quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Eu gosto de Alberto João Jardim

Várias vezes irrito-me com os seus exageros verbais, os seus insultos, as suas declarações espalhafatosas. Outras vezes pessoas que considero garantem-me que há na Madeira uma espécie de ditadura disfarçada, feita de clientelismo, pressões sobre opositores, influências, favores e mais não sei o quê. Mas a verdade é que eu admiro muito Alberto João Jardim. Admiro a sua coragem em dizer o que pensa num país em que os políticos medem cada palavra para ver se agrada ou não a medíocres bem pensantes, jornalistas e comentadores. Tal como ele, também gosto do cheiro a pólvora. Admiro o seu gosto pela vida, pelo Carnaval, pela bebida e pelos charutos. Admiro que, ao fim de 30 anos, não tenha enriquecido à custa da política, nem haja qualquer caso de corrupção de que seja acusado (e não foi certamente por descuido dos seus inúmeros adversários). Mas admiro sobretudo uma coisa sem a qual nada do que disse seria grande motivo de admiração: a extraordinária obra que ele fez na Madeira, no desenvolvmento da sua região, tornando-a na segunda mais rica do país quando há 30 anos as pessoas viviam em grutas e emigravam para não morrerem de fome. Creio mesmo que é esta obra, que nem os seus opositores conseguem negar, que mais irrita o pântano português continental, que não sai da cepa torta desde a primeira metade dos anos 90. Lamento que certas pessoas que eu julgava que defendiam esta forma eficiente de governar (como Cavaco Silva, que quase de certeza contará com a minha abstenção nas próximas presidenciais) alinhem agora com as vozes socialistas empenhadas em atacar os centros de poder que ainda não lhe pertencem: Madeira, Lisboa e Porto. O meu partido andou bem em apoiá-lo na sua decisão de fazer frente àqueles que gostavam que ele fosse tão medíocre quanto eles. Alberto João Jardim vai muito provavelmente ganhar as próximas eleições, através de voto democrático e secreto, por muitos ataques que lhe façam. E mais uma vez eu vou admirar a forma como ele, sendo quem é, vai irritar os conselheiros Acácios deste país.