Tendências, sim. Fretes, não
Há uns tempos, quando ficou claro que a Prisa queria tomar conta da Media Capital, lembro-me de comentar com amigos que achava bem, porque ia finalmente haver uma clarificação sobre as tendências dos órgãos de Comunicação Social em Portugal, tal como acontece em Espanha, mas também em democracias mais maduras como a Inglaterra (por exemplo, Guardian, pró-trabalhista, Times, pró-conservador) ou França (Monde, socialista, Figaro, gaulista), e íamos deixar de ter uma falsa independência, que, aliás, só beneficia a esquerda, já que a grande maioria dos jornalistas identifica-se com ela. É verdade que na Espanha de hoje se exagera, confundindo tendência com jornalismo de fretes. Espero que por cá seja diferente e que a direita também crie, tal como aconteceu noutros países, os seus jornais de tendência. Acho até que essa clarificação trará mais leitores, tanto aos jornais mais à esquerda como aos mais à direita. Se houver espaço para jornais verdadeiramente independentes, tanto melhor. O mercado é livre.
Curiosamente, o único jornal que em Portugal se assumiu como de tendência tinha o nome de O Independente, mas viu-se que era apenas um projecto conjuntural de afirmação de uma ala do CDS contra o PSD de Cavaco SIlva. Antes, também o Semanário foi um projecto conjuntural da direita para derrubar o Bloco Central. Atingidos os respectivos objectivos, estes projectos morreram. Falta agora a direita pensar a sua intervenção na Comunicação Social a longo prazo, mas não caindo na tentação do jornalismo de fretes e do imediatismo. Pensar que Pina Moura e os socialistas, portugueses ou espanhóis, vão arrepiar caminho é perda de tempo. Esperar que Cavaco exerça o seu poder moderador perante abusos da maioria, já se viu que também é perda de tempo. E já nada causa escândalo à "opinião pública" portuguesa, que nem sequer está historicamente habituada a independências na imprensa. A Comunicação Social é, cada vez mais, com o advento das televisões privadas, o principal campo de batalha político.
Curiosamente, o único jornal que em Portugal se assumiu como de tendência tinha o nome de O Independente, mas viu-se que era apenas um projecto conjuntural de afirmação de uma ala do CDS contra o PSD de Cavaco SIlva. Antes, também o Semanário foi um projecto conjuntural da direita para derrubar o Bloco Central. Atingidos os respectivos objectivos, estes projectos morreram. Falta agora a direita pensar a sua intervenção na Comunicação Social a longo prazo, mas não caindo na tentação do jornalismo de fretes e do imediatismo. Pensar que Pina Moura e os socialistas, portugueses ou espanhóis, vão arrepiar caminho é perda de tempo. Esperar que Cavaco exerça o seu poder moderador perante abusos da maioria, já se viu que também é perda de tempo. E já nada causa escândalo à "opinião pública" portuguesa, que nem sequer está historicamente habituada a independências na imprensa. A Comunicação Social é, cada vez mais, com o advento das televisões privadas, o principal campo de batalha político.