Avisos
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Para além de Cavaco, só Paulo Rangel mereceu ser ouvido. Com um discurso muito conseguido na forma e no conteúdo, o deputado do PSD pôs vários dedos na ferida: fala em "ameaças" e "nebulosas" que envolvem a democracia e denuncia as tentativas de o Governo "seduzir e influenciar a agenda mediática". Rangel acabou por reduzir a cinzas todos os outros discursos partidários. José Sócrates pode considerar que se tratou de "bota-abaixismo", que sinceramente não sei o que é, mas o que o deputado diz muita gente pensa e sente. Até hoje, que eu saiba, foi o único responsável do PSD a responder à letra àquele discursinho do primeiro-ministro no jantar dos 34 anos do PS, no qual José Sócrates falava na necessidade de uma "democracia decente". Rangel sublinhou que o problema da democracia formal está resolvido e que se vive hoje em dia num clima de "claustrofobia democrática".