do ano atinja níveis ainda mais astronómicos, rondando os 3700%.
Uma perda da moeda com esta magnitude significa, por exemplo, que na prática um só tijolo custa hoje mais do que uma casa com piscina em 1990”, escreve Perry, que foi detido logo no primeiro dia em que chegou à antiga Rodésia e relata com minúcia a sua amarga experiência prisional neste país transformado num imenso cárcere que perdeu cerca de dois milhões de habitantes nos últimos anos e onde grande parte dos que ainda não partiram são forçado a caçar animais selvagens para sobreviverem.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a esperança de vida no Zimbábue é de 34 anos para as mulheres e 37 para os homens – a mais baixa do planeta. E no entanto o ditador, de 83 anos, mantém-se agarrado ao poder, procurando perpetuar o seu regime de terror que não hesita em silenciar todas as vozes discordantes – incluindo políticos, sindicalistas, clérigos e jornalistas.
Nada inédito no continente africano, desde sempre um fértil viveiro de tiranias. Admira-me apenas o silêncio cúmplice de tantos intelectuais comprometidos com o progresso, que nem uma palavra de indignação exprimem contra a ditadura de Mugabe. Ou talvez nem deva admirar-me: conheço demasiado bem os manuais de indignação selectiva deste gente, que fala alto e se cala, alternadamente, consoante o quadrante geográfico ou a costela ideológica que estiverem em causa.

Conversão à liberdade

A propósito da leitura do livro dos Actos dos Apóstolos em baixo: o cristão convertido é existencialmente insatisfeito, tem sede de uma verdade maior. Não é feliz por ter, antes por ser. É feliz numa paz interior, de quem é profundamente livre da alienação, porque sabe ao que vem, e a quem serve. Porque aprende a amar. Porque aprende a confiar, porque aprende a entregar-se.
O cristão convertido assume o compromisso de viver em Cristo. Na prossecução da felicidade, no cumprimento desse amor, e porque não é egoísta, procura espalhar a preciosa Palavra redentora. Com humildade aos acomodados e distraídos. Com valentia, não temendo os poderosos do mundo, apregoa a Boa Nova bem alto aos novos fariseus "os de maior categoria". Despreza a sua mundana glória fácil, sendo piedoso e complacente com as modernas “Senhoras devotas”. Porque o cristão convertido acredita no livre arbítrio de toda a criatura de Deus. Acredita que enquanto existir desejo de verdade, enquanto houver um excluído do opulento banquete dos homens, aí encontrará terra fértil para a palavra de Deus. Aí se encontrará Cristo vivo, a felicidade verdadeira e a esperança na ressurreição. Mesmo que ainda tenha de voltar à clandestinidade das catacumbas, e ser humilhado no circo da soberba e da arrogância.
Eu, católico confesso, tenho esperança numa profunda conversão.

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Não há rapazes maus


Rui Pena Pires, com uma ingenuidade tocante, resume a ida de Joaquim Pina Moura para a TVI a uma "escolha empresarial". Nada de pressões políticas, pois. Nada de interferência do poder socialista numa televisão privada, portanto. O Canhoto, está visto, vive num mundo de santos e heróis, onde não há rapazes maus. Fica o registo, para memória futura.

Domingo

Livro dos Actos dos Apóstolos 13,14.43-52.

Quanto àqueles, deixaram Perga e, caminhando sempre, chegaram a Antioquia da Pisídia. A um sábado, entraram na sinagoga e sentaram-se.
Depois da reunião, muitos judeus e prosélitos piedosos seguiam Paulo e Barnabé, os quais, nas suas conversas com eles, os exortavam a perseverar na graça de Deus.
No sábado seguinte, quase toda a cidade se reuniu para ouvir a palavra do Senhor. A presença da multidão encheu os judeus de inveja, e responderam com blasfémias ao que Paulo dizia.
Então, desassombradamente, Paulo e Barnabé afirmaram: «Era primeiramente a vós que a palavra de Deus devia ser anunciada. Visto que a repelis e vós próprios vos julgais indignos da vida eterna, voltamo-nos para os gentios, pois assim nos ordenou o Senhor: Estabeleci-te como luz dos povos, para levares a salvação até aos confins da Terra.»
Ao ouvirem isto, os gentios encheram-se de alegria e glorificavam a palavra do Senhor; e todos os que estavam destinados à vida eterna abraçaram a fé.
Assim, a palavra do Senhor divulgava-se por toda aquela região.
Mas os judeus incitaram as senhoras devotas mais distintas e os de maior categoria da cidade, desencadeando uma perseguição contra Paulo e Barnabé, e expulsaram-nos do seu território.
Estes, sacudindo contra eles o pó dos pés, foram para Icónio.
Quanto aos discípulos, estavam cheios de alegria e do Espírito Santo.

Da Bíblia sagrada

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Tertúlia literária (175)

- Gosto mais da Margarida Rebelo Pinto do que da Rita Ferro. Tem melhor pena.
- Também gosto mais dela. Tem melhores pernas.

Do efémero ao eterno


Eduardo Pitta vai lançar esta semana, com chancela da Quasi, uma recolha de textos publicados no seu excelente blogue, Da Literatura. Postas que passam do efémero ao eterno, sob um título muitíssimo inspirado: Intriga em Família. Vou (re)ler.

Acordei optimista

Sarkozy vai ganhar, Cameron vai ganhar, Rajoy vai ganhar. Ou muito me engano ou a Europa vai mudar bastante nos próximos anos. E por cá? Bem, por cá, por enquanto, Alberto João Jardim vai reforçar a maioria absoluta o que já não é nada mau. E o Sporting vai ganhar logo à noite.

sábado, abril 28, 2007

Hoje apetece-me


Ter esta menina a cantar só para mim. Voulez-vous, Charlotte?

Blogues em revista

31 da Armada: "Antes do 25 de Abril, os comunistas iam para a prisa. Agora, vão para a Prisa." (Francisco Mendes da Silva)
O Arrastão: "Com a ida de Pina Moura para a Media Capital é o governo que quer controlar a TVI ou são os espanhóis que querem controlar o governo?" (Daniel Oliveira)
Hoje Há Conquilhas: "Portugal especializou-se na exportação de ex-primeiros-ministros e ex-Presidentes da República para o desempenho de cargos em instituições internacionais. (...) O problema é que estas exportações, ao contrário do concentrado de tomate e das conservas de atum, não ajudam a equilibrar a balança de pagamentos." (Tomás Vasques)
Mar Salgado: "A única coisa relevante no episódio do Chiado - indivíduos de cara tapada a gritar morte ao capitalismo e a praticar simples e inofensivo vandalismo - é a forma como os media se referiram ao assunto. Nem uma vez a expressão 'manifestantes de extrema-esquerda' foi utilizada." (Filipe Nunes Vicente)
Escola de Lavores: "Coitadinhos dos anarquistas. Só queriam fazer uma manifestação 'antifascista, anti-autoritária e anticapitalista'. O sistema é tão mau. A democracia é tão injusta que obrigou a primeira fila a andar tapada. Tão corajosos que nem querem dar a cara. Mas os papás pagam a advogada e os médicos, está bem?" (Susana Barros)
A Terceira Noite: "Gosto, gosto muito, dos blogues que me surpreendem com uma fala que nada tem a ver com a minha, com nomes que nada me dizem. Pensar como jamais poderei pensar, escrever como não sei escrever nem conheço quem saiba. E ler pelo prazer simples de ler." (Rui Bebiano)
Estado Civil: "Um dos mais espantosos livros sobre a paixão foi escrito por Emily Bronte, que morreu com 31 anos, vivia no cu de Judas e nunca tocou num homem na sua vida." (Pedro Mexia)
Boca de Incêndio: "Quando hoje acordei estava um barco veleiro a espreitar pela janela." (António Godinho Gil)

Hollywood em Lisboa

Pensava eu que os cineastas tinham uma vida difícil em Portugal, sempre à míngua dos subsídios estatais que tanto reclamam para produzirem as suas incompreendidas (e muitas vezes também incompreensíveis) obras-primas. António-Pedro Vasconcelos, autor de Perdido por Cem, é um dos que mais se queixam de estar “anos sem filmar”, ao ponto de receber uma avença no canal público de televisão como arauto do Benfica para poder ganhar a vida.
Triste sina, pensava eu. Mas não: afinal Vasconcelos até tem hábitos dignos de Hollywood. Numa das suas últimas colunas do semanário Sol, dedicada aos “benefícios do tabaco”, o homem que rodou Oxalá confessava aos compatriotas: “Fumo, de há uns anos para cá, um charuto sempre que posso. E devo reconhecer que a descoberta dos ‘puros’ trouxe-me uma capacidade contemplativa que eu não tinha, ajudou-me frequentemente a não tomar decisões precipitadas e propiciou momentos de convívio inesquecíveis depois de jantares rabelaisianos.”
Extraordinário! Dividido entre o amor aos puros e os “jantares rabelaisianos”, o nosso Orson Welles chega ao fim do mês sem graveto para ligar a câmara. Percebo-o bem: a vida é uma curta-metragem, há que curti-la. Felizmente o charuto à Hitchcock e à John Ford ajuda-o “a não tomar decisões precipitadas”. Fazer filmes, por exemplo. Defender Luís Filipe Vieira e Fernando Santos na pantalha custa um pouco menos do que rodar um filme. E, apesar de tudo, Nuno Gomes falha menos golos do que alguns actores falham “deixas” no plateau. Uma grande maçada.
E por falar nisto: já marchava uma massada de cherne com lagostins, ou um fondue de lagosta verdadeiramente “rabelaisiano”, regado com uma garrafa de Veuve Cliquot, geladinha comme il faut. Depois, um conhaque com o café. Nada de decisões precipitadas: o cinema pode esperar.

Postais blogosféricos

1. É um novo blogue, tem um elenco de luxo e promete dar que falar. Vamos estar muito atentos à Geração de 60.
2. Espreitei este blogue do Daniel Marques e fiquei com vontade de voltar a fazer uma visita.
3. José Carlos Matias abriu O Sínico. É bom para matar saudades do Oriente.

Tendências, sim. Fretes, não

Há uns tempos, quando ficou claro que a Prisa queria tomar conta da Media Capital, lembro-me de comentar com amigos que achava bem, porque ia finalmente haver uma clarificação sobre as tendências dos órgãos de Comunicação Social em Portugal, tal como acontece em Espanha, mas também em democracias mais maduras como a Inglaterra (por exemplo, Guardian, pró-trabalhista, Times, pró-conservador) ou França (Monde, socialista, Figaro, gaulista), e íamos deixar de ter uma falsa independência, que, aliás, só beneficia a esquerda, já que a grande maioria dos jornalistas identifica-se com ela. É verdade que na Espanha de hoje se exagera, confundindo tendência com jornalismo de fretes. Espero que por cá seja diferente e que a direita também crie, tal como aconteceu noutros países, os seus jornais de tendência. Acho até que essa clarificação trará mais leitores, tanto aos jornais mais à esquerda como aos mais à direita. Se houver espaço para jornais verdadeiramente independentes, tanto melhor. O mercado é livre.
Curiosamente, o único jornal que em Portugal se assumiu como de tendência tinha o nome de O Independente, mas viu-se que era apenas um projecto conjuntural de afirmação de uma ala do CDS contra o PSD de Cavaco SIlva. Antes, também o Semanário foi um projecto conjuntural da direita para derrubar o Bloco Central. Atingidos os respectivos objectivos, estes projectos morreram. Falta agora a direita pensar a sua intervenção na Comunicação Social a longo prazo, mas não caindo na tentação do jornalismo de fretes e do imediatismo. Pensar que Pina Moura e os socialistas, portugueses ou espanhóis, vão arrepiar caminho é perda de tempo. Esperar que Cavaco exerça o seu poder moderador perante abusos da maioria, já se viu que também é perda de tempo. E já nada causa escândalo à "opinião pública" portuguesa, que nem sequer está historicamente habituada a independências na imprensa. A Comunicação Social é, cada vez mais, com o advento das televisões privadas, o principal campo de batalha político.

Referendo à vista



Penso que está definitivamente esclarecida a questão do referendo sobre o tratado europeu: ele vai mesmo realizar-se. Essa é a posição dos dois maiores partidos e o que diz o primeiro-ministro não deixa dúvidas.
Haverá certamente argumentos sobre a necessidade de tornar o sistema mais democrático, de consultar os cidadãos, entre outras sentenças sobre o défice democrático europeu, a cidadania, a democracia e etc.
No entanto, a realização de um referendo europeu em Portugal será quase surrealista.
O País terá a presidência da UE no segundo semestre do ano. Até lá, na cimeira de Junho, sob presidência alemã, haverá uma decisão sobre o que fazer ao tratado. Há duas hipóteses nos extremos (abandonar o texto ou não mudar uma linha) e a solução escolhida estará algures na zona intermédia. Penso que acabaremos por estar muito perto de não mudar uma linha. Mais de dois terços dos países não aceitam alterações no coração do tratado, sobre as regras institucionais. As dúvidas que persistem dizem respeito à manutenção da parte económica e social, que pode até ser reforçada, sobretudo se Ségolène Royal ganhar em França. Outra incógnita é sobre o eventual aparecimento de novas políticas (reforço dos artigos sobre ambiente, política comum de energia).
O texto vai mudar de nome e deixará de ser Tratado Constitucional. Desaparecerão alguns artigos polémicos (todos os que têm carácter de Constituição). Enfim, pode haver uma simplificação do texto rejeitado em França e Holanda, mas as alterações serão relativamente reduzidas, pois isso facilitará a sua negociação a tempo de se cumprir o calendário de 2009.
Esta será a decisão alemã: não mexer no essencial, o que parece garantido com qualquer dos dois candidatos à presidência francesa.
A partir deste ponto, entra Portugal. No semestre português, deverá ocorrer uma Conferência Intergovernamental para negociar e decidir as alterações. Se tudo correr bem, o novo tratado estará pronto para ser ratificado em 2008 nos parlamentos dos países que já ratificaram o anterior (por isso se retiram os artigos polémicos e de carácter constitucional). Como muda de nome, o tratado até poderá chamar-se Tratado de Lisboa, que será designação mais inócua.
Ora, Portugal realiza um referendo, pelo que provavelmente nos vão perguntar se queremos ratificar o Tratado de Lisboa, que a presidência portuguesa conseguiu fazer aprovar, com tanto esforço. E os referendos normais têm o “sim” e têm o “não”.
Os partidos principais vão dizer que sim, senhor. As franjas políticas dirão que não, senhor. E, claro, o País estará proibido de responder “não”, porque essa resposta dará origem a uma crise europeia e ao absurdo de vermos o Estado que negociou a recta final do tratado a rejeitar esse mesmo tratado. E se toda a gente ratificasse, menos nós?

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O partido dos valores

A semana que passou foi muito interessante em termos políticos e apetece-me comentar alguns casos. Para isto não ficar muito longo, vou dividir os textos, começando pela eleição de Paulo Portas. Em primeiro lugar, devo dizer que acho que a ambição num político (desde que não seja a famosa ambição desmedida) é uma qualidade e não um defeito. Depois, por muito que não goste do estilo de Portas, e eu não gosto, tenho que reconhecer que ele se portou muito bem na coligação com o PSD no Governo (o partido em que milito, para quem ainda não saiba) e ganhou pontos na minha consideração. Portanto, não me causa nenhuma irritação ou preocupação especial ele ter sido eleito para líder do CDS e já sei que vai ter a benevolência dos socialistas e dos jornalistas e comentadores que lhes são próximos (como se viu ontem no Parlamento), sempre que não estiver coligado com o PSD e pareça servir para dividir a direita.
Para mim, o dado mais interessante da eleição de Portas é mostrar como estão as pessoas em Portugal. A verdade é que, ao escolherem o dirigente que sabiam que tinha andado a intrigar nos últimos dois anos contra a direcção legitimamente eleita por quatro de Ribeiro e Castro, os militantes do CDS mostraram, de forma esmagadora, que (ao contrário do que passam a vida a proclamar) se estão a borrifar para os "valores", preferindo um líder que, na sua opinião, terá mais destaque mediático e assim mais fácil acesso ao poder. Para quem tanto critica o "pragmatismo" do PSD, onde apesar de tudo os confrontos são mais às claras (veja-se, no actual episódio, Mendes, Menezes e Santana), não está nada mau.

O teste final

1. A forma como irá lidar com a questão da Câmara Municipal de Lisboa é o derradeiro teste para a liderança de Marques Mendes. Concordo com Marcelo Rebelo de Sousa quando ele disse há meses que Lisboa era provavelmente o maior e o mais duradouro dos problemas que Mendes tinha para enfrentar. É verdade.
Para já, aquilo a que estamos a assistir é uma total ausência de discurso, de tacto de de sensibilidade política para lidar com o envolvimento de Carmona Rodrigues no caso Bragaparques. Mendes devia ter agido logo. As informações que dão conta da vontade do PSD em não realizar eleições na capital são um sinal ainda mais preocupante. A partir deste momento, é simplesmente impossível que não haja eleições em Lisboa. Não é só Carmona que está ausente, algures em parte incerta, é Fontão de Carvalho com o mandato suspenso, é Gabriela Seara com o mandato suspenso, é Maria José Nogueira Pinto que já não está lá, é aquele candidato do PS que se pirou para o Parlamento, farto das reuniões na CML até altas horas.
Marina Ferreira, por mais que o núcleo duro de Mendes queira, não pode ser presidente da CML. Não é a questão de ninguém saber quem ela é, a não ser parte da distrital de Lisboa do PSD. É a capital que não votou nela. Nem ontem, nem nunca. Que se saiba, a senhora só foi candidata por duas vezes em secções locais do PSD e perdeu das duas vezes. Não pode estar à frente da CML. Não tem legitimidade democrática e se Marques Mendes for por aí estará a dar a machadada final na sua liderança do partido.

2. A haver eleições em Lisboa, quais serão os candidatos do PSD? Dizem-me que Mendes terá sondagens com testes a vários nomes e que o único capaz de obter um bom resultado, segundo o estudo, é o de Manuela Ferreira Leite. Que não será candidata. Portanto, quem resta? Poucos. Para mim, a única solução e a mais óbvia será Paula Teixeira da Cruz, uma mulher inteligente e com garra, capaz de disputar o palco a António José Seguro, João Soares ou Mega Ferreira. Mas não acredito que esteja interessada. O próprio Mendes não poderá ser candidato, pois daqui a dois anos, na sua óptica, será candidato a primeiro-ministro. Mesmo que fosse, o resultado seria um desastre. Pedro Passos Coelho? Cortou com Mendes e, segundo se diz, não quer ter nada a ver com a actual solução. Fernando Seara? Não me parece que seja homem para deixar Sintra e entrar numa luta imprevisível por Lisboa, mas logo se verá. António Capucho? Um homem sério, mas também não irá trocar o certo pelo incerto.
Ou seja, Mendes terá a vida muito complicada nos dois casos. Quer decida ficar com Marina Ferreira, quer não tenha outra solução senão as eleições, porque não irá conseguir arranjar um bom candidato.

sexta-feira, abril 27, 2007

Por me ter feito saltar a tampa

Estava aqui um texto que retirei depois de colocado. Vou voltar a publicá-lo amanhã, para que a bílis não me tolha o raciocínio. Tem a ver com isto e posso adiantar que não é um elogio.
Adenda: De facto, depois de ser obrigado a ouvir ontem Luís Delgado no «Expresso da Meia Noite» e de uma noite bem dormida, concluo que não vale a pena dar importância áquilo que não a tem. O post de Pedro Marques Lopes é só mais um de vários arrazoados de lugares comuns que está na moda escrever sobre Marques Mendes. Ignora o seu papel na privatização do sector da comunicação social e fala na «especificidade dos media» como se o autor conhecesse cada um deles muito melhor e soubesse onde fica, na TVI, a máquina do café. Os comentadores de trazer por casa preferirão sempre elogiar Paulo Portas a Marques Mendes, o espectáculo à substância, o suposto «carisma» ao conteúdo e capacidade política, as quezílias partidárias internas ao esforço desenvolvido e às vitórias alcançadas. É deixá-los estar e deixar andar. Além disso, não gosto de falar em causa própria. Por vezes, no entanto, a pressão na panela torna-se difícil de suportar.

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Notas sobre o debate parlamentar (I)


1. Marques Mendes passou os últimos dias a bradar contra José Sócrates nas questões da Universidade Independente e da ida de Pina Moura para a TVI. Na hora da verdade, no debate mensal desta manhã no Parlamento, o líder do PSD meteu a viola no saco. Sobre a Independente, nem um sussurro. Sobre a TVI, só falou depois de Sócrates o ter desafiado para o efeito. Saiu mal no retrato.
2. O primeiro-ministro esteve bem neste regresso ao Parlamento após ter andado semanas acossado na questão da sua formação académica. Jogou ao ataque, falou com desassombro, confirmou que é um "animal feroz" na arena parlamentar. Era até desnecessária aquela sessãozinha de aplausos em pé com que a bancada socialista o brindou após a intervenção inicial. Bem fez Manuel Alegre, que nesse momento se manteve fora do plenário. Apoio político é uma coisa, fazer vénias ao chefe é outra.
3. Mendes estava nervoso. Percebe-se porquê: o regresso de Paulo Portas à primeira linha do debate parlamentar, anunciado em sucessivos títulos da imprensa, levou o líder laranja a acentuar o tom agressivo para marcar terreno. Disparou contra Sócrates um arsenal de qualificativos desabonatórios - de prepotente a caprichoso, de arrogante a insensível. Não havia necessidade: afinal Portas foi muito mais tolerante para o PS do que os sociais-democratas receavam. Na sua última prédica dominical, Marcelo Rebelo de Sousa já tinha avisado que tudo se passaria assim...

Notas sobre o debate parlamentar (II)

4. Não há que enganar: o novo CDS é a oposição de que este Governo há muito estava à espera. Sócrates e Portas trocaram amabilidades sem rodeios. O sucessor de Ribeiro e Castro desafiou o primeiro-ministro a comparecer mais vezes no Parlamento: Sócrates acedeu de imediato, demarcando o CDS das "insinuações" e "ataques pessoais" que lhe têm sido dirigidos pelo PSD.
5. Por uma vez, a esquerda parlamentar cedeu terreno à direita. Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã estiveram apagados neste debate. Foram brandos nas críticas, deixaram a Marques Mendes o monopólio das frases contundentes. E assistiram calados quando o líder laranja se insurgiu contra a ida de Pina Moura para a TVI, a seu ver "uma vergonha, um escândalo, uma promiscuidade". Sócrates retorquiu-lhe: "Em matéria de controlo dos media públicos, o PSD não pode dar lições de moral." As bancadas do PCP e do Bloco de Esquerda nada disseram sobre a nova administração da TVI. Sobre a Independente, também nem uma palavra.
6. Santana Lopes nem se deu ao incómodo de bater palmas a Marques Mendes para (a)parecer bem na fotografia.
7. O debate acabou, três horas depois, com apenas 13 deputados sociais-democratas na sala das sessões. Pormenor elucidativo sobre a qualidade da oposição que temos...

Momentos Kodak (48)

Que a história se repita! De preferência sem lances polémicos...
(Maio de 2006)
Fotografia: Rodrigo Cabrita

Firme e hirto

Hoje, durante o debate mensal, Paulo Portas disse a José Sócrates que tinha voltado para lhe fazer uma oposição "firmíssima". Sócrates respondeu-lhe que se fosse só firme compreendia, agora "firmíssima" denotava alguma insegurança.
De facto, e à primeira vista, o regresso de Portas não correu às mil maravilhas. Apareceu no debate mensal sem ideias (a segunda ronda foi até ligeiramente patética) e a achar-se o melhor condutor do mundo. Da soberba sobrou a ideia de passar os debates mensais a meia hora por semana. Sócrates, esperto que nem um carapau, aceitou logo - mesmo dando de barato que já tinha concordado com um modelo semelhante ao actual mas mais leve no projecto de reforma do Parlamento do seu potencial sucessor, António José Seguro.
O primeiro-ministro não quis acreditar na esmola. Portas voltou manso como um cão amestrado. Marcelo Rebelo de Sousa e Manuela Ferreira Leite tinham razão: até podíamos ter a ilusão de pensar que Portas voltaria para complicar a vida a Sócrates e, por arrasto, a Marques Mendes. Afinal veio mesmo para ser o seguro de vida de Sócrates para 2009. Se falhar a maioria absoluta, há sempre ali um partido à disposição para aprovar uns orçamentos, deixar passar umas propostas de lei e, no limite, fazer um acordo de incidência parlamentar, aceitando uns lugarejos no melhor que o Estado tiver para oferecer. A nova embalagem de Portas tem mesmo sabor a queijo...

Uma questão de fundos

Carlos Albino desafia Vital Moreira. Um duelo (ao sol) deveras interessante e para ir seguindo...

Interregno tablóide


Enquanto os meus camaradas que realmente têm algo de importante a dizer sobre o país não se decidem a escrever, faço aqui um intervalo a propósito do mail de uma amiga que acabei de receber, comunicando-me o fim do seu romance com um príncipe indiano e a muito interessante experiência que ambos tiveram com a ayahuasca. Conheci a Emily há três anos - tinha ela 21 acho eu por razões legais que me convêm - no Largo Camões, em Cascais, onde cantava o seu último álbum «Domination». Isto à noite. Durante o dia exibia o seu corpo nu pintado de verde em jeito de mulher estátua. Após a primeira hora de conversa, convidei-a para ficar em minha casa porque achei que não fazia sentido estar acampada em frente à igreja paroquial (nem mesmo eu desejo tal escândalo na vida do Padre Raúl). Fiquei a saber que a Emily fazia o curso de estudos orientais em Londres, aos 18 vivera 6 meses na Indonésia onde aprendera a língua, surgira nos escaparates dos jornais ao acorrentar-se - também nua e vestida de verde - ao portão de um jardim em vias de se tornar parque de estacionamento na cidade de Winchester e, por prazer que não por necessidade, gostava de fazer table dancing num bar de strip londrino. Entender a Emily é entender a globalização. Acreditem no que vos digo.

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Nas colunas


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Curiosity killed the cat


Quem vê caras, não vê saldos de multibanco.
Foi isso que pude comprovar com o talãozinho que aquele cavalheiro deixou descuidadamente na máquina após ter levantado... dez euros.
Garanto que nunca tinha visto um talão com tantos números. Antes de chamar o senhor, não consegui resistir. Duas Avé Marias e três Pais Nossos.

Rivalidades

Gostar de futebol a sério é viver a vertigem dum derby. É assumir uma apaixonada rivalidade. É agigantar as expectativas e atirar os foguetes todos, mesmo antes da festa. Desdenhar os rivais, arranjar lenha para nos queimar. É a desonestidade intelectual com antecipado perdão. É um jogo perigoso para uma eufórica glória... ou apenas uma efémera desilusão. Uma amável e salutar criancice.

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33 anos depois

É bom saber que os jovens de hoje continuam a saber fazer um cocktail Molotov. E ainda dizem que é a geração dos shots, tsc, tsc.

Vou deixar de ler notícias

É que se um homem começa a ler tudo o que se publica, é um passo até desatar a bater mal e a ver causas e efeitos em todo o lado, qual Mel Gibson no «Teoria da Conspiração». Por exemplo isto:
«O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou hoje, no Parlamento, que os planos municipais de ordenamento do território vão deixar de ser submetidos a ratificação do Conselho de Ministros». No Diário Digital.
«Investimento em resorts deverá chegar aos 13.500 milhões de euros até 2017. 61 projectos previstos para a próxima década». No Público Imobiliário.
Estão a ver, ou não?

A escassa minoria

Imagino que o João Pedro Henriques não tenha tido muito tempo, depois de receber e analisar os resultados da sondagem, para escrever este artigo de hoje no DN. Nele, fala-se por duas vezes numa «escassa maioria» que acha que Sócrates saiu fragilizado do caso UnI. A «escassa maioria» são 50,2% dos inquiridos e isso, de acordo com JPH, «choca com a opinião de alguns comentadores, que afirma que o caso produziu um abalo forte na sua imagem». Lido isto, fico com a impressão de que se cria uma discordância onde ela não existe. Quanto muito, seria a escassa minoria dos 41,8% a «chocar» com os comentadores. Ou não? Não quero armar-me em Paulo Gorjão, mas há aqui uma lógica qualquer um bocado desafinada.

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Sexta-feira (bis)


Sem desprimor para a rapariga abaixo que gastou todo o seu ordenado em injecções de silicone na zona labial e uma vez que o debate da nação paralisou também este blogue, como parte integrante da mesma, aqui fica: (A programação habitual segue dentro de momentos).

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Sexta-feira


Denise Richards.

quinta-feira, abril 26, 2007

E agora?

Segundo informações de última hora, Carmona Rodrigues poderá sido constituído arguido no âmbito do caso Bragaparques. A confirmar-se, espera-se que Marques Mendes clarifique se mantém ou não a confiança num presidente de Câmara Municipal que pode ser arguido, critério aliás usado para retirar o apoio a figuras como Valentim Loureiro e Isaltino Morais. Se bem que há arguidos e arguidos (a condição não implica que venha a ser condenado por algum crime, porque tem direito a defesa), Marques Mendes fez, e bem, da credibilidade um factor de preferência nas escolhas dos candidatos do PSD nas últimas autárquicas. Este critério serviu de base para afastar outros eventuais candidatos.
Acontece que Carmona Rodrigues já garantiu que não se demite e que pretende levar o seu mandato até ao fim. Está no seu direito e, aliás, o seu gabinete desmente que o autarca tenha recebido qualquer notificação oficial. A ver vamos. Mesmo que receba, Carmona deverá querer provar a sua inocência - e eu acredito que seja um homem bem intencionado. O problema, contudo, não reside só aí. Neste momento, a CML não tem vice-presidente, arguido no mesmo processo e com o mandato suspenso, não tem a vereadora mais poderosa em funções, também constituída arguida e com o mandato suspenso, não tem uma administração da EPUL na plenitude de funções, pois os seus administradores foram também constituídos arguidos. Isto a juntar à saída voluntária da vereadora do CDS/PP, Maria José Nogueira Pinto, por ter abandonado a militância do seu partido, à saída do candidato principal do PS, para se dedicar a outros voos, e às confusões de outro vereador eleito pelo PSD. A CML que foi eleita pelos lisboetas não tem qualquer legitimidade democrática. E, a continuar por este caminho, o executivo camarário e o seu grupo de vereadores constituirão mesmo uma trupe de estranhos ao eleitorado. Um exemplo: se Marques Mendes eventualmente viesse a retirar a confiança a Carmona e não quisesse eleições antecipadas, a presidência da CML seria entregue a... Marina Ferreira. Por melhor que a senhora seja, e tenho amigos que dizem que é uma trabalhadora edicada, não foi escolhida pelos eleitores de Lisboa e a sua subida a número um da CML iria equivaler a uma grande perversão da democracia directa. O espectáculo soma e segue.

Breaking news

MIT dean resigns over misrepresented credentials

"Marilee Jones, a prominent crusader against the pressure on students to build their resumes for elite colleges, resigned Thursday as dean of admissions at the Massachusetts Institute of Technology after acknowledging she had misrepresented her own academic credentials.
Jones has been a popular speaker on the college admissions circuit, where she urged parents not to press their kids too hard, and told students there are more important things than getting into the most prestigious colleges. She rewrote MIT's application, trying to get students to reveal more about their personalities and passions, and de-emphasizing lists of their accomplishments.
But Jones, dean since 1997, issued a statement saying she had misrepresented her credentials when she first came to work at MIT 28 years ago and "did not have the courage to correct my resume when I applied for my current job or at any time since.
"I am deeply sorry for this and for disappointing so many in the MIT community and beyond who supported me, believed in me, and who have given me extraordinary opportunities," she said, adding she would have no further comment."
Para quem gostou de ler este pequeno naco de prosa, da autoria da AP, e que revela o que se passa no prestigiado instituto que o Governo trouxe para fazer protocolos com o nosso País, eis o resto da notícia na CNN. Como dizia a outra, não há coincidências... Nenhuma, aliás.

País que exporta dirigentes

Jorge Sampaio foi nomeado Alto Representante para o Diálogo das Civilizações da ONU. O que está a dar é ser ex-primeiro-ministro ou, no caso, ex-Presidente da República. Depois de António Guterres e de Durão Barroso, Sampaio sobe na hierarquia da ONU, provando que, na prática, nós quando queremos um cargo internacional, ele é nosso. A grande excepção foi Mário Soares, que há uns anitos não conseguiu, sequer, ser eleito presidente do Parlamento Europeu. Ele que tinha aceite ser candidato a eurodeputado só por causa disso e com imensas garantias. Mas isso é uma longa história...

Parece que lhes caiu o céu em cima


Já repararam bem nas expressões faciais dos treinadores do FC Porto, do Sporting e do Benfica? Jesualdo Ferreira, Paulo Bento e Fernando Santos são homens incapazes de sorrir. Mesmo quando ganham surgem nas conferências de imprensa com expressão triste, macambúzia, crispada. Como se ganhar não lhes desse afinal qualquer prazer. A alegria do desporto nada tem a ver com este futebol de alta competição bem espelhado nos rostos dos principais técnicos. Olho para eles, um por um: parece que lhes caiu o céu em cima.

Súbita nostalgia


Das memórias remotas do Verão de 1974, esta é que mais retenho: Seasons in the Sun.

«Dá pa´descer à má fila»...

...«Pumba, pumba, pumba, todos lá pa'dentro»

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Gostei de ler

1. 25 de Abril sempre. De Pedro Marques Lopes, na Atlântico.
2. 25 de Abril de 2007. Do Tomás Vasques, no Hoje Há Conquilhas.
3. Abril. De Francisco Valente, n' O Acossado.
4. Querido blogue. Da Rita Barata Silvério, na Rititi.
5. Que estranho país o meu. Do José Carlos Gomes, na Política e Sociedade.
6. Memórias. Do Helder Robalo, no Pensamentos.
7. Xica Bia. Do Eduardo Pitta, no Da Literatura.
8. De Espanha nem boa imprensa... Do Vítor Matos, no Elevador da Bica.
9. Punição para o negacionismo? De João Tunes, na Água Lisa.
10. CDR. Do Francisco José Viegas, n' A Origem das Espécies.
11. Foste mesmo puta? Do André Moura e Cunha, no In Absentia.

Uma luz que vem do túnel

Do alto da torre 3 das Amoreiras, nesta tarde soalheira e cristalina, observo contente o trânsito que flui suave, como se hoje fosse um calmo Domingo de Agosto. Uma experiência única a que nos vamos habituar facilmente, como acontece sempre com as coisas boas.
O resto, é o ruído de uma democracia doente e de um país deprimido, com medo de ser feliz.

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Televisão, loucura e morte



As imagens post mortem do tresloucado assassino que na semana passada semeou a morte numa universidade da Virgínia foram difundidas pela cadeia norte-americana NBC e a partir daqui irradiaram por várias televisões em todo o mundo, incluindo Portugal. São imagens de um indivíduo claramente desequilibrado, com apelos ao ódio e à morte. Têm nulo valor informativo e apenas se destinam a emocionar os espectadores. É este o jornalismo dominante, que cada vez mais troca o raciocínio e a racionalidade pela emoção gratuita, pela exploração do medo e pela amplificação da bizarria e do grotesto. A imagem do assassino, com as suas frases desconexas, é um insulto à memória das suas 32 vítimas. E mais um degrau que se desce no caminho da indignidade neste mundo onde qualquer idiota consegue a sua ração de fama – nem que seja preciso matar para isso.

Estreia esta sexta-feira num Parlamento perto de si


Espera-se que o debate mensal de amanhã seja um pouco mais animado do que o costume. Pode ser que até venhamos a ter mais exercício do contraditório e menos vexame do primeiro-ministro em relação a um dos líderes da oposição. Marques Mendes, que falou como falou no caso Independente, que se prepare. José Sócrates deve avançar com as baterias todas e ainda por cima com aquela falta de chá que se lhe reconhece.
Mas amanhã a maior curiosidade irá residir na estreia de Paulo Portas no debate mensal, nesta sua nova versão. Portas terá muito para provar. Normalmente os regressos não resultam bem. À excepção de Francisco Sá Carneiro, ninguém na política portuguesa soube voltar com sucesso ao lugar que já antes tinha ocupado. No CDS pior ainda. O partido é exíguo, não tem grande base de apoio popular e perdeu o seu trunfo durante anos: a representação autárquica. Hoje em dia nem os senhores da terra votam CDS. Diogo Freitas do Amaral, para dar o exemplo mais flagrante, não foi feliz quando voltou ao partido, depois de em 1986 ter perdido por um triz a Presidência da República com a magnífica campanha do Prá Frente Portugal. Chegou ao Caldas e espalhou-se com a tese da equidistância, demonstrando que os 49% que tinha obtido contra Soares mais não eram do que os votos de Cavaco Silva - que este, de resto, iria arrebatar nas legislativas seguintes, de 1991.
A partir de amanhã, Portas terá de começar a provar por que razão resolveu remover José Ribeiro e Castro da liderança do partido. E deverá demonstrar que veio mesmo para fazer oposição ao "engenheiro" Sócrates. Porque em 1995, na altura ao lado de Monteiro, também fez campanha a dizer que o PP seria oposição a tudo e a todos e acabou essa legislatura (e a seguinte) a negociar orçamentos com Guterres por debaixo da mesa.
Já agora, atente-se a este cartaz e às pessoas que Portas foi eliminando ao longo dos anos (e não foram tantos assim) ou que, por sua iniciativa, se foram afastando... Do lado direito e do lado esquerdo, estão Maria José Nogueira Pinto (que saiu do partido), António Bagão Félix (que colaborou com Ribeiro e Castro, portanto deve pagar por isso), António Lobo Xavier (que foi dizendo umas verdades e que não terá gostado da forma como foram organizadas as directas), Miguel Anacoreta Correia (que substituiu Nogueira Pinto na CML e que foi vice do ex-líder) e José Ribeiro e Castro (ele mesmo, vejam bem). São muitos, não são? Quantos dos outros irá agora Portas usar e consumir do melhor que têm para dar à política, para depois os deitar fora pelo caminho?

E ainda falam da morte do papel

Se calhar recuperou-o de alguma gaveta

«Se não soubesse que foi proferido por Cavaco Silva, admitiria sem dificuldade que este discurso pudesse ter sido de Jorge Sampaio». Paulo Gorjão, no Bloguítica.

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O país do Amor


É Primavera, embora hoje não pareça, e acho Portugal um óptimo país para namorar. Uns bons anos depois do 25 de Abril fui expulso da piscina do Estoril-Sol por estar deitado em cima da minha namorada (bem confortável e fofinha por sinal) numa posição considerada indecorosa. De quando em quando, ao longo da minha vida, lá fui ouvindo impropérios seguidos das frases «por que é que não arranjam um quarto?!» ou «antigamente iam ver o que era bom, se fizessem essas figuras na rua!». Tudo isso me faz crer que, no tempo do Outro Senhor, as demonstrações de afecto e de desejo não eram lá muito bem vistas. Hoje não é assim pois não? Nem nunca mais vai ser, não acham? Por isso, toca a esquecer os ódios e desatar a beijocar as pessoas de quem gostamos. Faz muito melhor à saúde.

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Ajudava a perceber muita coisa

De acordo com o nosso Pedro Correia no DN, José Sócrates aplaudiu ontem Pina Moura e declarou aos jornalistas, parafraseando Jesus Cristo: «Deixemos ao Estado o que é do Estado e aos privados o que é dos privados». Uma afirmação louvável. Se não soubesse o contrário, até julgaria que o nosso Primeiro tem aparecido nos Encontros dos Jerónimos sobre o papel do Estado-Garantia. Mas, já agora, poderia esclarecer-nos sobre que é, exactamente e na sua quase divina clarividência, «do Estado»?

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quarta-feira, abril 25, 2007

O país do ódio

O 25 de Abril trouxe a democracia a Portugal, depois de uma luta dos verdadeiros democratas que só foi vencida a 25 de Novembro de 1975, mas também muito ódio, que perdura até hoje, 33 anos passados. Ódios de classe, ódio a quem triunfa, a quem consegue viver melhor, a quem se destaca de um nivelamento por baixo. Ódio que está por todos os lados, nas empresas, nas universidades, nos meios culturais, entre os jornalistas, nos comentários, principalmente anónimos, da blogosfera. O ódio dessa esquerda revanchista foi hoje exemplificado pela abertura do túnel do Marquês. Nunca houve obra tão odiada em Portugal. Nem mesmo o Centro Cultural de Belém. A esquerda, que nunca aceitou ter sido derrotada numa Lisboa que achava que lhe pertencia, tudo fez para que a obra, que era apenas uma simples obra, não fosse avante e hoje parece que quer que haja um acidente lá, com muitos mortos, ou que se verifiquem engarrafamento quilométricos para mostrar que a odiada direita não tem o direito de ser escolhida pelos eleitores. O que fazer perante isto? Nada. Com o ódio não se discute. Ainda terão que passar muitos anos (outros 33?) para que este ódio desapareça.

A importância das boas maneiras


É importante saber ganhar. E é importante saber perder. Ribeiro e Castro não soube. Na hora da derrota, ao ser rejeitado em eleição directa por três quartos dos militantes do CDS, foi incapaz de sair de cena com elegância, ignorando por completo o seu adversário. Paulo Portas, goste-se ou não dele, merecia uma palavra de saudação: é essa a praxe em democracia. Se nem o velho CDS - institucional, cavalheiresco e conservador - respeita as boas maneiras, o que havemos de esperar do novo?

Fiquei curioso

O Daniel Oliveira, insuspeitíssimo de alimentar qualquer sombra de simpatia pelo PSD, diz aqui que o melhor discurso da sessão parlamentar comemorativa do 25 de Abril ("demolidor para Sócrates") coube ao social-democrata Paulo Rangel. José Medeiros Ferreira, também insuspeito, anota aqui algo semelhante. Fiquei curioso. O discurso (que não ouvi) deve ter sido mesmo bom.

A ler

1. "Sinais de fraqueza", do Rui Costa Pinto.
2. "25 de Abril, Sempre!", do Rodrigo Moita de Deus.
3. "Fusão dos hospitais militares", de João Miranda.
4. "Vigilância democrática", de José.
5. "Pedimos desculpa por esta interrupção, o 25 de Abril segue dentro de momentos", do José Adelino Maltez.

Só para saber


Mas vamos ter que gramar com este filme da treta todos os santos (perdão, laicos) 25 de Abril de cada ano, até ao fim dos nossos dias? Ninguém faz outro? Só para termos uma versão assim um bocadinho menos explicada às crianças do que esta, a dar-nos a versão limpinha da História como quem nos enfia a colherzinha de papinha na boca?

Democracia sempre

No dia 25 de Abril eu não festejo aqueles que nos queriam transformar numa Checoslováquia, numa Jugoslávia ou numa Albânia. Festejo (interiormente, claro está) aqueles que nos queriam transformar num país de democracia burguesa e ocidental, como o Mário Soares de então e Sá Carneiro e a sua Ala Liberal. Os anti-democráticos, à direita e à esquerda, já entraram para o caixote de lixo da história e não vale a pena perder tempo com eles. Aos que nos deram a verdadeira democracia, a esses todos os nossos agradecimentos e homenagens não são demais.

Música do meu tempo (10)


Tertúlia literária (174)

- Uma rosa é uma rosa é uma rosa.
- Vê-se logo que és socialista. Não sabes dizer outra coisa.

Ora verifiquem lá

Zeferino Boal? Com um nome desses têm a certeza de que foi o autor de uma denúncia anónima? A mim, parece-me mais pseudónima...

Avisos

Cavaco Silva usou o seu segundo discurso do 25 de Abril para apelar aos jovens portugueses: "não se resignem". Mas o discurso foi mais que isso. Quem o ler ou ouvir com atenção verá que estão lá três ideias fundamentais: este é o ano decisivo para arrancarem as reformas estruturais (é a segunda vez que o Presidente avisa), a comunicação social deve manter-se isenta e responsável (numa alusão ao caso Pina Moura?) e é importante que sejamos governados por "uma classe política qualificada". Isto para além de dizer que "não devemos ignorar que existem sinais de preocupação". Isto, muito mais do que repensar o "ritual" da comemoração do 25 de Abril, é para registar.
Para além de Cavaco, só Paulo Rangel mereceu ser ouvido. Com um discurso muito conseguido na forma e no conteúdo, o deputado do PSD pôs vários dedos na ferida: fala em "ameaças" e "nebulosas" que envolvem a democracia e denuncia as tentativas de o Governo "seduzir e influenciar a agenda mediática". Rangel acabou por reduzir a cinzas todos os outros discursos partidários. José Sócrates pode considerar que se tratou de "bota-abaixismo", que sinceramente não sei o que é, mas o que o deputado diz muita gente pensa e sente. Até hoje, que eu saiba, foi o único responsável do PSD a responder à letra àquele discursinho do primeiro-ministro no jantar dos 34 anos do PS, no qual José Sócrates falava na necessidade de uma "democracia decente". Rangel sublinhou que o problema da democracia formal está resolvido e que se vive hoje em dia num clima de "claustrofobia democrática".

Da arrogância e mesquinhez

Alguns comentários a este meu texto, reflectem quanto a mim uma incomensurável arrogância e mesquinhez. Eu explico: não sou jornalista nem historiador, e assim sendo esta foi uma abordagem à efeméride assumidamente intimista, obviamente subjectiva. Escusei-me deste modo a descrever experiências e FACTOS por mim vividos que guardarei para outros públicos. Limito-me a falar de sentimentos e sensações por mim vividos. Os meus sentimentos não são comparáveis qualitativamente ou quantitativamente com os de ninguém mais, foram tão só experiências pessoais únicas. Vivi esta revolução e não outra, através dos meus sentidos e não pelos de outros... naturalmente condicionado pela minha história e origem sociológica.
De resto no meu texto assumo a benignidade da revolução grosso modo, de um ponto de vista racional e pragmático. De todo egoísta, e garantidamente democrático. Como prova disso, recebam lá estes cravos escolhidos a preceito.

PS.: Caro João: Não sofro desse tipo de alergias, mas obrigadinho na mesma!

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Novo blogue da Atlântico

A revista Atlântico aproveitou o 25 de Abril (quem diria) para revolucionar o seu blogue. O layout é escorreito, com um bonito design e de leitura mais fácil.

A cinderela

O artigo de Rui Ramos no Público de hoje é de leitura obrigatória. Sob o título "Cinderela em S. Bento", o historiador diz coisas como esta: "O Governo sabe que a série de badaladas para a meia-noite pode começar assim, com os percalços de uma licenciatura. Quando os pajens voltarem a ser ratos e a carruagem uma abóbora, desta Cinderela talvez nem fique o sapatinho".

Facto geneticamente irrelevante

A minha mãe gostava muito do senhor
General Kaúlza de Arriaga.

À cautela

Se há coisa que não vou fazer hoje é ligar a televisão.

Nas colunas


«...Vamos armar os explorados
Nossos pais nossos irmãos
Com as armas que a burguesia
Colocou nas nossas mãos

Expropriar essas armas
Para o Exército Popular
Com a Classe Operária
gloriosa a comandar»
(cont)

Poema de Leonel Santos, música do Coro Popular «O Horizonte é Vermelho».
«VIVA A CULTURA DEMOCRÁTICA E POPULAR, PATRIÓTICA E CIENTÍFICA E DE MASSAS»!


e ainda

«Se conspira ou ameaça
se projecta intentonas
só há uma solução
tem de levar nas lonas
(...)
Se o ELP e companhia
nos querem lançar a rede
só há uma solução
encostá-los à parede»

LUTAR, VENCER. José Jorge Letria. Colaboração Instrumental de Hermann José, Júlio Pereira, Guilherme Inês e Rui Reis. (1975)

Devem ter sido tempos difíceis para quem tivesse o mínimo de ouvido para a música e um pendor para a prosa assim um bocadinho menos sanguinário. Ah lá isso devem!



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Foi (também) para isto que se fez o 25 de Abril


Feriado. Ninguém na estação de metro: sensação de tranquilidade absoluta. Mas não: puro engano. Logo uma voz feminina começa a debitar "notícias" do altifalante, com uma contundência digna dos feirantes de Carcavelos. À falta de melhor, fico a saber que "a oferta do BCP sobre o BPI foi lançada a treuze de Março de 2006." Que bom.

Mais um incontinente

João Vacas é a nova contratação dos Incontinentes Verbais, para mim uma das melhores “marcas” da blogosfera nacional, cada vez com mais “miolo”. Parabéns a todos, especialmente à empresária Mafalda pelo feito.

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Para o João, com amizade

Sabonete esfoliante anti-cravos, da Johnson.
Acho a recomendação de uso diário um bocado exagerada, passados todos estes anos.

terça-feira, abril 24, 2007

Esta festa não é minha

Mal terminada a festa, quando parecia conquistada a esperança, logo uma escumalha ressabiada e intolerante ocupou a praça, a estragar tudo. A turba em tons vermelhos e de punho erguido bradou à morte e incitou à guerra. A que chamavam luta. Iniciando então um impiedoso assalto ao poder que todos os dias nos roubava mais a liberdade. Então, a revolução de 74 abalroou a nossa vida, assaltou a casa dos meus pais. Para nos tornar em novos proscritos. Como foi possível tanto ódio?
Na época, eu era um imberbe e juvenil estudante, que por imitação do meu pai me tornara precocemente politizado e discursivamente assertivo. E foram muitas as angústias e apreensões vividas em família naqueles inesquecíveis tempos “revolucionários”.
Os sentimentos por mim experimentados na sequencia da revolução de Abril, as memórias que guardo daqueles protagonistas, as lembranças dos seus esgares e trejeitos fanáticos, das suas arbitrariedades e da minha total impotência, causam-me ainda hoje amargos sentimentos.
Reconheço na democracia conquistada a posteriori o melhor sistema político possível. Como cristão e democrata, bater-me-ei sempre com todas as minhas forças pela liberdade e pela justiça. Hoje como então.
Por mim, agradeço a liberdade pela qual afinal também lutei. Mas não me convidem para esta festa da qual fui excluído faz amanhã 33 anos.
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Ilustração daqui

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gabriel e o génio

Como bom português que sou, eu também gosto muito do Cristiano Ronaldo e acho que ele é dos melhores, ou mesmo o melhor, do mundo. Mas acabo de ver o Manchester-Inter e já não aguentava ouvir o "gabriel alves" que eles têm agora a fazer comentários na RTP a dizer que o Cristiano Ronaldo era um génio e a ver genialidade em cada toque que dava. A verdade é que, fora a cabeçada que deu golo e mais dois ou três remates e outros tantos passes, o génio teve um comportamento de fuçãozinho típico de um miúdo de 22 anos a quem passam a vida a chamar de novo Pelé ou Maradona. Em campo, de génio foram os dois golos do Kaká, o passe de Scholes (segundos antes do gabriel alves dizer que ele estava muito apagado) e o último golo do Rooney. Tomara que o Cristiano seja um génio, mas ainda tem muito que fazer para demonstrá-lo. E, sobretudo, não ouvir aos gabriéis alves cá do sítio e de outros sítios.
(Este post é um pouco injusto em relação ao verdadeiro Gabriel Alves, mas saiu assim)

E só daqui a umas horas...


...É que o dia vai começar assim aqui nas redondezas
(embora a modos que ligeiramente mais alto)

25 de Abril é já daqui a umas horas

E a mim também me alembra dos ferrolhos.

Terá ele (também) uma lágrima no canto do olho?

Não vejo o programa com regularidade, mas assisti certa vez a um compacto do «Só Visto» e, seja qual for o/a convidado/a, é certo que acaba num oceano de lágrimas depois de um flash back que é uma autêntica viagem a 300 à hora na auto-estrada da memória e sem portagens.
Amanhã, o convidado especial é Mário Soares. Estou expectante. Depois do seu papel no despontar da lágrima no canto do olho do nosso Primeiro, era só o que mais faltava.

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Água com picos

O Água Lisa chama-me "pitonisa da ciência política"; o Paulo Gorjão não discorda completamente, até dá de barato que os barrosistas "possam vir a ter um papel relevante na derrota interna de Luís Marques Mendes em 2008", mas parece-lhe que "o maior perigo, a emergir antes de 2009, será outro". Já agora, qual deles, meu caro Paulo? Os "perigos" são tantos... O J. M. Coutinho Ribeiro concorda com a minha opinião e compara-a com um post seu de há uns tempos.
São ecos de um post que até era para ser dos pacíficos. Estava longe de pensar que, por causa dele, me iriam chamar "pitonisa" na blogosfera. Logo eu. Esta é boa. O cartomante das águas com picos fique sabendo que não colecciono cromos há muitos anos, não mastigo pastilha elástica de boca aberta e não sinto as saudades que me atribuiu.

Música do meu tempo (9)


Happy Mondays - "Step On"

Defeso

O Pedro Arroja deixou o Blasfémias com uns cravos na lapela (quem diria), o texto mais curto que conseguiu escrever e 371 comentários (sim, leram bem, nem o blogue do Vasco e da Constança ia tão longe) na caixa do correio dos leitores. Sai, não se sabe muito bem porquê, nem a troco do quê. A mim nem me interessa, até porque vou continuar a ler o Carlos Abreu Amorim, o Rui Albuquerque, o João Caetano Dias, o João Miranda, o Gabriel Silva, a Helena Matos, entre outros. O 31 da Armada, sempre atento ao mercado, já lançou o isco ao homem...

Jornalismo de trincheira


Há entre os jornalistas muitos defensores do chamado “jornalismo de tendência” – isto é, dos jornais alinhados editorialmente com ideologias ou até mesmo com partidos políticos. Sempre fui contra isto. E o que tem vindo a acontecer com a imprensa espanhola só me dá razão. O El País e o El Mundo, os dois principais diários espanhóis, nunca foram tão alinhados politicamente – e nunca se desprestigiaram tanto por isso. O El País, que há muito revelava claras simpatias pelo PSOE, é hoje uma espécie de câmara de eco do Executivo socialista: nas suas páginas desfilam os membros do Governo, sempre apresentados como figuras dinâmicas, enquanto os editoriais escorrem ódio contra o principal partido da oposição, ao ponto de o jornal ter já apelado a uma insurreição nas fileiras do PP para depor o actual líder do partido, Mariano Rajoy. O El Mundo, que sempre se mostrou alinhado com o anterior Executivo de José Maria Aznar, faz agora cruzadas incessantes contra o Governo de Zapatero e os socialistas em geral, como se tem visto na cobertura do julgamento dos implicados nos atentados de 11 de Março de 2004.
Praticam ambos um jornalismo de facção: para sabermos o que realmente se passa em Espanha temos de ler os dois e fazer a síntese possível daquilo que publicam. Não custa vaticinar que se descredibilizem a curto prazo, talvez sem remissão. E não custa perceber que se este modelo ainda pode funcionar num vasto mercado de leitores, como o espanhol, seria um desastre completo em Portugal, onde é preocupante o número de pessoas que vivem permanentemente divorciadas dos jornais. O equilíbrio editorial, além de uma imposição deontológica, é também uma questão de simples bom senso. Há coisas que podemos e devemos importar de Espanha: o jornalismo de trincheira não.

Devoto do Governo

Vital Moreira, como não podia deixar de ser, aplaude a ida de Pina Moura para a administração da TVI. Presumo que também não lhe repugna que o ex-delfim de Cunhal e ex-ministro de Guterres acumule as funções de homem forte do canal de Queluz com a presidência da Iberdrola: na sua perspectiva, devem ser múltiplas missões de serviço público. Compreendo. Já acho menos compreensível que Vital compare o putativo mérito de Pina como gestor televisivo com os pergaminhos de Francisco Balsemão, o patrão da SIC. Nada a ver uma coisa com a outra, ó professor: Balsemão sempre foi um homem ligado à informação - desde os tempos do Diário Popular, na década de 60, passando pela fundação do Expresso, que dirigiu durante os sete primeiros anos de vida do maior (e melhor) semanário português. Pina Moura não tem credenciais neste domínio: é um homem de partido (primeiro foi fiel militante comunista, agora é um devoto socialista, professando uma fé sem mácula no Governo) e um ponta-de-lança dos interesses espanhóis, como o falecido professor Sousa Franco alertou, em voz bem alta, num célebre almoço no Pabe que acabou em manchete do semanário O Independente. Manchete já antiga, mas actual como nunca.