quarta-feira, abril 25, 2007

Avisos

Cavaco Silva usou o seu segundo discurso do 25 de Abril para apelar aos jovens portugueses: "não se resignem". Mas o discurso foi mais que isso. Quem o ler ou ouvir com atenção verá que estão lá três ideias fundamentais: este é o ano decisivo para arrancarem as reformas estruturais (é a segunda vez que o Presidente avisa), a comunicação social deve manter-se isenta e responsável (numa alusão ao caso Pina Moura?) e é importante que sejamos governados por "uma classe política qualificada". Isto para além de dizer que "não devemos ignorar que existem sinais de preocupação". Isto, muito mais do que repensar o "ritual" da comemoração do 25 de Abril, é para registar.
Para além de Cavaco, só Paulo Rangel mereceu ser ouvido. Com um discurso muito conseguido na forma e no conteúdo, o deputado do PSD pôs vários dedos na ferida: fala em "ameaças" e "nebulosas" que envolvem a democracia e denuncia as tentativas de o Governo "seduzir e influenciar a agenda mediática". Rangel acabou por reduzir a cinzas todos os outros discursos partidários. José Sócrates pode considerar que se tratou de "bota-abaixismo", que sinceramente não sei o que é, mas o que o deputado diz muita gente pensa e sente. Até hoje, que eu saiba, foi o único responsável do PSD a responder à letra àquele discursinho do primeiro-ministro no jantar dos 34 anos do PS, no qual José Sócrates falava na necessidade de uma "democracia decente". Rangel sublinhou que o problema da democracia formal está resolvido e que se vive hoje em dia num clima de "claustrofobia democrática".