sexta-feira, abril 27, 2007

Notas sobre o debate parlamentar (I)


1. Marques Mendes passou os últimos dias a bradar contra José Sócrates nas questões da Universidade Independente e da ida de Pina Moura para a TVI. Na hora da verdade, no debate mensal desta manhã no Parlamento, o líder do PSD meteu a viola no saco. Sobre a Independente, nem um sussurro. Sobre a TVI, só falou depois de Sócrates o ter desafiado para o efeito. Saiu mal no retrato.
2. O primeiro-ministro esteve bem neste regresso ao Parlamento após ter andado semanas acossado na questão da sua formação académica. Jogou ao ataque, falou com desassombro, confirmou que é um "animal feroz" na arena parlamentar. Era até desnecessária aquela sessãozinha de aplausos em pé com que a bancada socialista o brindou após a intervenção inicial. Bem fez Manuel Alegre, que nesse momento se manteve fora do plenário. Apoio político é uma coisa, fazer vénias ao chefe é outra.
3. Mendes estava nervoso. Percebe-se porquê: o regresso de Paulo Portas à primeira linha do debate parlamentar, anunciado em sucessivos títulos da imprensa, levou o líder laranja a acentuar o tom agressivo para marcar terreno. Disparou contra Sócrates um arsenal de qualificativos desabonatórios - de prepotente a caprichoso, de arrogante a insensível. Não havia necessidade: afinal Portas foi muito mais tolerante para o PS do que os sociais-democratas receavam. Na sua última prédica dominical, Marcelo Rebelo de Sousa já tinha avisado que tudo se passaria assim...