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A Academia de Hollywood acaba de cometer uma injustiça histórica: concedeu a Martin Scorsese um "prémio de consolação" em forma de Óscar de Melhor Filme e Melhor Realizador de 2006, distinguindo uma fita menor do autor de
Taxi Driver e
O Touro Enraivecido. Isto no ano em que Clint Eastwood realizou o díptico
As Bandeiras dos Nossos Pais/Cartas de Iwo Jima, já um grande marco da Sétima Arte - indiscutivelmente superior ao mediano
Entre Inimigos, com um Jack Nicholson em permanente
overacting. A mesma batalha vista pelos antagonistas, em duas películas diferentes (uma das quais, a mais notável, falada em japonês), constitui uma proeza cinematográfica ímpar - mais uma a somar à excepcional carreira de Eastwood, anteriormente galardoado com Óscares de melhor realizador pelos filmes
Imperdoável (1992) e
Sonhos Vencidos (2004). Scorsese é um excelente cineasta, que já merecia ter sido distinguido pela Academia. Mas o que agora sucedeu em Hollywood é de uma miopia ao nível da que impediu de ascender ao Óscar obras-primas do cinema como
Citizen Kane, de Welles,
Janela Indiscreta, de Hitchcock,
Horizontes de Glória, de Kubrick, ou
A Desaparecida, de Ford. Enfim, um disparate sem nome. Scorsese não merecia isto.
Imagem: fotograma de Cartas de Iwo Jima