O cerco barrosista
Muitos pensam que Luís Marques Mendes tem tido vida difícil no PSD e que tem sido muito fustigado por causa da oposição interna que figuras como Pedro Santana Lopes ou Luís Filipe Menezes (com os seus acólitos) lhe vão fazendo. Não estão longe da verdade, mas esquecem-se que a oposição mais forte a Marques Mendes é silenciosa. É discreta. Não se move nos corredores e nos bastidores da intriga. Colabora até, se isso lhe for solicitado. Essa oposição está suficientemente próxima de Mendes para lhe dar, no momento certo, o golpe fatal. São os barrosistas.
Atente-se só, por exemplo, à inteligente distribuição de lugares e tarefas: José Luís Arnaut, deputado e presidente da Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros, Miguel Relvas, deputado e presidente da Comissão Parlamentar de Obras Públicas, José Matos Correia, deputado e presidente da Comissão de Ética, Henrique de Freitas, deputado e ex-vice presidente do grupo parlamentar, Feliciano Barreiras Duarte, deputado e grande defensor do aeroporto da Ota e do TGV (contrariamente a Mendes), Hermínio Loureiro, deputado e presidente da Liga de Futebol, entre muitos outros. Nuno Morais Sarmento, o mais atrevido e corredor em pista própria, renunciou ao mandato de deputado e voltou ao escritório de advogados (o maior do País, escusado dizer qual é). Assume-se como reserva do barrosismo, foi contra as eleições directas no PSD e este fim de semana, num artigo para o Expresso, desferiu talvez um dos ataques mais violentos contra Marques Mendes de que há memória. Contrariando os impulsos de privatização da RTP que Mendes parece sentir, Morais Sarmento descreveu a ideia como pura "irresponsabilidade" política.
Aí está. O barrosismo está vivo e os seus pontas-de-lança fazem questão de o lembrar - há duas semanas Miguel Relvas e Matos Correia escreveram a Jaime Gama, pedindo-lhe a organização de uma conferência parlamentar sobre a Ota, de que discordam. E o próprio José Manuel Durão Barroso? Quem achava que estava cada vez mais alheado de Lisboa com a vida e o trabalho em Bruxelas que se desengane. Na semana passada esteve no Parlamento, onde foi defender uma nova agenda para a União Europeia, deixando escapar que sentia saudades dos debates mensais... Ninguém nos garante que não queira voltar. Não será amanhã, nem depois. Mas que pode haver espaço para isso, não resta dúvida. Primeiro, será preciso ver se o mandato de cinco anos, que curiosamente acaba em 2009, é renovado. Se não for, e veremos que papel pode ter aí o novo equilíbrio de forças no eixo franco-alemão, não é improvável dar-se a circunstância de, paulatinamente, Barroso ensaiar um regresso a Portugal e ao PSD. Deixará que alguém se espete nas legislativas e depois pode abalançar-se de novo ao partido. Romano Prodi fê-lo em Itália, não será novidade. Barroso pode fazer nova cura de oposição ou esperar que Cavaco Silva não se recandidate a Belém. Barroso é "chinês". Sabe esperar e, mais que isso, sabe lidar com as adversidades.
Atente-se só, por exemplo, à inteligente distribuição de lugares e tarefas: José Luís Arnaut, deputado e presidente da Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros, Miguel Relvas, deputado e presidente da Comissão Parlamentar de Obras Públicas, José Matos Correia, deputado e presidente da Comissão de Ética, Henrique de Freitas, deputado e ex-vice presidente do grupo parlamentar, Feliciano Barreiras Duarte, deputado e grande defensor do aeroporto da Ota e do TGV (contrariamente a Mendes), Hermínio Loureiro, deputado e presidente da Liga de Futebol, entre muitos outros. Nuno Morais Sarmento, o mais atrevido e corredor em pista própria, renunciou ao mandato de deputado e voltou ao escritório de advogados (o maior do País, escusado dizer qual é). Assume-se como reserva do barrosismo, foi contra as eleições directas no PSD e este fim de semana, num artigo para o Expresso, desferiu talvez um dos ataques mais violentos contra Marques Mendes de que há memória. Contrariando os impulsos de privatização da RTP que Mendes parece sentir, Morais Sarmento descreveu a ideia como pura "irresponsabilidade" política.
Aí está. O barrosismo está vivo e os seus pontas-de-lança fazem questão de o lembrar - há duas semanas Miguel Relvas e Matos Correia escreveram a Jaime Gama, pedindo-lhe a organização de uma conferência parlamentar sobre a Ota, de que discordam. E o próprio José Manuel Durão Barroso? Quem achava que estava cada vez mais alheado de Lisboa com a vida e o trabalho em Bruxelas que se desengane. Na semana passada esteve no Parlamento, onde foi defender uma nova agenda para a União Europeia, deixando escapar que sentia saudades dos debates mensais... Ninguém nos garante que não queira voltar. Não será amanhã, nem depois. Mas que pode haver espaço para isso, não resta dúvida. Primeiro, será preciso ver se o mandato de cinco anos, que curiosamente acaba em 2009, é renovado. Se não for, e veremos que papel pode ter aí o novo equilíbrio de forças no eixo franco-alemão, não é improvável dar-se a circunstância de, paulatinamente, Barroso ensaiar um regresso a Portugal e ao PSD. Deixará que alguém se espete nas legislativas e depois pode abalançar-se de novo ao partido. Romano Prodi fê-lo em Itália, não será novidade. Barroso pode fazer nova cura de oposição ou esperar que Cavaco Silva não se recandidate a Belém. Barroso é "chinês". Sabe esperar e, mais que isso, sabe lidar com as adversidades.