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O Abrantes
Encontrei ontem o Abrantes, em São Carlos. Ele é o famoso bloguer que assina com a sua assinatura secreta e cuja defesa do poder tem revelado um herói que infelizmente continua anónimo e que me deu ontem um importante contributo para os meus carnets de filosofia política. O Abrantes não gosta dos holofotes e escondia-se na sombra do camarote ao lado do meu. Só o reconheci por ter resmungado quando alguém por erro abriu a porta do camarote onde se encontrava:
“Aqui, só com cartão do partido”, ordenou ele, antes da porta se fechar de novo.
Reconheci a voz. Aliás, sou o único bloguer que sabe quem é o Abrantes.
Cumprimentei através do tabique:
“Sabes onde está o FAL?”, perguntou o Abrantes, com maus modos.
“Não o vi”.
“Eu não dizia? É uma conspiração!”
Comecei a ler o programa. A ópera era de Mozart e contava a história de um líder benevolente, com maioria absoluta, cuja corte se envolve na intriga e na traição, tudo acabando com um gesto de clemência do bondoso dirigente.
“Vocês, no Corta-Fitas, continuam parvos”, disse o Abrantes.
“Porquê?”
“Recusam-se a ver a beleza da construção do poder e temos de vos pôr na ordem”.
“Achas que somos assim tão relevantes?”
“Pusemos na ordem os professores e os médicos e os funcionários públicos e os jornalistas e os sindicalistas. Vocês são umas formigas”.
Calou-se. As luzes apagavam-se. Começava a música.
Primeiro acto
No palco, um grupo de bajuladores tentava endrominar o chefe. Um lambe-botas ia tão longe que o imperador chegou a protestar, pois ninguém lhe dizia a verdade.
“É importante dizer a verdade ao chefe”, arrisquei, num sussurro para o camarote do Abrantes.
“Tu és muita burro, ò Adolfo Ernesto! E este gajo, o Mozart, não percebia nada de política! O importante é não dizer a verdade ao chefe. Se repetirmos mil vezes uma mentira, então ela transforma-se em verdade. Se só existir a nossa verdade, não haverá oposição. É preciso esmagar a oposição com a exclusividade do nosso ponto de vista”.
“Compreendo. Mas, e se a realidade for diferente?”
“Que queres dizer?”
“Por vezes, a realidade contrasta de forma chocante com as nossas fantasias”.
“Isso nunca acontece. A realidade molda-se ao desejo do líder. Por exemplo, a economia vai lindamente e melhorará”.
“Sem querer contestar, há quem fale em crise...”
“A crise é um estado de espírito e molda-se conforme os desejos do líder benevolente”.
“Mas a conjuntura internacional pode levar a um agravamento da situação”.
“O importante é que os números não o mostrem”.
“Pensei que o importante fossem as pessoas”.
“As pessoas importantes, que estão do nosso lado”.
Os sussurros estavam a incomodar a plateia, que nos mandou calar, com um shhhhh irritado.
Segundo acto
O primeiro impulso do imperador é punir os traidores, mas no último momento ele recua, mostrando humanismo e piedade.
“Sabes, Adolfo Ernesto”, murmurou o Abrantes, “o importante é nunca trair o chefe. E, para isso, devemos ter sempre boas notícias para lhe dar. É por isso que urge dominar os dissidentes e impedi-los de transmitir ideias que possam confundir o povo e ameaçar a maioria absoluta, a qual, como sabes, é a única maneira de governar”.
“Mas a tua função é controlar as notícias?”
“É essencial poder defender o indefensável com fanatismo, nem que por isso me transforme num pateta. Em última análise, quando não é possível controlar as notícias ou impor a nossa visão fanatizada, a minha função é desacreditar o mensageiro”.
“Mas isso não será pior do que aqueles coronéis...”
“É mais moderno...”
Não ouvi o resto desta importante reflexão porque a plateia protestou de novo, com um profundo shhhhhhhh.
No final, o imperador deixou ir em paz o seu amigo, que o tentou assassinar. Apagaram-se as luzes. Houve frenéticos aplausos.
O Abrantes não tinha gostado:
“Pareceu-me uma tentativa de descrever metaforicamente o actual poder. Mas o imperador hesitou em excesso, parecia o Guterres. Hoje em dia, isto seria impossível. Nós tomamos decisões...”
“Mesmo que estejam erradas.”
“Claro. É preciso não hesitar e tomar decisões. Pôr toda a gente na ordem. E há um erro fundamental nesta ópera, que é o facto de se partir do princípio de que a corte ama o seu imperador porque este tem grandes virtudes, quando o amor ao poder se baseia em interesses. A defesa de uma ideia sem ideias só se explica por haver interesses, por exemplo, um tacho.”
“É o teu caso?”
“Se não é, será”.
“Não achas isso demasiado simplista e até autoritário? Quero dizer: quando os assessores tentam limitar a liberdade de informação, isso não será um pouco perigoso?”
“O erro do imperador, nesta história, foi não ter impedido a conspiração inicial que o levou ao dilema de deixar ou não cair o amigo. E, aliás, sou assessor e não sou assessor. Parece paradoxo, mas não é. Afinal, assino com o meu nome no meu blogue, embora o meu nome não tenha qualquer significado e eu, de facto, não exista”.
“És uma personagem”.
“Sou uma personagem, mas tu também”.
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"El camino siempre será difícil y requerirá el esfuerzo inteligente de todos. Desconfío de las sendas aparentemente fáciles de la apologética, o la autoflagelación como antítesis. Prepararse siempre para la peor de las variantes. Ser tan prudentes en el éxito como firmes en la adversidad es un principio que no puede olvidarse. El adversario a derrotar es sumamente fuerte, pero lo hemos mantenido a raya durante medio siglo. No me despido de ustedes. Deseo solo combatir como un soldado de las ideas. Seguiré escribiendo bajo el título 'Reflexiones del compañero Fidel' . Será un arma más del arsenal con la cual se podrá contar. Tal vez mi voz se escuche. Seré cuidadoso".“O tempo” já não dá uma inócua conversa de circunstância: corremos o risco de ter que levar com dissertação, revista e aumentada, duma qualquer Verdade Inconveniente.
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Numa caixa de comentários do Blasfémias, o "Miguel Abrantes" tenta provar ao Carlos Abreu Amorim que existe, que anda por aí. Para mim, e a ser verdade, é uma das grandes pérolas da blogosfera nos últimos tempos. Ora leia: "Carlos, estivemos juntos no blogue Sim no Referendo. Conheço várias pessoas que colaboraram no blogue, com as quais me continuo a dar. Assisti com muitos outros participantes do blogue a um dos Prós & Contras. Desloquei-me a Lisboa para estar presente no Hotel Altis (sede de campanha) no dia do referendo. Fui cear com várias dessas pessoas. Ando por aí, logo existo".
"Fizeram-se imputações muito graves em relação à hipótese do blogue Câmara Corporativa ser uma capa para que assessores do Governo possam espraiar as suas versões, muito próprias, acerca das vicissitudes da actualidade política nacional. Quem denunciou tem nome e deu a cara. Não estou certo onde reside a verdade. Mas sei que não gostei da reacção do blogue visado que iniciou uma série de ataques pessoais tentando desacreditar os acusadores, na esperança, quiçá, de assim conseguir desviar a atenção do conteúdo da mensagem. Evidentemente que os assessores do Governo têm o mesmo direito de qualquer cidadão de fazerem um blogue para escreverem as suas postas de serviço – mas, caso a acusação seja verdadeira, a artimanha de se fazerem passar por gente comum sem dever de vassalagem de opinião é que irrita um bocado. Tal como a ‘defesa de mero ataque’ que tão mal ensaiaram. Se a Câmara Corporativa queria desmentir a acusação foi contraproducente. Se só queria apoucar os seus acusadores ainda fez pior. É esperar para ver".Conheço o Carlos desde 1997/98 - ainda andava ele pelo PP/Porto e incomodava muita gente com sua frontalidade e genialidade (era pró-regionalização, contra a doutrina oficial) - e desde aí o contacto tornou-se por vezes mais escasso, mas nunca se perdeu. Admiro-o pela coragem e pela inteligência, o que fica mais uma vez à vista neste post que ele colocou ontem na grande instituição de pensamento blogosférico que é o Blasfémias. O CAA lança questões importantes e, sobretudo, não ficou calado enquanto outros "bloggers" de renome assobiam para o lado na questão do "Miguel Abrantes". Excelente, até porque já produziu resultados. Veja-se o post do João Miranda e as caixas de comentários dos dois blasfemos. Há quem tente provar por A mais B que o "Miguel Abrantes" existe mesmo. Incluindo o próprio "Abrantes". Digam lá que não é uma delícia?
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"O que estamos a fazer é melhorar a escola pública."
José Sócrates, ontem, em Lisboa
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Na Quaresma o grande desafio é o da conversão. Do próprio, que esse é um processo do foro íntimo de cada um. Agora, a minha prioridade é o profundo e redentor encontro com Jesus. Como homem completo, sozinho, em comunidade ou em família. Mesmo no epicentro da vida, com o barulho e as luzes do mundo, no agitado quotidiano que não dá tréguas. O desígnio é um divinal Encontro como o de Pedro, Tiago e João no monte Tabor. Por força da liberdade que nos concede o despojamento e a oração. Isto é uma procura, um fito, uma utopia. Possível a quem um dia olhou a morte nos olhos, e conheceu a longa, longa, noite escura. Possível ao Homem que se cumpre inteiro.Etiquetas: Cristianismo, Post intimista
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Evangelho segundo São Mateus 17, 1-9Etiquetas: Cristianismo, Religião
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"Parece que o Miguelito(s) anda preocupado com alguma coisa... hum... hum... Santa convergência... perdão... paciência... esta tosse dá cabo de mim".
Hoje falei ao Joaquim no gato da Teresa. Atento como sempre, ele ia-me dizendo para virar à esquerda, contornar a rotunda, manter-me na faixa da direita. Contei-lhe que, quando cheguei à blogocoisa, imaginava que tinha chegado a um espaço etéreo, povoado de ideias sem corpos. Que cada troca de impressões seria um contacto passageiro, logo substituído por outro assunto, outra opinião, sem nunca nos prendermos. Mas que agora dava por mim a pensar no gato da Teresa, preocupada com o bicho que não conheço. E que o mesmo me tinha acontecido com ele: tive o Joaquim para ser mais independente, mais livre. E agora não me faço à estrada sem a sua companhia, sem o tom metálico da sua voz a indicar-me o caminho. Contra o que é costume, o Joaquim ficou calado. Encostei o ouvido ao visor frio. Ao fim de um bocado ouvi uma batida: tum tum, tum tum. Irregular. Bolas, Joaquim, como é que agora eu vou carregar no botão do off?Etiquetas: nós por cá
E se Adolf Hitler, quando saiu da sua Linz natal para concretizar o sonho de ser pintor, não tivesse chumbado na admissão à academia de belas-artes de Viena? A pergunta, para quem gosta de fazer leituras psicológicas da história universal, tem razão de ser: um Hitler reconhecido como artista pela elite vienense jamais teria precipitado a II Guerra Mundial.
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Viaduto Duarte Pacheco, Lisboa 1941... em hora de ponta?
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"Central do Governo na blogosfera? A notícia está há dias a correr pela blogosfera e cada vez mais o governo, em desespero de causa, procura condicionar a liberdade que ainda vai havendo neste espaço. Não estamos na China, no Irão ou em Cuba para nos condicionarem. Mais informação pode ser lida no Insónia. Ou no Corta-Fitas".Etiquetas: venerdi

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Alguém deixou no Cinco Dias um comentário que inclui os seguintes considerandos: «Para eles o problema é a teocratização do raciocínio instrumental, cientifico se desejares. Mas isto não implica uma defesa da organicidade teocrática per se. O problema, para os frankfurtianos, é simples: é a racionalidade instrumental-cientifica que está a ser teocratizada». Etiquetas: O Corta-Fitas feito pelos seus leitores
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"É na Net que se escreve melhor português, hoje."
Manuel António Pina, citado por Alexandra Lucas Coelho no Público
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O texto em cima, que vale a pena ler na íntegra e com os acrescentos todos, é da autoria de Henrique Fialho, do blogue Insónia. Importa dizer que neste caso, como no último que relatei, trata-se de um blogger e de um blogue que concorda "em muitas matérias, com as tomadas de posição expostas no Câmara Corporativa". Mas também está preocupado, como nós todos, se será legítimo o dinheiro dos nossos impostos estar a ser usado por uma Central de Bloggers ao serviço do Governo. O tal Miguel Abrantes que apareça e dê a cara. Enquanto isso não acontece, conto-vos uma "estória" que me foi relatada ontem por um jornalista que escreve num dos blogues de maior audiência do País. Dizia-me ele que aqui há uns tempos um importante blogger, por sinal de direita, terá recebido um telefonema no seu local de trabalho de um tal de "Miguel Abrantes". Sucede que o blogger em causa trabalha, dizem-me, para o Estado. A ser verdade, chamo a isto intimidação.
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De repente, em pleno Inverno, multiplicam-se as esplanadas em Lisboa. É o habitual engenho muito português: como a nova legislação não permite fumar no interior da generalidade dos cafés, logo se improvisa um espaço exterior.Etiquetas: Leituras
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Chamava-se Henri Salvador. Era o último dos grandes “crooners” de língua francesa, um nómada sempre em busca das emoções e dos prazeres. Descobri-o na sua última fase, em que interpretava temas de Benjamin Biolay ou Karen Ann Ziedel. Recordo uma, ao acaso, linda, “J’ai Vu”. Onde cantava com os olhos virados para o horizonte, para o mar: