Devoto do Governo
Vital Moreira, como não podia deixar de ser, aplaude a ida de Pina Moura para a administração da TVI. Presumo que também não lhe repugna que o ex-delfim de Cunhal e ex-ministro de Guterres acumule as funções de homem forte do canal de Queluz com a presidência da Iberdrola: na sua perspectiva, devem ser múltiplas missões de serviço público. Compreendo. Já acho menos compreensível que Vital compare o putativo mérito de Pina como gestor televisivo com os pergaminhos de Francisco Balsemão, o patrão da SIC. Nada a ver uma coisa com a outra, ó professor: Balsemão sempre foi um homem ligado à informação - desde os tempos do Diário Popular, na década de 60, passando pela fundação do Expresso, que dirigiu durante os sete primeiros anos de vida do maior (e melhor) semanário português. Pina Moura não tem credenciais neste domínio: é um homem de partido (primeiro foi fiel militante comunista, agora é um devoto socialista, professando uma fé sem mácula no Governo) e um ponta-de-lança dos interesses espanhóis, como o falecido professor Sousa Franco alertou, em voz bem alta, num célebre almoço no Pabe que acabou em manchete do semanário O Independente. Manchete já antiga, mas actual como nunca.