sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Bah!


«Gosta de Babel? Então possivelmente odeia os críticos», avisa a capa de hoje do novo ípsilon. Bem achado e bem escrito, o artigo da Kathleen Gomes. Eu fui, num período que os desaconselho a investigar da minha existência, crítico de cinema. É uma vida dura. Levantamo-nos cedo e vamos a visionamentos logo de manhã sem pequeno-almoço e não nos servem nem um cafézinho. Para avaliar um filme como ele merece, nessas condições, é preciso haver estofo para além das cadeiras.
Talvez devido a essa experiência de uma vida passada, detestei o Babel. Tirando o papel da jovem japonesa - que acho merecedor do óscar de melhor actriz secundária - tudo aquilo é idiota. Se ainda fosse crítico, tinha que desenvolver esta adjectivação. Agora, graças ao Karma, já não preciso.
Mas o que me irritou mais foi isto: O Brad Pitt telefona lá de Marrocos à empregada, a dizer que não se preocupe porque a cunhada vai aparecer para tomar conta dos filhos, no dia seguinte. Depois, telefona outra vez e ela afinal já não pode ir, mas não sabemos porquê. Por causa disso, acontece o que acontece. Ora, que raio de cunhada é essa? Por que é que não foi castigada, ao contrário de todas as outras personagens sem excepção? Onde é que ela mora, para eu lhe enviar a brigada de intervenção da segurança social?
Babel, meus amigos e amigas de bom coração, é manipulação psicológica do pior. É um filme de agit prop das boas consciências. É assim a modos que uma maneira de os americanos lavarem as mãos à Pilatos e maltratarem os outros ao mesmo tempo: Os marroquinos são um misto de pastores analfabetos e polícias piores q'á PIDE. Os japoneses são uma cambada de putos alienados e adultos autistas. Os mexicanos gostam é de forró, pistolões e mamas. Os americanos, esses, são giros e louros e choramingas porque plenos de bons sentimentos. Vão-se catar! E estejam à vontade para odiar-me. Ass: O desmancha prazeres.

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