sábado, abril 28, 2007

O teste final

1. A forma como irá lidar com a questão da Câmara Municipal de Lisboa é o derradeiro teste para a liderança de Marques Mendes. Concordo com Marcelo Rebelo de Sousa quando ele disse há meses que Lisboa era provavelmente o maior e o mais duradouro dos problemas que Mendes tinha para enfrentar. É verdade.
Para já, aquilo a que estamos a assistir é uma total ausência de discurso, de tacto de de sensibilidade política para lidar com o envolvimento de Carmona Rodrigues no caso Bragaparques. Mendes devia ter agido logo. As informações que dão conta da vontade do PSD em não realizar eleições na capital são um sinal ainda mais preocupante. A partir deste momento, é simplesmente impossível que não haja eleições em Lisboa. Não é só Carmona que está ausente, algures em parte incerta, é Fontão de Carvalho com o mandato suspenso, é Gabriela Seara com o mandato suspenso, é Maria José Nogueira Pinto que já não está lá, é aquele candidato do PS que se pirou para o Parlamento, farto das reuniões na CML até altas horas.
Marina Ferreira, por mais que o núcleo duro de Mendes queira, não pode ser presidente da CML. Não é a questão de ninguém saber quem ela é, a não ser parte da distrital de Lisboa do PSD. É a capital que não votou nela. Nem ontem, nem nunca. Que se saiba, a senhora só foi candidata por duas vezes em secções locais do PSD e perdeu das duas vezes. Não pode estar à frente da CML. Não tem legitimidade democrática e se Marques Mendes for por aí estará a dar a machadada final na sua liderança do partido.

2. A haver eleições em Lisboa, quais serão os candidatos do PSD? Dizem-me que Mendes terá sondagens com testes a vários nomes e que o único capaz de obter um bom resultado, segundo o estudo, é o de Manuela Ferreira Leite. Que não será candidata. Portanto, quem resta? Poucos. Para mim, a única solução e a mais óbvia será Paula Teixeira da Cruz, uma mulher inteligente e com garra, capaz de disputar o palco a António José Seguro, João Soares ou Mega Ferreira. Mas não acredito que esteja interessada. O próprio Mendes não poderá ser candidato, pois daqui a dois anos, na sua óptica, será candidato a primeiro-ministro. Mesmo que fosse, o resultado seria um desastre. Pedro Passos Coelho? Cortou com Mendes e, segundo se diz, não quer ter nada a ver com a actual solução. Fernando Seara? Não me parece que seja homem para deixar Sintra e entrar numa luta imprevisível por Lisboa, mas logo se verá. António Capucho? Um homem sério, mas também não irá trocar o certo pelo incerto.
Ou seja, Mendes terá a vida muito complicada nos dois casos. Quer decida ficar com Marina Ferreira, quer não tenha outra solução senão as eleições, porque não irá conseguir arranjar um bom candidato.