sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Cardiopatia

Hoje falei ao Joaquim no gato da Teresa. Atento como sempre, ele ia-me dizendo para virar à esquerda, contornar a rotunda, manter-me na faixa da direita. Contei-lhe que, quando cheguei à blogocoisa, imaginava que tinha chegado a um espaço etéreo, povoado de ideias sem corpos. Que cada troca de impressões seria um contacto passageiro, logo substituído por outro assunto, outra opinião, sem nunca nos prendermos. Mas que agora dava por mim a pensar no gato da Teresa, preocupada com o bicho que não conheço. E que o mesmo me tinha acontecido com ele: tive o Joaquim para ser mais independente, mais livre. E agora não me faço à estrada sem a sua companhia, sem o tom metálico da sua voz a indicar-me o caminho. Contra o que é costume, o Joaquim ficou calado. Encostei o ouvido ao visor frio. Ao fim de um bocado ouvi uma batida: tum tum, tum tum. Irregular. Bolas, Joaquim, como é que agora eu vou carregar no botão do off?