quinta-feira, abril 26, 2007

Estreia esta sexta-feira num Parlamento perto de si


Espera-se que o debate mensal de amanhã seja um pouco mais animado do que o costume. Pode ser que até venhamos a ter mais exercício do contraditório e menos vexame do primeiro-ministro em relação a um dos líderes da oposição. Marques Mendes, que falou como falou no caso Independente, que se prepare. José Sócrates deve avançar com as baterias todas e ainda por cima com aquela falta de chá que se lhe reconhece.
Mas amanhã a maior curiosidade irá residir na estreia de Paulo Portas no debate mensal, nesta sua nova versão. Portas terá muito para provar. Normalmente os regressos não resultam bem. À excepção de Francisco Sá Carneiro, ninguém na política portuguesa soube voltar com sucesso ao lugar que já antes tinha ocupado. No CDS pior ainda. O partido é exíguo, não tem grande base de apoio popular e perdeu o seu trunfo durante anos: a representação autárquica. Hoje em dia nem os senhores da terra votam CDS. Diogo Freitas do Amaral, para dar o exemplo mais flagrante, não foi feliz quando voltou ao partido, depois de em 1986 ter perdido por um triz a Presidência da República com a magnífica campanha do Prá Frente Portugal. Chegou ao Caldas e espalhou-se com a tese da equidistância, demonstrando que os 49% que tinha obtido contra Soares mais não eram do que os votos de Cavaco Silva - que este, de resto, iria arrebatar nas legislativas seguintes, de 1991.
A partir de amanhã, Portas terá de começar a provar por que razão resolveu remover José Ribeiro e Castro da liderança do partido. E deverá demonstrar que veio mesmo para fazer oposição ao "engenheiro" Sócrates. Porque em 1995, na altura ao lado de Monteiro, também fez campanha a dizer que o PP seria oposição a tudo e a todos e acabou essa legislatura (e a seguinte) a negociar orçamentos com Guterres por debaixo da mesa.
Já agora, atente-se a este cartaz e às pessoas que Portas foi eliminando ao longo dos anos (e não foram tantos assim) ou que, por sua iniciativa, se foram afastando... Do lado direito e do lado esquerdo, estão Maria José Nogueira Pinto (que saiu do partido), António Bagão Félix (que colaborou com Ribeiro e Castro, portanto deve pagar por isso), António Lobo Xavier (que foi dizendo umas verdades e que não terá gostado da forma como foram organizadas as directas), Miguel Anacoreta Correia (que substituiu Nogueira Pinto na CML e que foi vice do ex-líder) e José Ribeiro e Castro (ele mesmo, vejam bem). São muitos, não são? Quantos dos outros irá agora Portas usar e consumir do melhor que têm para dar à política, para depois os deitar fora pelo caminho?