quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Miss Marple



Hoje, na RTP 1, às 00.45, mais uma aventura da Miss Marple: "4.50 From Paddington". Em Portugal, o livro está traduzido como "O estranho caso da velha curiosa".

Os apreciadores do género deverão estar lembrados da forma como começa o livro: A Sra. McGillicuddy, que se encontra numa comboio que estava a abrandar a velocidade, vê uma mulher ser estrangulada no interior de uma carruagem que circulava em sentido contrário.
Sem mais testemunhas nem o aparecimento de nenhum cadáver, só mesmo a simpática e metediça Miss Marple para desvendar o crime. Para mim, um dos melhores livros da Agatha Christie.

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Sabem que mais?

Eu a partir de agora até podia passar a ser politicamente correcto e só dizer o que me permitir a cartilha da boa consciência democrática e igualitária que hoje se manifestou aqui. Até a minha outra significante já me invectivou. Mas não me apetece. Não estou aqui para levar esta coisa a sério. Sou aquilo a que se convencionou chamar um comic relief. Se ainda não perceberam isso, não têm lido com atenção este vosso criado nos últimos meses. Dito isto, reafirmo tudo o que escrevi e confesso que me diverti muito com este verdadeiro tema fracturante. Obrigado a todos.

Brevemente no Museu Nacional de Arte Antiga

Políptico do Convento de Clarissas de Wroclaw, 1350-1360
Exposição :O Brilho das Imagens.
Pintura e Escultura Medieval do Museu Nacional de Varsóvia (séculos XII-XVI)
1 de Março a 17 de Junho de 2007
(via Da Literatura)

Ó menino Luís


Não leve a mal mas eu cá considero que, nestas coisas como nas outras,
o menino João é que tem razão.

Faltava aqui a esquerda moderna




O post do João sobre as conversas femininas provocou justa indignação do povo anonymous em torno do uso (considerado leviano) do termo criada. Considero que se trata de uma tempestade em copo de água tépida, mas a violência de alguns comentários fez-me pensar sobre essa antiga instituição da criadagem de casa. Os ingleses conseguiram transformá-la em interessantes produtos televisivos (lembram-se da série da Família Bellamy?), onde também surgia o retrato benévolo que o João tentou fazer. Na sala de espera de um consultório médico que tenho frequentado há uma televisão ligada na TVI e tive a oportunidade de observar novelas portuguesas que passam a meio da tarde: há sempre umas empregadas de casa (ou criadas de servir, como escrevia um anonymous) sempre muito boazinhas, que gostam muito dos "meninos" e que os ajudam a superar um qualquer mau na família (ou adjacentes), geralmente a prima afastada que, forçada a um empobrecimento súbito, tem de servir o bem público familiar e o faz com excesso de zelo que, mais tarde na história, será devidamente castigado (presumo eu). Curiosamente, os meninos são todos loirinhos, e as casas são eenooormes, pecebeu?
Francamente, acho que tudo isto não passa de uma visão ideológica (e extremamente falsa) do povo português e da realidade contemporânea.
As criadas de servir tinham algum sentido numa determinada economia, que antes do 25 de Abril já não existia. Era uma coisa rural e um anacronismo que as famílias ricas do país ainda mantinham, sobretudo pelas aparências. Como dizia alguém num comentário, este sistema só podia existir porque estas mulheres não tinham qualquer instrução nem perspectivas de vida. Muitas ansiavam por um casamento que lhes desse alguma liberdade. De resto, dependiam da boa vontade da família que as sustentava e para quem trabalhavam, nesse sistema paternalista que o João descreve.
Mas o mundo mudou, parece. Hoje, a economia das famílias (mesmo dos ricos) não permite sustentar um sistema como aquele. Agora, as mulheres pobres tentam obter uma instrução. O serviço de casa é feito sobretudo por imigrantes, em regime de part-time. É disso que as mulheres falam no cabeleireiro, porque é um sarilho arranjar empregada. As mais honestas e que trabalham melhor, exigem os seus direitos e fazem-se pagar. Existe um mercado no serviço doméstico, onde funciona a lei da oferta e da procura. E está a surgir um novo mercado, o do acompanhamento de idosos, que é bem pago e exige qualificações, nomeadamente algumas noções de enfermagem e uma dura couraça de paciência.
Enfim, acabou o tempo das virgens saloias que vinham servir lá em casa, que mal podiam namorar e que acabavam solteiras e velhas, encalhadas no serviço das famílias abastadas. O seu desaparecimento não tem nada a ver com o 25 de Abril, mas com as mudanças sociais e económicas que já estavam a acontecer antes (a Revolução apenas acelerou o processo). Por isso, não discutam o que não existe.

Provavelmente a mais bela actriz de sempre


Elizabeth Taylor acaba de festejar 75 anos. Mas nos filmes que fez, e foram muitos, será eternamente jovem. E de um talento ímpar, como demonstrou em Bruscamente, no Verão Passado (1959), de Joseph L. Mankiewicz. A imagem é desse filme. Inesquecível.

Tertúlia literária (147)

- Qual é o seu livro de cabeceira?
- Gostava, mas não tenho.
- Não tem porquê?
- Não tenho mesa de cabeceira.

Cachimbada pela paz


Criadas, criadas sim!

Inexplicavelmente, o meu post sobre conversas de criadas descambou para o 25 de Abril por causa da expressão em causa. Esta mania de que a designação «criadas» é pejorativa assenta na falta de chá em pequenino de pessoas cuja educação não teve – o que não é culpa delas – o enquadramento necessário para entenderem que, longe de ser insultuosa ou pedante, a palavra é a que melhor designa o que sucedia com essas pessoas. E o que sucedia é muito simples: Elas criavam e eram criadas num lar de família e a família crescia em conjunto com elas. Chamavam-nos meninos, não importando a idade que tínhamos. E nós tínhamos por elas uma relação de amor, respeito e carinho que o termo em causa apenas estreitava. O fim da palavra «criadas» foi uma conquista de Abril? Querem que lhes chame assistentes de limpeza? Não me chateiem e se, não comem a sopa, ainda vos levo à Intersindical.

Mudar de vida

Ontem de passagem pela rua D. Pedro V, no meio de alguma agitação entre os transeuntes, notei uma anormal quantidade veículos multados e “bloqueados” pela EMEL. Ao contrário do João Gonçalves, confesso que tenho altas expectativas quanto à definitiva implementação da ordem no parqueamento automóvel em Lisboa. Por mim, nunca me conformei com a anarquia e o caos reinante no estacionamento. Considero aliás este fenómeno uma praga terceiro-mundista, a qual como outras, nos habituámos a conviver naturalmente sem questionar. Até quase acreditarmos que esta manhosa relação com as regras seja uma inevitabilidade inscrita nos nossos genéticos traços latinos. Eu sou português, considero-me tolerante, bem latino e emocional, mas não sou parvo. Não aceito esbarrar diariamente com um automóvel estacionado bem no centro passeio da rua Barata Salgueiro, onde eu trabalho. Não me parece justo, depararmo-nos com o trânsito nessa mesma via todo empancado, por causa duma amélia, que em plena hora de ponta estaciona a viatura em segunda fila para tomar um cafezinho na pastelaria junto aos semáforos. Ou quando algum manuel estaciona em segunda fila ao fundo da Alvares Cabral para ir ao Multibanco… Ou ainda quando se estaciona caótica e impunemente em redor dos centros comerciais, casas de espectáculos e estádios de futebol por mera rebeldia ou para poupar uns cêntimos. Isto não se deve à falta de transportes públicos ou parques de estacionamento é mesmo falta de regra, falta de educação.
Finalmente, e dadas as actuais circunstâncias da CML esta “mudança” parece-me reflectir coragem, merece o meu aplauso e espero que se torne norma. Por mim, eu aprovo este “ataque às liberdades individuais” de alguns "chicos-espertos"ou "portugueses pequeninos", que não enxergam onde acabam os seus direitos e começam os dos outros.

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Conversas Cri-Cri


Isto vai soar como uma afirmação radical e surpreendente, mas as mulheres não são todas iguais. É verdade. Há pelo menos dois grupos: As que gostam de conversas Cri-Cri e as que não as suportam. As conversas Cri-Cri reúnem dois temas interligados de forma umbilical no quotidiano feminino. Ou seja, as crianças e as criadas. É inacreditável o tempo infinito que duas ou mais mulheres podem dedicar aos fenómenos gástricos ou às questões escolares dos seus rebentos e às idiossincracias das suas empregadas domésticas. Demora, pelo menos, o tempo de um jogo de futebol com prolongamento até aos penalties.
Mulheres de um e outro grupo têm severas dificuldades de comunicação e raramente se misturam. Por vezes, uma solteira sem filhos e sem criada do segundo grupo vai parar a um jantar daqueles «com arranjinho» organizado pelo primeiro. O que ela sofre, Santo Deus!, entre tantos esforços para normalizá-la, salvá-la e dotá-la de uma capacidade discursiva adequada sobre o Sagrado Coração de Maria ou o Liceu Francês e as ordens a dar para garantir roupa adequadamente lavada ou passada a ferro.
Teóricos da conspiração e defensores do Gato de Schrödinger (obrigado à ni pelos tremas) diriam que essas conversas só existem para eu as ouvir (ou não ouvir as outras) e que - quando qualquer presença masculina está ausente - as mesmas mulheres falam de assuntos interessantes e relacionados com o «quotidiano das pessoas», como sexo sem homens ou as demissões no DN. Não acredito nisso. Tenho as minhas fontes. E sei que as conversas Cri-Cri não só existem como duram, e duram, e duram.

Cara Rita Ascenção

A Rita coloca em comentário no post anterior a questão do silêncio do Corta-Fitas relativamente à demissão da direcção do Diário de Notícias e pergunta se é uma questão de «falta de coragem para defender os colegas».
Parece-me evidente e natural que o facto de vários autores deste blogue serem jornalistas no DN os impeça de fazerem quaisquer comentários sobre esse assunto, e que carece de sentido falar em «solidariedade, luta e greves» no caso em apreço. Se tivessem demitido o meu Director-Geral, também não seria aqui que abordaria o assunto com toda a certeza.
Por outro lado, pessoas como eu que não trabalham no DN poderiam ter escrito sobre o tema, dirá alguém (ou dirá a Rita). Não me parece. Aqui no Corta-Fitas tem cada um de nós a liberdade de escrever o que bem entende, mas não tem – obviamente – o direito de comprometer outras pessoas com as suas opiniões o que, neste caso, poderia suceder.
Além disso, e ao contrário da Rita, não considero que as referidas demissões sejam um tema «que aflige as pessoas no quotidiano». Aliás, creio que as pessoas no quotidiano se estão bem nas tintas para quem dirige o DN ou aliás outro qualquer jornal ou revista. Em suma, uma coisa é certa: Aqui no Corta-Fitas não há «falta de tomates» (para citar eruditamente o nosso AJJ). Mas também não há falta de juízo e senso comum.

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terça-feira, fevereiro 27, 2007

Scorsese não merecia isto

A Academia de Hollywood acaba de cometer uma injustiça histórica: concedeu a Martin Scorsese um "prémio de consolação" em forma de Óscar de Melhor Filme e Melhor Realizador de 2006, distinguindo uma fita menor do autor de Taxi Driver e O Touro Enraivecido. Isto no ano em que Clint Eastwood realizou o díptico As Bandeiras dos Nossos Pais/Cartas de Iwo Jima, já um grande marco da Sétima Arte - indiscutivelmente superior ao mediano Entre Inimigos, com um Jack Nicholson em permanente overacting. A mesma batalha vista pelos antagonistas, em duas películas diferentes (uma das quais, a mais notável, falada em japonês), constitui uma proeza cinematográfica ímpar - mais uma a somar à excepcional carreira de Eastwood, anteriormente galardoado com Óscares de melhor realizador pelos filmes Imperdoável (1992) e Sonhos Vencidos (2004). Scorsese é um excelente cineasta, que já merecia ter sido distinguido pela Academia. Mas o que agora sucedeu em Hollywood é de uma miopia ao nível da que impediu de ascender ao Óscar obras-primas do cinema como Citizen Kane, de Welles, Janela Indiscreta, de Hitchcock, Horizontes de Glória, de Kubrick, ou A Desaparecida, de Ford. Enfim, um disparate sem nome. Scorsese não merecia isto.
Imagem: fotograma de Cartas de Iwo Jima

Postais blogosféricos

1. O Insurgente, como já aqui assinalou o João Távora, festejou o segundo aniversário. Com a qualidade de sempre. Motivo para daqui enviar um abraço a todos quantos lá escrevem, em especial ao André Azevedo Alves e ao Adolfo Mesquita Nunes.
2. Também um abraço de parabéns ao José Nunes, pelo primeiro aniversário do seu apreciado blogue, Os Dedos.
3. Estes Momentos é nome de um blogue que recomendo. Porque gosto da embalagem e também do que lá se escreve.
4. O Homem a Dias, de Alberto Gonçalves, passa a figurar na nossa barra lateral. Por mérito próprio. E já vem tarde...
5. Bruno Vieira Amaral e Henrique Raposo escreveram na Atlântico este texto que subscrevo por inteiro. Sobre Martin Scorsese e os Óscares.

Isto queriam vocês

Modernices


Desculpe lá João, mas isso da Compal Edição Limitada Bravo de Esmolfe nem sei o que é. Um verdadeiro conservador não hesita perante o clássico Sumol de laranja ou ananás, a farinha Pensal, bolachas Maria, manteiga Primor, sabonetes Lux, shampoo Johnson para bebé, leite ucal ou creme Nivea. O resto, são modernices.

Acho que deixei um javali ao lume

A fim de página convida,

Conversas em Volta
debates e tertúlias
Fórum Municipal Romeu Correia, Almada

Casamento entre pessoas do mesmo sexo
27 Fev. 2007, Terça - 21.30h
Participantes: Miguel Pinto e Paulo Côrte-Real, Associação ILGA Portugal

«Vários governos por todo o mundo têm vindo a alterar a lei por forma a permitir o acesso por parte de casais homossexuais ao casamento civil. Em Portugal, e apesar de a Constituição proibir a discriminação com base na orientação sexual, o Estado continua a não permitir que gays e lésbicas se possam casar, negando deste modo aos casais de homossexuais os mesmos direitos de que usufruem os casais heterossexuais.
No entanto, a discussão está lançada e importa conhecer as razões que estão na base da reivindicação da igualdade no acesso ao casamento civil para casais de gays ou de lésbicas.
Por que é que esta questão é vista como "fracturante"? Por que é que esta discussão é tão central nas democracias europeias? Qual o seu papel na luta contra a homofobia? Quais as diferenças entre casamento e união de facto? Qual a importância do casamento para gays e lésbicas»?
As minhas respostas: a) Não sei, mas perguntem ao Sócrates. b) Ah é!? c) O meu? É colocar posts como este. d) Não sei bem, mas acho que no segundo caso não há padres. e) Isso bem gostava eu de saber, mas não o suficiente para vos ouvir.

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Uma cerveja no inferno


É em frente às prateleiras de um supermercado que me descubro conservador. Para mim, uma água é uma água (de preferência Luso), um sumo é um sumo (de preferência o Compal Edição Limitada Bravo de Esmolfe) e uma cerveja é uma cerveja. Quem não acredita nisso são as actuais mentes brilhantes que, hoje em dia, parecem possuidas por uma coisinha má e desenvolvem cruzamentos «genéticos» que nem ao Dr. Frankenstein lembrariam. Agora, foi a San Miguel que se lembrou de uma cerveja sem álcool com sabor a chá de limão. Uma quê? Pois. Isso que leram. Alguém por favor que explique aos senhores que uma beberagem gaseificada a saber a limão não é uma cerveja. Uma limonada talvez. Uma boa mxxda de certeza. Mas uma cerveja é que não.

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Pois, assim não admira

«Há uma antipatia generalizada pelo cinema nacional», diz o realizador Miguel Gonçalves Mendes. Quem é ele? Não sei. É algarvio e o filme chama-se «Floripes». Ora eu não vi a obra e admito que possa ser muito boa e de grande qualidade. Mas com um nome destes? Que raio de título mais menino da mamã é «Floripes»? Como é que um filme chamado «Floripes» poderá alguma vez ser um blockbuster? Chamem antipático a quem quiserem, mas assim não vão lá.
E aqui temos uma notícia com origem na Lusa: «Realizadores portugueses concordam com Óscar para Scorsese». Ah é? Todos? Espera aí, parece que não, o lead diz «diversos». Olha, depois de lida a notícia afinal foram dois.

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O cobrador que se segue

O Director-geral dos impostos, Paulo Macedo, vai mesmo abandonar o cargo. Para o seu lugar, de acordo com os nossos comentadores e incluindo Marcelo, deverá ir alguém capaz de prestar o mesmo serviço ao País, mas mais baratinho (cerca de cinco mil euritos) porque se trata de servir a causa pública. Tendo isso em conta sugiro que, para a sua substituição, o Ministro das Finanças procure saber qual foi o cobrador do fraque que melhores resultados alcançou em 2006. (Embora, mesmo neste caso, não esteja certo que - juntando as comissões - não ganhe um pouco mais do que isso).

Parabéns a você

Parabéns ao elegante e mordaz O Insurgente por mais um aniversário. É um dos meus blogues de eleição com visita diária obrigatória.

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Venham mais reformas, Sr. Engenheiro!

Para que se enfrentasse um dos mais paradigmáticos ex-libris do Portugal moderno, o mercado de arrendamentos imobiliário, o governo Sócrates engendrou a seu tempo uma profunda reforma às leis que o regulamentam. Calculavam-se à data que eram mais de trezentos mil os contratos caducos potenciadores da falência dos senhorios, da derrocada de edifícios e da especulação imobiliária. Segundo noticia o Diário Económico, o governo Sócrates, promoveu 3 revisões de contratos 3, ao fim de dez meses da publicação da sua excelsa e intricada lei.
Ou seja, depois de tanta berraria, ficou tudo na mesma.
Mesmo assim tenho curiosidade em saber como a central de propaganda do governo capitalizará a seu proveito esta notícia.

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segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Em boas mãos

O Corta-Fitas na noite dos Óscares, com uma grande salva de palmas para a apresentadora.
E quanto a estas duas meninas, alguma coisa a dizer?


Estes rapazes também me pareceram muito bem. Pelo menos, não abriram a boca. A avaliar pelos discursos e apresentações, o aquecimento global deve ser um actor fantástico.

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Doutor, serei normal?

Apenas um em cada cem portugueses transporta consigo um «megapénis».
(Sem foto, porque até para mim a indecência tem limites :)

Bacalhau e chocolate

Jantar a 3,5€? Com filme à pala? Quando a esmola é muita o pobre desconfia, mas não deixa de aparecer. Quanto ao título deste post, é só para comprovarem que não tenho nenhum preconceito contra o nosso amigo, seja ele seco e salgado ou fresco.
(Ah, onde fica isto? Na Rua dos Bacalhoeiros, 125)

domingo, fevereiro 25, 2007

Ler os outros

O Super-Portas de João Gonçalves no Portugal dos Pequeninos. A ver vamos ao que estamos destinados já que “de invertebrados já estamos razoavelmente servidos, graças a Deus”.

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Crise? Que crise?

Palavras de Vital Moreira, na Causa Nossa. Fica-me a dúvida: o ilustre professor coimbrão anda muito distraído, passou os últimos dias fora do País, num local remoto como Baku ou Abidjan, ou fez greve à leitura de jornais para redigir estas linhas tão oficiosas que talvez nem o próprio José Sócrates subscrevesse por inteiro?

Só faltam 5 dias...

... para os concertos genesianos dos Musical Box na Aula Magna. Veja-se a banda nestes excertos em 2005, com um convidado especial: o próprio Phil Collins a fazer aquilo que sempre soube fazer bem: tocar bateria e cantar o coro.

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Impressões musicais (10)


Low, de David Bowie (1977), é sem dúvida um dos discos da minha vida. Com o cantor/compositor no auge da sua criatividade, e com a incontornável e benigna marca Eno, este álbum é um verdadeiro tratado de música Rock. No lado A deste disco verdadeiramente "bipolar" apresenta-se do mais puro Rock n’ roll: são sete melódicas esculturas musicais, temas rápidos, simples e sem divagações, batidas por uma percussão áspera e pragmática. As palavras são incendiárias e insinuantes. No lado B, apresentam-se quatro belas e misteriosas peças instrumentais, criadas para a banda sonora do filme “O Homem Que veio do Espaço” de Nicolas Roeg. Qualquer destes temas de música electrónica é uma lição de chamado Rock Progressivo, à atenção de tantas pretensiosas bandas do género existentes naquela época.
Quantas longas e preguiçosas horas passei eu de cabeça bem no ar, meio perdido no caminho, com Low a rodar? ...

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"A shift in values ?"


Parece-me uma boa altura para escrever sobre a Rainha: o frio que está lembra o saco de água quente e o robe com que Isabel apareceu na noite em que tomou conhecimento da morte de Diana. Como Balmoral deve ser frio mesmo em Agosto....
Tenho pouco a acrescentar ao que se tem escrito, mas a "minha" Rainha tem muito mais do que isso tudo: os saltos dos sapatos sempre do mesmo tipo, a altura dos vestidos, o clássico Barbour, os foulards com motivos equestres, o tradicional Land Rover e a preocupação com o chá que arrefecia enquanto o mundo lhes parecia cair em cima:
Prince Philip: Your tea is getting cold!
E claro, as celebrities (who??), um notório desprezo pelas celebridades. Mesmo sem já pertencer à família real, Diana pertencia à selecta e selectiva família das celebridades, enredada em exclusivos, sempre com o melhor sorriso onde quer que estivesse o flash de uma revista de referência, como escreveu o antigo director da revista Hola espanhola.
Prince Philip: Elton John wishes to sing at the funeral. Should be a first for Westminster Abbey.
Elizabeth entra num outro "paradigma", como aliás é referido no filme: a fúria modernizadora enquadrada pela "revolução" que um jovem Trabalhista prometia ao velho Império.
Do filme retive dois aspectos absolutamente deliciosos: quando o seu Chefe de Gabinete (?) a foi informar de que as flores estavam a impedir a realização do render da Guarda no local centenário, a solução da Rainha foi mandar retirar as flores, pura e simplesmente. Não lhe ocorreu sequer que o render da Guarda se pudesse realizar noutro local.
E a cena nas cozinhas de Balmoral, quando a rainha acede à sugestão do Primeiro Ministro para a realização de um funeral de Estado, semelhante às cerimónias do planeado funeral da Rainha- Mãe. Aliás, fantástica a forma como a própria refere o seu funeral:
HM The Queen Mother: Charles, dear, use the royal flight. They keep one plane on permanent stand-by, in case I should kick the bucket.
Afinal, a Rainha sempre conheceu o seu povo e o que este esperava dela, como aliás concluiu um recente estudo da BBC sobre a semana após a morte de Diana. Como Eurico de Barros refere, a Rainha não estava enganada e interpretou melhor " o verdadeiro sentimento popular britânico em altura de comoção geral do que Blair e os media": "Enterrar Diana em sossego e com dignidade. É por isso que o resto do mundo nos admira", teriam sido as suas palavras.
Para nós, que estavamos longe e observávamos tudo aquilo com enorme perplexidade, a expressão do Príncipe Filipe foi a mais óbvia:
Prince Philip: Sleeping in the streets and pulling out their hair for someone they never knew. And they think we're mad!
Não me parece que o Príncipe Carlos se saia muito bem no filme, mas suponho que ele já esteja habituado a ser substimado: já leva em cima muitos anos de incompreensão e depois ninguém morre de amores por ele. Não falo da Camilla,claro.
Vai muito bem o Sr. Blair e esteve à altura das circunstâncias. Mas douradinhos para o jantar, Mrs. Blair? E o Oliver teria gostado? Sobre a "moderna" Mrs. Blair tenho pouco a dizer: previsível, péssimo gosto e algo desarrumada.
Irrepreensível, a Helen Mirren.
E quando o PM exclama: Will someone please save these people from themselves!, basta ver o filme para responder : Not yet Mr. Blair. Not yet.

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Yes, my Lord?


Bill Gates and Steve Jobs square off in the clean white virtual world of the iconic Mac ads.

Bill: What's that?
Steve: It's an iHouse!
Bill: But there's no windows!
Steve: EXACTLY!

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Finalmente sobre AJJ…

Não aprecio o seu estilo. Mas Alberto João Jardim mesmo assim parece-me preferível a qualquer dos seus envernizados opositores.

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Domingo

(1º da Quaresma)

Evangelho segundo S. Lucas 4,1-13.

Cheio do Espírito Santo, Jesus retirou-se do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, onde esteve durante quarenta dias, e era tentado pelo diabo. Não comeu nada durante esses dias e, quando eles terminaram, sentiu fome. Disse-lhe o diabo: «Se és Filho de Deus, diz a esta pedra que se transforme em pão.» Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: Nem só de pão vive o homem.» Levando-o a um lugar alto, o diabo mostrou-lhe, num instante, todos os reinos do universo e disse-lhe: «Dar-te-ei todo este poderio e a sua glória, porque me foi entregue e dou-o a quem me aprouver. Se te prostrares diante de mim, tudo será teu.» Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto.» Em seguida, conduziu-o a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: «Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo, pois está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, a fim de que eles te guardem; e também: Hão-de levar-te nas suas mãos, com receio de que firas o teu pé nalguma pedra.» Disse-lhe Jesus: «Não tentarás ao Senhor, teu Deus.» Tendo esgotado toda a espécie de tentação, o diabo retirou-se de junto dele, até um certo tempo.

Da Bíblia Sagrada

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Por vezes, o topo do mundo é também o seu fim

E 1

e 2

e 3

sábado, fevereiro 24, 2007

When I was just a little boy



Ray Evans, um dos meus compositores favoritos de músicas para filmes, acaba de falecer, com 92 anos. Hollywood deve-lhe algumas das partituras mais famosas de longas-metragens, incluindo a celebérrima Mona Lisa, que deu a volta ao mundo na voz de Nat King Cole. Nunca vi o filme que lançou esta canção (Captain Carey, USA, com Alan Ladd, 1950). Mas vi vários outros que imortalizaram o talento musical de Evans - com destaque para O Homem que Sabia De Mais (Alfred Hitchcock, 1956), em que Doris Day cantava o célebre tema Que será, será (de Evans, em parceria com o letrista Jay Livingstone, seu parceiro de muitos anos). When I was just a little boy / I ask my mother what will I be...

Mas a música dele que mais vezes trauteio é a da série televisiva Bonanza, que seduziu duas gerações de espectadores: inesquecíveis, os primeiros compassos deste tema. Mal os ouço, sinto-me transportado à mais remota infância. Este é um dos prodígios da boa música popular. Thanks so much, Mr. Evans!

Videoteca (1)


Quem sabe o mal que se esconde no coração dos homens? O Sombra sabe. E David Lynch também. A prova, caso ainda fosse necessária, é este negro, muito negro Estrada Perdida. Um filme que, se não atinge as alturas de Veludo Azul, ultrapassa em sexta velocidade os infelizes últimos dias de Laura Palmer.
O mais próximo que o realizador esteve de definir esta sua obra foi quando lhe chamou “uma fuga psicogénica”. Por um lado, diz ele, quem sofre desta doença cria na mente uma identidade totalmente nova. Por outro, tal como numa fuga em sentido musical, aqui começamos a caminhar numa direcção, evoluímos para outra totalmente diferente e regressamos enfim ao ponto de partida. Dito assim, até parece coerente. Mas, como acontecia com a esperança no inferno de Dante, os que aqui entram abandonam toda a lógica. Mergulham numa espiral em que o Tempo e o Espaço são tão lineares como uma fita de Moebius, o símbolo do infinito desafiador das topologias.
Em Estrada Perdida temos todas as obsessões de Lynch. O opressivo e constante chiaroscuro, as cortinas vermelhas, as lareiras de ominosas labaredas, a sinistra personagem inter dimensional...O Hitchcock de Vertigo está presente na dupla figura de Patrícia Arquette, mas também a Los Angeles Confidencial de James Ellroy num cenário onde - apesar dos telemóveis e das câmaras de vídeo - tudo nos situa em plenos anos cinquenta. E ainda ficamos com grande parte do film noir, e Jung, e Lewis Carrol. Mas, acima de tudo e de todos, com o próprio Lynch. Estrada Perdida é uma ruptura ontológica a ser experimentada e não explicada. Podemos ouvir alguém ao telefone e ele estar também à nossa frente, podemos ver o futuro mesmo aquele que não acontecerá. Presenciamos cenas de sexo tentadoramente animalesco e brutal e cenas de sexo aterradoramente belo, iluminando o deserto com partículas de luz. Quem é quem afinal? E quem somos nós, os espectadores dominados e encarcerados também nos nossos inconfessados segredos? Não o saberemos jamais.
Para além da fotografia arrebatadora de Peter Deming, da perturbante banda sonora de Badalamenti mas também de Lou Reed, Nine Inch Nails e This Mortal Coil, para além dos planos e das cenas nunca explicadas e que somos incapazes de entender sem recurso a hipnose regressiva, Estrada Perdida é um aviso a quem deu este realizador por arrumado. David Lynch regressou, igual a si mesmo. Que é como quem diz, muito diferente de todos os outros.
(Excerto de crítica inicialmente publicada no O Independente. Se gostarem, a Videoteca regressa no próximo sábado)

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Tertúlia literária (146)

- "As armas e os barões assinalados." Quem escreveu?
- Essa é fácil: foi o Ary dos Santos. Só não me lembro se foi a Simone a cantá-la no Festival.

Postais blogosféricos

1. Um blogue de que sempre gostei, o Tristes Tópicos, entrou no segundo ano de vida. Parabéns, Helena.
2. Também o Pedro está de parabéns: o seu Estado Civil ultrapassou as 500 mil page views. Merece registo.
3. Gosto de visitar este blogue, também por causa do nome que lhe serve de mote. Nunca tive receio de raios. Nem de Coriscos.

Momento Vasco Granja

Ou o comunismo explicado às criancinhas. Brilhante. O homem da voz off parece drunfado, ou então está tão acordado como eu a esta hora da matina. Enjoy.

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sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Não há só gaivotas em terra

Morreu há 20 anos o homem que, a cantar, nos deu esta imensa lição de vida: "Vejam bem / Que não há só gaivotas em terra / Quando um homem se põe a pensar." José Afonso. O mesmo que é diariamente assassinado pelas estações de rádio "de referência" que o ignoram sem vergonha nem remorso. As mesmas que hoje fingiram homenageá-lo pondo no ar alguns minutos da sua música, que em qualquer outro país estaria a pulsar em permanência nas ondas hertzianas.

E porque vamos de fim de semana...

Fascinado com as tarefas domésticas, o meu marido resolveu lavar uma camisola dele. Um bom bocado depois de ter chegado ao pé da máquina de lavar, gritou-me de lá:
- "Que programa de lavagem é que devo usar na máquina?"
- "Isso depende," respondi-lhe, "...o que é que diz na camisola?"
Ele gritou outra vez, muito feliz, a resposta:
- "Mantorras."!!!!!
(Recebida por mail)

Festival Canção De R T P - History

(Obrigada)

Isabel, isabel...

...As outras não sei, que não fui que a escolhê-las, mas aqui a Penélope Cruz sabe muito o que é o Corta-Fitas, diz coisas muito inteligentes (embora eu às vezes esteja distraído e não as ouça) e, quanto ao Winston Churchill, é tema que não discutimos na intimidade. E estou certo de que o João Távora também não falaria desse senhor com a Rita Hayworth, se fosse viva. Mas pode ser que me engane...

A propósito das miúdas das Sextas

Dir-me-ão que não é importante. Também acho que não interessa muito, mas convinha saber. Ou por outro lado, eu gostava de saber. Elas são giras, elas são elegantes, ricas, famosas, deslumbrantes, admiradas, algumas são inteligentes, desejadas e essas coisas todas. De acordo. Mas, como é?
- Sabem estar à mesa?
- Agradecem, pedem desculpa ou se faz favor?
- Andam de pantufas em casa?
- Acordam lindas?
- Além de dar autógrafos sabem escrever?
- Acham que Apollo 13 é uma marca de perfumes?
- De que falam quando não falam para a câmara?
- Acreditam que a Guerra de Secessão é entre o Armani e o Versace?
- Saberão que há casas que se vendem sem decoração?
- Pensam que Winston Churchill é uma marca de charutos?
- Pensarão que Corta-Fitas é nome de Almirante?
Pois é.

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Não, não...


Esta sexta-feira é toda dela (e a propósito de falarem em Volver)
Penélope Cruz.

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Sexta-feira


Rita Hayworth em Gilda - 1946. O que é belo nunca passa...

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Ando atrasado




Ontem, era para ter escrito sobre as inacreditáveis e raivosas declarações de Correia de Campos sobre o presidente da Câmara de Chaves e outros autarcas que lhe tinham feito frente, quando veio o Miguel Macedo com a declaração do PSD sobre o assunto (que, aliás, soube depois, tinha sido debatido no Parlamento, ficando para mim registada a correctíssima posição do PCP)e estragou-me o post. Hoje, era para escrever sobre o Babel, que também detestei, e vem o Villalobos dizer grande parte do que eu queria e ainda por cima mais bem escrito.
Só posso, portanto, tentar acrescentar que, em relação ao primeiro caso, que daria escândalo se fosse no tempo dos governos de Durão ou Santana, hoje não vi nada, nem comentários nem "alertas" democráticos nos poucos jornais que li. E que gostaria de ver o presidente da República, que tem obrigação constitucional de zelar por estas coisas do "normal funcionamento das insituições democráticas", dizer qualquer coisa.
Em relação ao Babel, acrescento apenas que já não tenho paciência para cineastas ou escritores que exploram o lado trágico da vida, sem qualquer esperança, julgando que estão a retratar a "realidade", quando na verdade esta raramente é tão desesperada como eles a apresentam. É facílimo ser trágico e pessimista. O contrário é que é difícil e intelectualmente interessante.

Às vezes dá-me para a poesia


Fragmento


«A WOMAN waits for me--she contains all, nothing is lacking,
Yet all were lacking, if sex were lacking, or if the moisture of the
right man were lacking.

Sex contains all,
Bodies, Souls, meanings, proofs, purities, delicacies, results,
promulgations,
Songs, commands, health, pride, the maternal mystery, the seminal milk;
All hopes, benefactions, bestowals,
All the passions, loves, beauties, delights of the earth,
All the governments, judges, gods, follow'd persons of the earth,
These are contain'd in sex, as parts of itself, and justifications of itself.

Without shame the man I like knows and avows the deliciousness of his sex,
Without shame the woman I like knows and avows hers». Walt Withman

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Bah!


«Gosta de Babel? Então possivelmente odeia os críticos», avisa a capa de hoje do novo ípsilon. Bem achado e bem escrito, o artigo da Kathleen Gomes. Eu fui, num período que os desaconselho a investigar da minha existência, crítico de cinema. É uma vida dura. Levantamo-nos cedo e vamos a visionamentos logo de manhã sem pequeno-almoço e não nos servem nem um cafézinho. Para avaliar um filme como ele merece, nessas condições, é preciso haver estofo para além das cadeiras.
Talvez devido a essa experiência de uma vida passada, detestei o Babel. Tirando o papel da jovem japonesa - que acho merecedor do óscar de melhor actriz secundária - tudo aquilo é idiota. Se ainda fosse crítico, tinha que desenvolver esta adjectivação. Agora, graças ao Karma, já não preciso.
Mas o que me irritou mais foi isto: O Brad Pitt telefona lá de Marrocos à empregada, a dizer que não se preocupe porque a cunhada vai aparecer para tomar conta dos filhos, no dia seguinte. Depois, telefona outra vez e ela afinal já não pode ir, mas não sabemos porquê. Por causa disso, acontece o que acontece. Ora, que raio de cunhada é essa? Por que é que não foi castigada, ao contrário de todas as outras personagens sem excepção? Onde é que ela mora, para eu lhe enviar a brigada de intervenção da segurança social?
Babel, meus amigos e amigas de bom coração, é manipulação psicológica do pior. É um filme de agit prop das boas consciências. É assim a modos que uma maneira de os americanos lavarem as mãos à Pilatos e maltratarem os outros ao mesmo tempo: Os marroquinos são um misto de pastores analfabetos e polícias piores q'á PIDE. Os japoneses são uma cambada de putos alienados e adultos autistas. Os mexicanos gostam é de forró, pistolões e mamas. Os americanos, esses, são giros e louros e choramingas porque plenos de bons sentimentos. Vão-se catar! E estejam à vontade para odiar-me. Ass: O desmancha prazeres.

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O João Villalobos…

… gosta de se armar em desmancha-prazeres, mas pronto… amigos como d’antes!

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Ah é? Então e esta?

O Homem Novo Veio Da Mata

Um homem novo
Veio da mata de armas na mão
Não é soldado de profissão
É guerrilheiro na sua aldeia
A mãe o diz
Duma fazenda faz um país

Colonialismo não passará
Imperialismo não passará
Veio da mata um homem novo
Do M. P. L. A.
(continua e, para ouvir, comprem o disco do espectáculo ao vivo no Coliseu ;)

Impressões musicais (9)

José Afonso 1929 - 1987

Menino de oiro
(Clicar para ouvir)

O meu menino é d'oiro
É d'oiro fino
Não façam caso que é pequenino
O meu menino é d'oiro
D'oiro fagueiro
Hei-de levá-lo no meu veleiro.

Venham aves do céu
Pousar de mansinho
Por sobre os ombros do meu menino
Do meu menino, do meu menino
Venha comigo venham
Que eu não vou só
Levo o menino no meu trenó.

Quantos sonhos ligeirosp'ra teu sossego
Menino avaro não tenhas medo
Onde fores no teu sonho
Quero ir contigo
Menino de oiro sou teu amigo

Venham altas montanhas
Ventos do mar
Que o meu menino
Nasceu p'r'amar
Venha comigo venham
Que eu não vou só
Levo o menino no meu trenó.

O meu menino é d'oiro
É d'oiro é de oiro fino ....

Venham altas montanhas
Ventos do mar ....

Letra e Música: José Afonso

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quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Actualidades

O Corta-Fitas, sempre na linha da frente da actualidade, informação & entretenimento (hoje acordei modesta) dá a conhecer a última colecção em linha da Biblioteca do Congresso.
Para quem se interessa por relações diplomáticas, esta colecção apresenta uma série de entrevistas com alguns dos diplomatas americanos mais proeminentes do sec. XX, chamada "Frontline Diplomacy: The Foreign Affairs Oral History Collection of the Association for Diplomatic Studies and Training".
Trata-se de uma colecção baseada em transcrições de entrevistas a diplomatas americanos sobre as suas experiências, motivações, críticas e análises pessoais. Até ao momento, só encontrei uma referência a Portugal, a mais óbvia: uma entrevista com Frank C. Carlucci III.
Se tiver oportunidade, dê uma vista de olhos às restantes colecções da BC (fotografia, cartografia, registos sonoros, história, etc.): a memória de uma nação e o fantástico arquivo patrimonial de um país ao alcance de todos.

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O Portugal moderno

Não é que tenha saído na imprensa dita de "referência". Eu li no 24 Horas. Mas não deixa de ser uma história de contornos bonitos.
Começa assim o artigo do Luciano Amaral , hoje, no Diário de Notícias.
Um excelente texto com muitas personagens, laços, afectos e poucas explicações. Porque sim. A não perder.
Mas é o Portugal moderno que existe no século XXI. E de uma coisa podemos ter a certeza: não vai ser nenhum referendo nem nenhum "processo Apito Dourado" que vai acabar com ele.

Ao Francisco



ASH WEDNESDAY

Although I do not hope to turn again
Although I do not hope
Although I do not hope to turn

Wavering between the profit and the loss
In this brief transit where the dreams cross
The dreamcrossed twilight between birth and dying
(Bless me father) though I do not wish to wish these things
From the wide window towards the granite shore
The white sails still fly seaward, seaward flying
Unbroken wings

And the lost heart stiffens and rejoices
In the lost lilac and the lost sea voices
And the weak spirit quickens to rebel
For the bent golden-rod and the lost sea smell
Quickens to recover
The cry of quail and the whirling plover
And the blind eye creates
The empty forms between the ivory gates
And smell renews the salt savour of the sandy earth

This is the time of tension between dying and birth
The place of solitude where three dreams cross
Between blue rocks
But when the voices shaken from the yew-tree drift away
Let the other yew be shaken and reply.

Blessed sister, holy mother, spirit of the fountain, spirit of the garden,
Suffer us not to mock ourselves with falsehood
Teach us to care and not to care
Teach us to sit still
Even among these rocks,
Our peace in His will
And even among these rocks
Sister, mother
And spirit of the river, spirit of the sea,
Suffer me not to be separated

And let my cry come unto Thee.



T. S. Eliot
(excerto)

Gostei de ler

1. Os novos ditadores. Do Tomás Vasques, no Hoje Há Conquilhas.
2. O homem do choque. Do João Gonçalves, no Portugal dos Pequeninos.
3. Alberto João Jardim dá luta. De José Medeiros Ferreira, no Bicho Carpinteiro.
4. Maravilhas de Portugal#2. De Rui Pena Pires, no Canhoto.
5. A medicina cubana é uma das melhores do mundo. De João Miranda, no Blasfémias.
6. Pela nossa cabeça. Do Pedro Lomba, no Vício de Forma.
7. A confissão mais velha do mundo. De Pedro Picoito, n' O Cachimbo de Magritte.
8. Mayada, filha do Iraque. De Raquel Gandra, no Janelar.
9. O senhor pássaro de corda. Do André Moura e Cunha, no In Absentia.
10. Tragédia italiana. De João Paulo Sousa, no Da Literatura.
11. Cartas de Iwo Jima. De João Miguel Almeida, n' O Amigo do Povo.
12. Tudo menos a verdade. Do Pedro Mexia, no Estado Civil.
13. Como sabemos que nos encontramos em Portugal. Da Maria Isabel, na Miss Pearls.

À atenção do Luís e do Paulo Gorjão

O DN diz que João Marcelino anunciou ontem, numa reunião com os seus editores, que ia deixar a Cofina não desvendando os seus planos para o futuro. É um facto. O Público e a Meios e Publicidade dizem que Marcelino está de armas e bagagens para a Controlinveste e o DN. É um rumor. Mas um rumor que corre nos mentideros há uma semana. Um rumor com fundamento. Um rumor que é notícia.
Ao não antecipar, não confirmar ou desmentir, o DN não presta um serviço aos seus leitores. E os leitores e leitoras, Luís e Paulo, são pessoas. Fiéis enquanto lhes dizem a verdade. Trocando de amante quando ela lhes é ocultada ou camuflada. O resto são teorias. Estimulantes teorias, mas nada mais.

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Físicas

Lido isto e mais isto, confesso que também gostava de perceber melhor o que o Pedro Lomba quer dizer com «feminista radical». Não o estou a ver a recorrer a facilitismos como o pleonasmo.

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Portugal dos douradinhos

Claro que o João está carregado de razão. E a entrevista de hoje no Público, em lugar de acrescentar alguma coisa ao que o senhor Procurador não disse a Judite de Sousa, ainda baralha o que disse. Nomeadamente no respeita às alterações processuais na Operação Furacão. Ficou, isso sim e para quem gosta de aprender como estas coisas se fazem, um mapa dourado de Portugal que funciona que nem ginjas em televisão. Com uma bandeira e tudo para cada douradinho.

Sempre pop


Ia vender o meu castelo na Cornualha, deixar de pagar a pensão dos miúdos e empatar toda a minha fortuna na aquisição das madeixas de cabelo da Britney Spears no portal E Bay. Sadly however, parece que já foram arrematadas. A máquina de barbear, no entanto, ainda lá está e, neste momento, a licitação vai nuns módicos 100 dólares. Como bem expressa o texto que acompanha o objecto, «115 people were killed in battle today but pop culture will always take the headlines». À atenção do Paulo Gorjão. Banda sonora aqui dedicada à Britney, pois claro.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Grandes portugueses a altas horas

Pergunto-me quantas pessas terão ficado acordadas até cerca da uma da manhã para ver o documentário sobre Fernando Pessoa, do concurso Grandes Portugueses.
Às 23.20, hora que vinha indicada na programação da televisão do Público em linha, ainda não tinha começado uma novela qualquer. Eram praticamente duas da manhã quando o programa terminou.
Pessoa era um noctívago mas não era preciso levar as coisas tão à letra.

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Uma pequena polémica com Paulo Gorjão

Caro Paulo Gorjão:
Há dois problemas na nossa pequena polémica: o senhor tem um pensamento estruturado sobre o tema e eu não tenho; por outro lado, o senhor escreve sobre jornalismo político, enquanto eu (confesso) a única vez que escrevi sobre jornalismo político estampei-me ao comprido. Em relação às "generalidades sem substância", tem razão, estamos ambos nesse barco, até porque escrever sobre isto num post curto é necessariamente difícil. Peço desculpa por não ter acrescentado o facto.
O que gostaria de deixar claro é que um jornal não é feito apenas com jornalismo político, mas é uma máquina muito mais complexa: há crónicas, fait-divers, reportagens, entrevistas, entre muitas outras coisas, tais como egos, dinheiro (ou falta dele). As opiniões num jornal não se limitam a questões da governação. Enfim, há um equilíbrio (um mix, que cada director concebe diferente do outro) entre matérias sérias e trivialidades. Eu, por exemplo, como leitor, não dispenso as trivialidades e adoro fait-divers.
Discordo da sua tese dos 3Q porque, como prático desta disciplina, a tese não me satisfaz. Nunca consegui conceber uma definição teórica da qualidade, mas admiti de imediato que a sua estava errada. O meu post pretendia apenas explicar as insuficiências da teoria.
Mas acho ter percebido o que o senhor quer dizer, ou seja, que os jornais no mercado não o satisfazem porque não aprende nada com eles. Não tenho dúvidas de que esta é uma questão muito séria.
As pessoas que me conhecem sabem que sou algo ingénuo. Apesar disso já vi atropelos às regras. Mas, repito: esta profissão tem regras. É evidente que um bom jornalista só publicará uma informação que considera segura, o que não quer dizer que não seja enganado ou que não tenha excesso de confiança nas fontes, ou que não haja pressões de fecho para publicar a história. O Paulo menciona também as notícias sem dupla confirmação, quando devia mencionar as incompreensíveis dificuldades que os jornalistas enfrentam no seu contacto com a administração pública. É um pesadelo, garanto-lhe. Mas, insisto, o senhor concentra a sua análise no jornalismo político, o qual tem especiais dificuldades em Portugal por causa da nossa classe política.
Acho que no meu post lhe dei dois bons exemplos que parecem refutar a sua tese dos 3Q. Na realidade, não há redacção que tenha especialistas que saibam mais do que alguns dos seus leitores. Por exemplo, escrevi bastante tempo sobre União Europeia e o essencial do meu esforço era tentar evitar um erro catastrófico, pois era lido pelas 150 pessoas que sabem mais do que eu sobre o tema (e provavelmente apenas por essas). O outro exemplo ilustrava o problema do repórter (sempre o mais ignorante no local do crime) e a necessidade de fazer todas as perguntas.
O último problema, que deixei para o fim por ser o mais controverso, é a questão da imparcialidade.
Estou convencido de que a imparcialidade não existe (chame-lhe neutralidade, isenção, etc.). Digo isto pela minha experiência. Fiz umas reportagens no Paquistão, logo a seguir ao 11 de Setembro, e optei por avançar para uma cidade próxima da fronteira com o Afeganistão, Quetta, dominada por tribos Baluches e por refugiados Pastunes que tinham grande afinidade com os talibãs de Kandahar. Tive alguma falta de sorte e nunca consegui chegar a Kandahar, mas o meu trabalho era tentar perceber os talibãs, e conheci vários.
Esforcei-me, confesso, mas nunca consegui ser imparcial. Achava que eles não tinham razão e continuo a pensar assim. Um pequeno detalhe: nessa altura percebi a importância de ter dinheiro e nem queira saber as dificuldades que enfrentei nessa matéria.
Na ocasião, dei-me muito com um jornalista do New York Times, um verdadeiro craque. Andávamos juntos porque havia o risco de alguém querer raptar um americano e eu disfarçava. Um dia, fizemos um trabalho sensacional, ou antes, ele fez as perguntas ao primeiro ferido que chegara dos bombardeamentos americanos a Kandahar (foi uma coisa incrível, nunca vi trabalhar assim). No final, eu tinha uma grande história e pensei que ele também tivesse. Mas o meu colega disse, um pouco desanimado, que em Nova Iorque ninguém ia publicar a reportagem. Porquê, perguntei? E ele respondeu: "Quem é que se vai preocupar com um ferido deles, quando nós perdemos três mil?" Não ponho aqui o nome do jornalista porque posso estar a fazer uma inconfidência, mas o comentário responde bem, a meu ver, ao problema da imparcialidade. E, repare, se em Nova Iorque publicaram alguma coisa, não duvido de que a história era irrepreensível.
E assim termino. Aproveito para ilustrar esta minha opinião com a imagem de outro jornalista parcial, o senhor Viktor Laszlo, cujas convicções me agradam.

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De pequenino se mata o tourinho


Com uma foto do jovem Gonçalo Montoya roubada ao nosso Leonardo Negrão e ao photo a trois, confesso aqui a minha admiração profissional por quem quer que sejam os autores deste golpe de RP. De repente, vejo em todos os principais jornais do país textos e imagens que demonstram o fascínio pelo glamour e a estética - belíssima, sem dúvida - que envolveu o concurso de melhor jovem toureiro português. Hoje, no Público, podem ler-se as palavras de Maurício Valle, o presidente do júri: «Temos esperança que saiam daqui futuros matadores de touros profissionais». Saiam para onde? Espanha? E ninguém protestou ainda, dessas associações animais e afins? Hmm...

Eu gosto de Alberto João Jardim

Várias vezes irrito-me com os seus exageros verbais, os seus insultos, as suas declarações espalhafatosas. Outras vezes pessoas que considero garantem-me que há na Madeira uma espécie de ditadura disfarçada, feita de clientelismo, pressões sobre opositores, influências, favores e mais não sei o quê. Mas a verdade é que eu admiro muito Alberto João Jardim. Admiro a sua coragem em dizer o que pensa num país em que os políticos medem cada palavra para ver se agrada ou não a medíocres bem pensantes, jornalistas e comentadores. Tal como ele, também gosto do cheiro a pólvora. Admiro o seu gosto pela vida, pelo Carnaval, pela bebida e pelos charutos. Admiro que, ao fim de 30 anos, não tenha enriquecido à custa da política, nem haja qualquer caso de corrupção de que seja acusado (e não foi certamente por descuido dos seus inúmeros adversários). Mas admiro sobretudo uma coisa sem a qual nada do que disse seria grande motivo de admiração: a extraordinária obra que ele fez na Madeira, no desenvolvmento da sua região, tornando-a na segunda mais rica do país quando há 30 anos as pessoas viviam em grutas e emigravam para não morrerem de fome. Creio mesmo que é esta obra, que nem os seus opositores conseguem negar, que mais irrita o pântano português continental, que não sai da cepa torta desde a primeira metade dos anos 90. Lamento que certas pessoas que eu julgava que defendiam esta forma eficiente de governar (como Cavaco Silva, que quase de certeza contará com a minha abstenção nas próximas presidenciais) alinhem agora com as vozes socialistas empenhadas em atacar os centros de poder que ainda não lhe pertencem: Madeira, Lisboa e Porto. O meu partido andou bem em apoiá-lo na sua decisão de fazer frente àqueles que gostavam que ele fosse tão medíocre quanto eles. Alberto João Jardim vai muito provavelmente ganhar as próximas eleições, através de voto democrático e secreto, por muitos ataques que lhe façam. E mais uma vez eu vou admirar a forma como ele, sendo quem é, vai irritar os conselheiros Acácios deste país.

terça-feira, fevereiro 20, 2007


Carnaval em Veneza

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Tertúlia literária (145)

- Já leste o rosto e as máscaras?
- Não gosto do Carnaval.

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A capa do dia (9)

Esta já tem uns dias (é de sábado, dia 17), mas bem merece uma espreitadela. Pela excelente foto da secretária de Estado norte-americana captada num excelente ângulo e valorizada pela excelente paginação do jornal. Bom, deixemo-nos de rodeios: excelentes são as pernas de Condoleezza Rice. E ela parece ser a primeira a saber bem isso. Ter aprendido a tocar Beethoven aos cinco anos, ter concluído a licenciatura em História aos 19 e permanecer hoje (aos 52) o mais popular elemento da administração Bush, com mais 20 pontos de aprovação do que o inquilino da Casa Branca, são pormenores que lhe valorizam o currículo. Mas nada que se compare àquelas pernas, que o El País (jornal que nada tem de tablóide, credo!) tão bem pôs em destaque.

O que dizem os pediatras sobre João Jardim

Ontem, depois de ouvir a ladainha e o incrível discurso de Alberto João Jardim, fui a correr consultar o sem-número de manuais de pediatria e de pedagogia infantil que adquiri há uns bons meses atrás, de tão espantada que fiquei. Posso até dizer bastante preocupada.
É que nem a minha filha - que está prestes a entrar no seu segundo ano de vida, aquela fase em que pediatras de todo o mundo dizem ser "os terríveis dois" - faz birras como aquela que vi fazer aquele senhor que se julga mais que todos - que se demitiu do Governo Regional, arrastanto tudo e todos, por discordar de uma lei promulgada pelo Presidente da República.
Então, fui tentar perceber. Bem sei que aquele senhor que tanto gosta de atacar o continente já mais que passou a barreira dos 50, mas nunca se sabe...
"Os manuais terão de certeza uma explicação", pensei. Depois pensei ainda: "Atitudes daquelas são típicas de crianças de dois, três, quatro anos, por isso certamente aquele livro que ali tenho do Brazelton há-de dar-me a resposta".
E lá estava. Vou tentar passar a mensagem por palavras minhas, que me esqueci, cabeça minha, de copiar as citações. É mais ou menos isto: Por volta dos dois anos de vida, os bebés entram numa fase de negativismo e de afirmação da independência e da personalidade. É normal que passem a fazer birras sucessivas, que podem ter várias causas: quando não lhes é dado o que querem, quando falham na execução de uma tarefa ou quando o impedem de levar maus comportamentos adiante. Se estiver cansado, com fome ou com sono as birras tenderão a acontecer com mais frequência.
Mantenha-se firme. É fundamental. Quando é não, é não... Se a birra persistir, tente levar a criança para um local seguro e deixe-a ficar. Ignore a birra. Não estabeça qualquer contacto com a criança birrenta. Quando passar, acarinhe-a. Mas não ceda.
Esta fase deverá passar, na maioria das crianças, lá pelos quatro ou cinco anos.

Fiquei esclarecida...mas continuei preocupada. Só pensava: "vamos ter que aturar as birras daquele senhor por mais três anos?"

Só nos resta mesmo ignorar. Pode ser que se discipline e aprenda a autocontrolar-se.

A falta de tomates de Jardim


O presidente do Governo Regional da Madeira queixa-se da "falta de testículos" dos portugueses. Foi incapaz de chamar a coisa pelo nome, usando uma expressão inapropriada para o vocabulário a que já nos habituou. Que falta de tomates, Alberto João!


P. S. - Jardim, com maioria absolutíssima, decide demitir-se a pouco mais de um ano do fim do mandato, arrastando o Governo Regional e a Assembleia Regional consigo, em protesto contra uma lei já promulgada pelo Presidente da República. Como se com esta atitude de menino birrento pudesse alterar uma só vírgula da referida lei. Em comparação com esta bombinha de Carnaval que nos chega da Madeira, os cortes de auto-estradas e estradas nacionais são uma genuína expressão de civismo e espírito democrático. Jardim teve medo, isso sim, de perder a eleição de 2008 e agita uma vez mais o espantalho do "colonialismo de Lisboa" na esperança de amealhar votos. E lá voltamos ao vegetal do início...

Gostei de ler

1. João Pereira Coutinho, Expresso: "O aborto clandestino continuará depois das dez semanas; e continuará antes das dez semanas porque o acto de abortar num 'estabelecimento de saúde legalmente autorizado' implica uma exposição que não será partilhada por todas as mulheres, sobretudo em contextos sociais restritos."

2. Pedro Lomba, Diário de Notícias: "O que está agora em causa já não é a penalização do aborto - é a atitude do Estado perante uma realidade que suscita na sociedade fortes sentimentos de rejeição ética. Para muitos dos que votaram 'sim', não é aceitável que o Estado assuma uma posição demissionária ou neutral. O mesmo Estado que tenta persuadir as pessoas para deixarem de fumar, não se divorciarem, fazerem dieta e desporto, esse mesmo Estado não terá uma palavra a dizer (de desincentivo) a quem decide fazer um aborto?"

3. João Bénard da Costa, Público: "Muito se muda neste país onde se diz que está tudo na mesma. Talvez seja o que os portugueses aprenderam com Lampedusa."

É o Carnaval?

Qual a razão para a publicação daquela incrível fotografia (não disponível on-line) de João César das Neves na transcrição do debate sobre as perspectivas para o governo Sócrates na página 7 do Diário de Notícias? Se não gostam do homem porque é que o convidam? Não acabou já a campanha para a liberalização do aborto?

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Mais do mesmo

Desde sempre que gosto de telefonia e sempre que posso ainda vou acompanhando este fascinante meio de comunicação. Ontem foi a vez de, durante um inevitável percurso automobilizado, ouvir finalmente uns minutos do novo Rádio Clube Português. Entre as 19.00 e as 20.00 aterrei no meio de um tal programa de Célia Bernardo “Janela Aberta” no qual dois locutores entrevistavam no estúdio o insuspeito Vicente Jorge Silva (VJS) sobre a demissão de Alberto João Jardim (AJJ). Não me surpreendi com o VJS a destilar os seus ressentimentos contra AJJ. Chamou-lhe de tudo e mais alguma coisa, uns insultos mais plausíveis que outros. Mas o que me espantou verdadeiramente foi a cumplicidade explícita dos dois jornalistas, que tratando o convidado (colega?) por tu, alarvemente se compraziam com os epítetos, emitindo desapoderadas risadinhas e concordantes monossílabos.
Não sou particular admirador de AJJ, talvez devido à minha educação, para mais algo conservadora. Mas também tenho umas noções da dignidade implícita ao papel de jornalista, e das regras de conduta inerentes. Quero dizer, não me parece que aquela seja uma forma de profissionais da comunicação, no exercício do seu cargo, tratarem figuras de Estado legitimamente eleitas em democracia. Durante aqueles minutos senti-me literalmente gozado e ultrajado, enfim, madeirense.
Finalmente, a experiência com esta suposta alternativa radiofónica saldou-se numa má experiência que tão cedo evitarei repetir. Com a minha idade, para contrariedades, já bastam as inevitáveis.

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Itadakimasu

Confesso que só há uns anos aderi a esta autêntica moda (há tempos apanhei um enjoo num casamento) dos restaurantes japoneses, pelo que a descoberta do Aya - por onde devia ter começado - deixou-me muito bem impressionado. O restaurante das Twin Towers, em Lisboa, é uma maravilha. Lá encontramos o "sushi", os "tempura" (para quem gosta de marisco frito), "sukiyaki" (fondue japonês, para quem suporta os fumos), o "chanco" (frango com legumes) ou "yakitori" (frango grelhado). Só não reparei se tinham "okonomiyaki", aquela mistela óptima com uma massa tipo-panqueca que tenho experimentado na concorrência. Os menus variados são uma óptima solução. O restaurante tem uma boa carta de vinhos para quem não alinha com o "sake", embora eu tenha optado pela cerveja gelada. Pena não terem Sapporo, mas eu contentei-me com a excelente Asahi (julgo que era a Super Dry).
Gochisosama - deshita.

P. S. - Entretanto, no andar de baixo abriu o Aya Bistrôt, que tem preços mais em conta e que mantém a qualidade. É um restaurante vocacionado para outra clientela - a da hora de almoço - e parece que vende comida para fora. Vou lá qualquer dia.

Bom carnaval


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segunda-feira, fevereiro 19, 2007

"Tudo em cima" no desfile.

Adivinhem quem esteve no Marquês de Sapucaí como Rainha da Bateria da Viradouro.

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Perfeição



Agora que já é noite, aqui fica a voz.

Colecção de crónicas (X)


Sempre adorei western, entre nós conhecidos por filmes de cobóis. Lembro-me muito vagamente de estar mergulhado nas imagens de um filme que passava na televisão (tenho hoje a certeza de que era Todos Morreram Calçados) e a minha mãe deve ter achado que aquilo era demasiado violento para uma criança tão pequena (que idade teria? Quatro, cinco anos) e mandou-me para a cama. Resisti como uma tribo de índios.
De certa maneira, este foi o meu primeiro western, com berrata no meio da batalha. E logo Errol Flynn, dirigido pelo húngaro Michael Curtiz, com o qual me iria cruzar mais à frente!
Cada filme de cobóis nunca é aquilo que parece. A minha primeira impressão tinha a ver com a aventura. Havia grandes espaços e muita fantasia, mas não tinha idade para perceber essas coisas. Por isso, ficaram sobretudo correrias e cavalgadas, os tiroteios e as figuras cheias de dignidade, os heróis. Sou da geração da televisão, mas conheci John Wayne cedo na minha vida. Ele faz parte da minha memória mais antiga. Como é que se diz em informática? A memória cache?
(Nome estranho, a ser esse! Pois cache lembra imediatamente aquilo que se esconde! )
Quando fizeram os grandes ciclos de cinema na Fundação (anos 30, 40, 50) eu era um chavalo à beira de se perder na loucura e na droga. Posso dizer que o cinema me salvou. Íamos para a fila da Gulbenkian ainda de madrugada e comprávamos bilhetes às dezenas. Não havia dinheiro para comprarmos tudo, mas tentávamos ver tudo.
Foi ali que eu descobri John Ford. Os filmes da cavalaria, que compreendi logo não serem apenas filmes de cobóis, mas algo mais, uma espécie de viagem poética pela paisagem de uma memória escondida, que afinal também eu ambicionava: feita de espaços e cores, o dramático cenário e as pessoas fortes, as paixões das pessoas fortes, como bem dizia um título português de outro diamante, My Darling Clementine, ainda hoje um dos meus favoritos.
Os géneros acompanham sempre os tempos, ou melhor, estes impregnam os géneros. Ninguém fez western para retratar a época da conquista ou da colonização do oeste americano, no final do século XIX. Cada período de filmes trata das questões de cada época. E assim surgiram visões amargas, anti-heróis, as linhas de sombra e ambiguidades da alma.
É por isso que também gosto de Clint Eastwood e da perfeição estilística de Sergio Leone, injustamente associado ao western spaghetti, mas na realidade um dos grandes mestres do cinema.
Nessa altura, já tínhamos deixado a perigosa fronteira entre o bem e o mal para entrarmos no espantoso território onde apenas o mal podia florescer. Mas era o nosso próprio mundo a mudar que nos permitia visualizar esses horizontes.
Mais tarde, outra obra-prima: em Imperdoável, a personagem de Eastwood procura conter a sua memória cache, escondê-la bem fundo, no antro dos seus pesadelos. E, de súbito à solta, a monstruosa maquinaria torna-se tão assustadora como o mal mais absoluto. Ao serviço da justiça, o pistoleiro não é muito mais do que uma caricatura grotesca.
Da ingenuidade de Todos Morreram Calçados ao sopro divino do mal, em Imperdoável, a viagem do western (género tão universal) é talvez o relance do nosso tempo. No cenário de sonhos, vi a busca incessante do Humano, essa condição imprecisa, que nos vai escapando no imenso palco da luz...

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