sexta-feira, novembro 30, 2007

Ainda é sexta-feira?

Sarai Givati, numa produção do Daily Mail.

Este ditador vem a Lisboa (13)


Meles Zenawi

Primeiro-ministro da Etiópia desde 1995 (onde o cargo de presidente é quase só cerimonial). Tem 51 anos.
Numa guerra, como é sabido, a primeira vítima é a liberdade de imprensa. Uma regra válida para a Etiópia, que tem andado em guerra com a vizinha Somália. Prisões e deportações de jornalistas são uma constante neste país que passou sem transição do domínio de um monarca absoluto para um dos mais asfixiantes regimes marxistas-leninistas do continente africano. A promessa de democracia nunca passou do papel: a "eleição" de 2005 foi considerada fraudulenta pela comunidade internacional. Todos os jornais que ousaram denunciar a fraude foram encerrados enquanto os mais destacados opositores do chefe do Governo eram detidos. Existem centenas de presos políticos, parte dos quais nunca submetida a julgamento. Têm melhor sorte do que os 193 mortos em 2005, pelas forças de "segurança", durante uma manifestação de protesto contra o Executivo.
Os métodos de tortura da polícia etíope, de acordo com a Amnistia Internacional, incluem choques eléctricos e violentas cacetadas nos pés das vítimas, penduradas de cabeça para baixo. "Na prisão de Kaliti, pelo menos 17 detidos foram liquidados nas suas celas", denuncia aquela prestigiada organização, galardoada com o Nobel da Paz.
Zenawi é um déspota. Portugal prepara-se para recebê-lo com todas as honras.

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Homo Socraticus (2)

José Luis Rodríguez Zapatero é líder incontestado do PSOE (socialistas espanhóis) e o quinto presidente do Governo desde a mudança para a Democracia (que diferença connosco, contem quantos primeiros-ministros tivemos). Ganhou as eleições em 2004 (um ano antes de Sócrates) e desde aí mandou regressar as tropas do Iraque (e mandou outras para o Afeganistão), começou a negociar com os terroristas da ETA e legalizou o casamento entre homossexuais. É um modernaço e, como já me disseram alguns "periodistas" do país vizinho, é "um clone" de Sócrates.
Tive acesso ao "índice presidencial e de cenários políticos" em Espanha de Outubro, da autoria do conhecido consultor político José Luis Sanchís e fiquei meio surpreendido, meio conformado. Sanchís, para quem não sabe ou não se lembra, foi o homem que ajudou Francisco Sá Carneiro a ganhar as legislativas de 1979 e que inaugurou a comunicação política em Portugal. Ele diz que Zapatero (59%) tem mais hipóteses que Rajoy (41%) de vencer as próximas legislativas. Mas alerta para o facto de alguns temas ainda poderem baralhar as contas: a presidência do Tribunal Constitucional e a sua decisão sobre o estatuto da Catalunha; a ocorrência de algum atentado da ETA ou de cariz islâmico; uma crise de infraestruturas em Barcelona; e as posições "soberanistas" face à Catalunha e ao País Basco.
Ao menos, por lá, ninguém dá nada por adquirido. Por mais adquirido que possa parecer, à primeira vista.

Uma sexta-feira altruísta

Este belíssimo Baby Doll que suspira «classe» foi fabricado com chifon multifibras e é ideal para completar qualquer celebração. Agora que o Natal se aproxima, oferte-o à sua cara-metade e termine o ano de forma mais cor de rosa. (Modelo não incluída)

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Para eles, isto é uma coisa boa

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Se não é, parece

Intitula-se «A Culpa dos McCann». O autor é Manuel Catarino, chefe de redacção do Correio da Manhã e quem escreve o prefácio é Francisco Moita Flores. Livro, capa e mais informações têm embargo até dia 3 de Dezembro, mas a editora Guerra & Paz vai avisando: «O título deste livro, A Culpa dos McCann, não é um ponto de chegada, mas um ponto de partida. Este livro é essencialmente um trabalho jornalístico (…) Não aponta um dedo acusador aos McCann». Claro que não. Que disparate! Enfim…Há notas de imprensa capazes de ensinar spin ao vigário.

As leis do mercado (4)


Nas últimas duas décadas as dívidas à banca substituíram os filhos como garante da estabilidade matrimonial. Prevê-se que a situação se inverta à medida que o mercado de arrendamento se for animando.

Zzzzzzzzzzzzz

Às duas e quarenta da madrugada, pázinhos! É a essa hora que a RTP anuncia a transmissão do programa de Rui Ramos «O Portugal de...», hoje com Miguel Esteves Cardoso. Quantas italianas duplas querem que eu engula? O que me vale é a certeza de que a festa de aniversário da Casa Fernando Pessoa terá todos os condimentos para afugentar o sono.

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Falemos de coisas sérias


Alguém tem aí 500 notas destas que possa dar a António Costa? Estou um bocadinho farto de eleições.

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Friday's special


Pouco depois de Liduvina ter saído, entrou o cão.
Vem cá, Orfeu – disse o dono – vem cá! Pobrezito, que já tens poucos dias para viveres comigo! Ela não te quer lá em casa. Mas aonde te vou largar? que vou fazer de ti? que serás tu sem mim? És capaz de morrer, eu sei! Só um cão é capaz de morrer quando não vê o seu dono. E eu fui mais que o teu dono, fui o teu pai, o teu deus! Ela não te quer lá em casa, afasta-te de junto de mim! Porque tu és o símbolo da fidelidade, estorvarás lá em casa? Quem sabe!... Acaso um cão surpreende os mais secretos pensamentos das pessoas com quem vive e embora se cale... Mas eu tenho de me casar, não tenho outro remédio senão casar-me... De contrário, sabes, nunca mais deixo de sonhar! E tenho de despertar.
Mas porque me olhas desse modo, Orfeu? Parece que choras sem lágrimas... Queres dizer alguma coisa? Vejo que sofres por não poderes falar. Mas depressa me apercebi que tu não sonhas! Tu é que me estás a fazer sonhar, Orfeu! Porque é que existem cães, gatos, cavalos, bois, ovelhas e animais de toda a espécie e sobretudo domésticos? Na falta de animais domésticos para descarregar o peso da animalidade da vida, o homem podia chegar à sua humanidade? Se o homem não tivesse domesticado o cavalo, não andaria uma parte da nossa linhagem às costas da outra metade? Sim, é a vós que se deve a civilização. E também às mulheres. Mas não será a mulher outro animal doméstico? E se não houvesse mulheres, os homens seriam homens? Ah, Orfeu, vem de fora quem da casa te põe fora!
E apertou-o contra o peito e o cão, que parecia estar de facto a chorar, lambia-lhe a barba. – Miguel de Unamuno in Névoa

Já, pois!

Esperem aí! Acho que a Susan Ward que procurava era outra...

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Thank God it's Friday


Gwyneth Paltrow

Já é sexta-feira?

Consegui chegar a tempo?

quinta-feira, novembro 29, 2007

Declaração de voto

Para além do bem escrito que está, da reconstituição brilhante de uma época e tudo o mais, o que me intrigou em Glória, de Vasco Pulido Valente, foi o "chico-espertismo" do herói do livro. Porque é que alguém perde anos de vida a biografar uma figura menor é algo que me escapa. E se as crónicas semanais do VPV são de adesão imediata - amar ou odiar - a entrevista que deu ao Expresso é, para mim, um mistério. O cronista que não esconde o quanto ficou aborrecido com as inconfidências factuais do livro de memórias de Maria Filomena Mónica não pestaneja quando faz declarações surpreendentes sobre assuntos que temos como íntimos, como é o caso da relação com a filha ou com as mulheres com quem casou. Qual a linha que separa o íntimo do privado? Pulido Valente não explica, temos que adivinhar. É perturbante, sem dúvida. Voto nele. Vou lá clicar.

Palavras para ocasiões especiais (5)

Façanhudo

Nas colunas

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Cinema Nostalgia (19)


No tempo em que na lua havia rios

Há aparições na tela que ficam para sempre gravadas na memória do cinema. Uma das mais inesquecíveis é a de Audrey Hepburn à janela do seu apartamento novaiorquino, de viola na mão, cantando uma melodia que Henry Mancini compôs para ela como se estivesse em estado de graça: “Moon River”.
Cantava num sussurro, ao jeito da bossa nova. Talvez não por acaso: nesse filme – Breakfast at Tiffany’s (1961) – ela representava uma “boneca de luxo”, pronta a rumar ao Brasil, onde daria um presumível golpe do baú. E chega até a pronunciar umas frases num português bem perceptível.
O golpe jamais se concretiza: Audrey troca a miragem da fortuna por um amante sem dinheiro. E em nenhuma outra actriz isso soava tão credível. Da novela ácida de Truman Capote, Blake Edwards fez uma deliciosa comédia romântica que ainda hoje parece não ter ganho rugas. Um filme só possível por incluir Audrey à cabeça do elenco: ela deixava sempre um rasto de fascínio na tela. Todas as películas que protagonizou perduram no subsconsciente do espectador.
O que havia nela de tão especial? Uma espantosa fotogenia que desafiava os padrões de Hollywood à época, sem dúvida. Mas, mais que isso, dela se poderá dizer o que Truman Capote escreveu sobre Holly Golighly, a rapariga de província que desembarca em Nova Iorque para satisfazer todos os sonhos: “Ele triunfava sobre a fealdade, o que tantas vezes é mais sedutor que a verdadeira beleza.” Como se o autor de Música Para Camaleões soubesse de antemão quem encarnaria a sua criação literária na adaptação para cinema.
Com aquela silhueta esguia e um par de olhos capazes de iluminar a escuridão de uma viagem ao fim da noite, Audrey Hepburn triunfou sobre a fealdade numa sucessão de obras-primas que a transformaram num dos maiores ícones da modernidade forjados nas salas de espectáculo. Quer fizesse de manequim (Funny Face, de Stanley Donen, 1957) ou de religiosa (A História de uma Freira, de Fred Zinnemann, 1959), em épicos como Guerra e Paz (de King Vidor, 1956), em westerns como O Passado não Perdoa (de John Houston, 1960) ou até em fitas de espionagem (Charada, outra vez de Donen, 1963). Milhões de jovens dos anos 50 imitaram-lhe o original penteado quando a viram cortar o cabelo numa cena de Férias em Roma (William Wyler, 1953), filme que lhe valeu o Óscar com apenas 24 anos. Lançaria uma nova mode de calçado baptizada com o nome da sua personagem ao interpretar Sabrina (Billy Wilder, 1954). E deu uma sofisticação sem par ao cockney londrino com a sua fabulosa Eliza Doolittle, em My Fair Lady (George Cukor, 1964).
“As pessoas julgam que uma estrela de cinema tem necessariamente um ego gigantesco. Na verdade, é essencial não ter ego nenhum.” São ainda palavras de Capote nesse tratado sobre as luzes e sombras da sedução que é Breakfast at Tiffany’s. Palavras que parecem aplicar-se em cheio à tocante fragilidade de Audrey, actriz mais etérea do que carnal, nos antípodas de várias divas suas contemporâneas, como Kim Novak ou Ava Gardner.
Tantos anos depois, é ainda o fio da sua voz que irrompe entre as nossas melhores recordações das noites de cinema: “Oh dream maker, you heart breaker, / Wherever you’re going I’m going your way...”
Onde quer que vamos, ela acompanha-nos. E se ela nos disser que existem rios na lua, nem por um instante somos capazes de duvidar.

Publicado no DN

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Homo Socraticus (1)

O senador norte-americano Barack Obama é uma figura de proa do Partido Democrata, entrou na corrida às presidenciais de 2008 e, dizem, tem sex appeal. Também usa aqueles fatinhos escuros muito apertadinhos, gravatas monocolores e tem um discurso feito à medida. Usa a comunicação como ninguém. Ah, ao fim de semana usa o tal fatinho completo com camisa branca e sem gravata. É o mais descontraído que o conseguem apanhar.

Cadernos de Filosofia Política de Adolfo Ernesto (IX)



Conversa em futebolês

Adoro discutir futebol, porque ninguém consegue ser racional durante uma discussão sobre futebol e, como sabem, tenho fascínio pelo irracional. Mas há sempre saborosas excepções. No bar futebolândia, onde costumo passar nas noites de derby, só há inteligentes análises e os utentes usam uma linguagem específica, o futebolês, nas suas sofisticadas conversas.
Também vão lá algumas pessoas que usam gel no cabelo.
Ontem, o Pedro e o Francisco estavam a discutir o seleccionador nacional e aquilo contagiou toda a gente. De súbito, não havia ninguém que não estivesse a discutir os méritos do senhor Scolari. Excepto eu, que estava sentado no bar, minding my own business, quando chegou um tipo (de gel na cabeça e cabelo espetado) que me perguntou o que eu pensava das tácticas do senhor Scolari.
“De facto, interessa-me mais a estratégia dele”, expliquei.
“Sem eggs no Hamlets, não acha?”
Fiquei calado, a saborear o meu uísque, enquanto ele desatava numa procastinação sobre acessibilidades, tecnicidade, a cobrança de cantos e a estatística de jogadas de cabeça.
“Acho fundamental poder encostar para o golo, reforçar o flanco esquerdo, mais talento e polivalência”, disse ele, com grande convicção. “Da primeira vez que tocou na bola, o senhor selecionador transformou um defesa de raiz num segundo poste, ainda por cima em crise de forma, apesar do remate forte e colocado. É preciso alavancar mais ataques e vitórias, não acha?”
“Se fala das clássicas vitórias morais, concordo”, respondi, para não parecer indelicado.
“E não teme que isso possa colidir com a nossa tradição da crítica permanente do sucesso?”, perguntou o desconhecido.
“A tradição evolui, como sabe”.
Ele ficou a pensar naquilo, com um ar muito sério.
“E o que acha do quatro, três, três?”
“Sou favorável... em princípio”
“Então, nesta questão, estamos os dois do mesmo lado. É preciso colocar mais unidades junto à baliza adversária, numa lógica de apostar em novos valores com grande categoria e confirmar a liderança com magia e individualismo”.
“Sim”, concordei, “numa palavra: Vencer”.
“Nesse ponto, discordamos. O importante é despedir o treinador”.
Bebi mais um gole (ou seria golo?) do meu uísque. Reflecti. Percebera, naquela conversa, que o sujeito não era adepto do meu clube favorito.
Ele deve ter percebido o mesmo e afastou-se, sussurrando um insulto irrelevante. Notei que tinha dois pés esquerdos, o tipo, além de gel na cabeça.

Adolfo Ernesto

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Pacheco em baixa

José Pacheco Pereira, com 42 votos, desceu para o quinto lugar no nosso inquérito. Atrás de Vasco Pulido Valente (173 votos), Miguel Sousa Tavares (71), Rui Ramos (50) e Alberto Gonçalves (46). Isto promete.

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Palavras que odeio (46)

Rentabilidade

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quarta-feira, novembro 28, 2007

Palavras para ocasiões especiais (4)

Castanholas

Nas colunas

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Um erro

Como devem imaginar, se há coisa sobre a qual não me apetece escrever é sobre o Manchester United-Sporting Clube de Portugal, de ontem. Mas devo a mim mesmo uma ou outra observação. Digo apenas e só que o Sporting jogou lindamente na primeira parte, podia ter marcado um segundo golo (aliás marcou um, mal anulado) e acabou por cair depois do intervalo. Não sei o que se passa, mas a equipa não é a mesma. Sobre Paulo Bento, que tem feito do melhor e do pior nos últimos tempos, só uma nota: não percebi durante muito tempo a insistência em Djaló (que ainda tem que comer muita papa para ser um Jogador a sério), tal como não compreendi a aposta insistente no Purovic em Old Trafford. Num jogo rápido, de taco-a-taco, Purovic foi um jogador perdido na frente de ataque, que nem sequer prendia os defesas do United. A substituição que devia ter sido feita ao intervalo era a saída deste para entrar Vukcevic. Leandro Romagnoli, esse, ficaria sempre em campo. É por estas e por outras que Paulo Bento começa a ver a sua cabeça no cepo.
Sobre a "polémica" entre Filipe Soares Franco e Carlos Queirós, só me ocorre de momento pensar e dizer que um Presidente de um clube como o Sporting não entra em "diálogo" com um treinador-adjunto de um clube. Seja ele qual for. Mesmo que esse treinador-adjunto tenha em tempos trabalhado em Alvalade e tendo em atenção que o clube em causa é só o nosso melhor "cliente". Por falar em cabeça no cepo...

Este ditador vem a Lisboa (12)


Mswati III

Rei da Suazilândia desde 1986. Tem 39 anos.
Ao contrário dos monarcas europeus e asiáticos, cujos poderes são drasticamente condicionados pelas constituições dos seus países, o da Suazilândia é um monarca absoluto: cabe-lhe a última palavra nos domínios legislativo, executivo e judicial. A "liberdade de expressão", a "liberdade de reunião" e a "liberdade de manifestação" são reconhecidas por lei, mas podem ser suspensas por decisão discricionária do monarca, como tem acontecido com excessiva frequência. Os partidos políticos estão proibidos neste país que regista a maior taxa mundial de infectados com o vírus HIV - 42%. A corrupção é outro dos problemas mais graves deste pequeno reino da África Austral, onde a violência policial e a tortura fazem parte do quotidiano, segundo denuncia a Amnistia Internacional.
Mswati III é um tirano. Portugal prepara-se para recebê-lo com todas as honras.

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Os homens e os sacos ou nós e os sacos…

Podes trazer-me um saco para colocar os sapatos? Podes trazer-me um saco para colocar uns brinquedos? Podes trazer-me um saco para colocar uma roupa? Qualquer uma destas perguntas feita a um homem só tem um resultado: eles aparecem sempre com um saco de plástico, daqueles que nos são dados no hipermercado em quantidade e que utilizamos, posteriormente, para forrar o caixote de lixo. Confesso que não entendo porque um saco para um homem é sempre um saco de plástico, independentemente da função que lhe vai ser dada. Depois, voltam para trás, com um ar muito enfadado, como quem diz: what ever. Mas quando, finalmente, trazem a nova versão de saco e exclamamos “Isto sim é um saco!”, percebemos que não é por mal. São só as diferenças entre o cérebro feminino e o masculino a vir ao de cima.

O chá ou a falta dele


O primeiro-ministro acha muito mais importante cumprimentar Bernard Kouchner, Javier Solana, Nicolas Sarkozy, Angela Merkel, Gordon Brown, José Manuel Durão Barroso, entre outros, do que o seu "ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros". Kouchner, por acaso MNE francês, reparou e não deixou Luís Amado de mão pendurada. Um Senhor. A Euronews fez esta bela peça, que realmente diz tudo, na sua rubrica No Comment. E não é preciso, pois não?

Por que não te calas?

Há um palerma de um blogue chamado Câmara Corporativa que insiste em visar-me. Ora alega que fui, enquanto editor, um "censor", ora dá a entender que sou muito amigo do dono de uma agência de comunicação (por acaso até sou, mas de várias agências, concorrentes entre si). No limite até disse que eu, "pela calada", tinha apagado o link para o seu blogue de terceira categoria da nossa lista lateral. Na verdade nem fui eu, mas aplaudo a medida. Este palerma, que não tem outro nome, não dá a cara. Atreve-se a chamar os piores nomes e a lançar as piores infâmias sob a capa do anonimato. "Miguel Abrantes", nome que nem merece usar, é na verdade um pequeno grupo de dois ou três boys ligados ao Governo, uns spin-doctors de meia tigela que, a soldo de quem bem sei, resolvem denegrir quem bem lhes apetece, deixando sempre impoluto o seu governozeco. Ó "Miguelito", faça o que lhe apetecer, a mim é-me perfeitamente indiferente o que escreve, diz e lança para aí. Vocês, situacionistas, não me conhecem, mas eu sei quem vocês são. A diferença entre nós é só essa. Se conhecessem, não diriam as bestialidades que têm dito ou que têm dado a entender.

A má educação

Parece-me de quase total ineficácia a catequização da moral cívica oficial, pregada pelo regime no ensino escolar. Sei por experiência própria os resultados práticos das “lavagens de cérebro” efectuadas aos miúdos, massacrados desde a creche pelos bons princípios do amor à natureza, do amor à reciclagem e à solidariedade universal - bem mais bombástica e fácil do que a mesquinha e concreta “caridade” (palavra maldita) doméstica.
Sempre me pareceram deprimentes aquelas festas das escolas dos nossos miúdos (tenho em casa quatro saudáveis exemplares) em que as criancinhas, sob o olhar nervoso e cúmplice do pedagogo, ao ritmo duma dança étnica qualquer, apontam os ensaiados dedinhos aos progenitores babados, acusando-os pelo racismo ou a fome existentes no mundo... Ou no Natal aqueles bem intencionados presépios vivos, em materiais reciclados, ao som dum hino à “solidariedade”, em karaoke, contra a injustiça global. Incrédulo, ouvi os meus miúdos, chegados à 2ª classe, declamarem durante meses a "roda dos alimentos", também pintada a lápis de cera numa enorme cartolina. Isto até à próxima indigestão de chocolates ou gomas. Quanto ao seu amor à natureza, estamos conversados: sempre que nos distraímos, os higiénicos rotineiros “duches” dos miúdos dão para encher uma piscina municipal. Mais; há infindáveis anos que todos os dias de todos as semanas lembramos os adoráveis petizes para desligar as luzes que se acendem magicamente por onde passam. Quanto à propalada solidariedade é o que se sabe: basta observar atentamente a miudagem à pêra no recreio, a fanarem os cromos uns dos outros ou a gozarem até à náusea o mais fragilizado colega. Lá em casa, se não houver uma “ortopédica” voz de comando, bem vejo como funciona esse solidário cívismo principalmente se isso implicar o sacrifício dum interesse pessoal. Até a nossa mais pequenita, na hora de pôr a loiça na máquina, já aprendeu a refugiar-se “aflita” na casa de banho. Os irmãos, que não gostam de passar por otários, rapidamente reclamam, e lá se vai a preciosa harmonia no lar.
A batalha da “educação” trava-se principalmente em casa, e depende, além das referências do meio, da persistência e do exemplo categórico dos pais. Na escola, de onde Deus foi definitivamente banido, ensina-se o Mundo de acordo com a cartilha do regime. Na política, o que é importante é a ilusão de que vamos mudá-lo, amestrá-lo, mesmo que saibamos como desde sempre esse Mundo teima manter-se imutavelmente desconcertante, à imagem dos seus protagonistas.
É fácil arguir contra a violência ou injustiça, queimar automóveis e partir as montras na rua em prol da harmonia no mundo. Difícil, difícil, é olharmo-nos com humildade cristã para melhorarmos o pouco que seja em nós mesmos - a única fórmula para benignamente influenciarmos o nosso pequeno meio. Organicamente. Mas essa tarefa, tão anónima quanto imensa, quase sempre esbarra com o nosso orgulho e interesse imediato. Para nos revolucionarmos “por dentro” quase sempre somos demasiadamente comodistas e dificilmente encontramos uma motivação peremptória. E cristalizamo-nos a um passo da verdadeira redenção, e a verberar contra os outros, contra o Mundo tão injusto, num acto de desesperada catarse.

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Scolari e as carpideiras


Já que puxas o assunto, Francisco

Uma das piores características que noto em muitos portugueses é uma espécie de apologia permanente do insucesso: adoramos os derrotados, os perdedores, os deserdados. Paralelamente, abunda entre nós a inveja pelo mérito alheio. As caixas de comentários deste blogue estão cheias de proclamações raivosas contra Luiz Felipe Scolari em reacção a textos que aqui tenho escrito há mais de um ano. Dir-se-ia que toda esta gente convive mal com o facto de se tratar do treinador com melhor currículo da história do futebol português, a nível internacional. Não é matéria de opinião: é matéria de facto.
Há muito de xenofobia nestas críticas: no Fórum da TSF e na "Opinião Pública" da SIC Notícias não faltaram sequer apelos ao ministro dos Negócios Estrangeiros para "deportar o brasileiro" de território nacional na sequência do Portugal-Sérvia. São opiniões tão irracionais que não merecem mais comentário: mas funcionam como um sintoma. Esclarecedor.
O que pretendiam muitos detractores de Scolari? O seu insucesso - mesmo que isso acarretasse, obviamente por extensão, o insucesso da selecção portuguesa. Isso ficou bem patente, vezes de mais, nos sucessivos atestados de incompetência passados ao técnico por todo o género de treinadores de bancada. Tudo serviu para o denegrir: ou porque não sabia escolher a equipa, ou porque lia mal o jogo, ou porque tinha mau feitio, ou porque "não via os jogos do campeonato português", ou porque ousou confrontar "o senhor Jorge Nuno Pinto da Costa", ou porque convenceu os portugueses a pôr bandeiras às janelas num sinal de perigoso "populismo".
Ouviu-se de tudo. Na TV, em pleno Mundial da Alemanha, não faltaram sequer os pessimistas encartados - com ou sem gel no cabelo - prevendo sempre o pior resultado de jogo para jogo.
Foi assim? Infelizmente para eles, não. Scolari, depois de levar o Brasil à reconquista do Campeonato do Mundo, transformou Portugal numa das equipas mais admiradas e mais temidas à escala planetária. Este é o seu maior feito, superior até aos resultados em campo, ainda assim nada negligenciáveis: vice-campeão da Europa em 2004, quarto lugar no Campeonato do Mundo de 2006 (com o dobro das equipas em torneio, comparado com o mítico Mundial de 1966, em que Portugal ficou em terceiro).
Mais que isso: com Scolari não houve Saltillos, não houve a vergonha do Mundial de 2002 na Coreia do Sul que deixou a imagem de Portugal pelas ruas da amargura. O "sargentão", como lhe chamam, construiu uma equipa, moralizou-a e disciplinou-a. Mais ainda: chamou para os estádios portugueses milhares e milhares de mulheres, anteriormente divorciadas do desporto-rei. Depois dele, o futebol entre nós não voltará a ser um desporto só para homens.
Cometeu erros? Claro - a começar pela absurda exclusão de Vítor Baía da baliza da selecção, nunca explicada. Mas de homens infalíveis está o inferno cheio. E de infalíveis génios domésticos cobertos de "vitórias morais" está cheia a história do nosso futebol.
Cansámo-nos desse futebol que nos dava uma alegria fugaz de vinte em vinte anos. Eu, pelo menos, fartei-me. Estou com Scolari, estou com a selecção. Contra o coro de carpideiras que têm falhado sucessivas profecias, vaticinando desaire após desaire para depois poderem dizer que foram as primeiras a prevê-los. Azar dessas carpideiras: Scolari soma muito mais triunfos que derrotas. Por isso o apoio. Faço questão de não ser ingrato.

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Postais blogosféricos

1. Vim a este blogue. E gostei do que li.
2. Tem sotaque nortenho e orgulha-se disso. É a Bússola, um novo blogue que recomendo. Até porque já tinha saudades da boa prosa do Jorge Fiel.
3. O Arrastão tem endereço novo. Será que também recebe correspondência endereçada ao Senhor José Pinto de Sousa?
4. Faz você muito bem em gostar da nossa cor.

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José Pinto de Sousa

Encontrei ontem na minha caixa do correio uma carta destinada a um tal José Pinto de Sousa. É a prova que faltava para me convencer: os correios portugueses estão muito longe de funcionar com a eficiência que deviam.

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Catedráticos do esférico

"Especialistas" encartados, quase todos com o nó da gravata bem apertado, peroram na pantalha sobre o Benfica-Milan, de logo à noite. Com ar dramático, como se não houvesse assunto mais relevante. Quase como se estivesse em causa a sobrevivência de Portugal como nação independente. E o que dizem? Coisas como esta: "O Benfica tem que ganhar. Não vai ser nada fácil."
São "especialistas", repito. Falam pelos cotovelos, com tempo de antena ilimitado. Falam falam falam falam falam falam falam falam falam. Sem dizer nada.

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Cobertos de razão

O João Gonçalves, o Rui Castro e o Francisco.

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Este parte, aquele parte


Ao enviarmos soldados de uma tropa de elite para um cenário de guerra, há algo que devemos ter presente nas nossas consciências: Há fortes hipóteses de algum deles morrer. E há também algo mais a ter em consideração: Quando se voluntariam para um Corpo como os pára-quedistas e em seguida para integrar missões como a do Afeganistão, os soldados sabem ao que vão. Que o soldado Pedrosa tenha morrido aos 22 anos num desastre de viação durante uma patrulha nocturna, é estúpido e chocante. Fosse uma bala que o atingisse numa emboscada seria igualmente estúpido e chocante?
Não existem, nunca existiram, guerras sem mortos. Sem jovens soldados a regressar em caixões entre as lágrimas dos familiares, camaradas e amigos. É bom que os portugueses se apercebam de algo, no meio de toda esta catarse de luto em torno do que aconteceu ao soldado Pedrosa. Como reagiríamos se, num confronto com fogo inimigo, tivessem morrido bastante mais? Quando entenderemos que, quando uma Nação envia os seus melhores para a batalha, o faz para que morram por ela se preciso for, ou se aqueles contra com quem combatem forem superiores no terreno? Ou os soldados partem, ou não partem. Essa decisão é nossa. A partir daí, o que acontece tem muito de imprevisível. Mas também uma antecipada e negra certeza ensombrando a missão de todos e cada um.

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Palavras que odeio (45)

Alavancagem

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O que me vale é que sou católico...


Ontem à noite, depois do jogo Manchester vs Sporting, telefona-me o meu sogro, bem humorado, e diz: "Eh pá, você é sportinguista, de direita e monárquico - é bom que não tenha tendências suicidas, hem!”
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Há coisas lixadas, não há?


É injusto! Tanto que se investe em propaganda para manter a moral e na volta acontece isto: de vez em quando lá vem uma estatística europeia, ou da ONU, medir-nos e pesar-nos e - o que é verdadeiramente embaraçoso e inconveniente para os nossos rapazes que governo após governo tanto se têm esforçado por nós - comparar-nos com os outros!

O índice de desenvolvimento humano de Portugal desceu entre 2000 e 2005, o que acontece pela primeira vez nos intervalos quinquenais desde 1975. Portugal foi mesmo o único país da União Europeia e do conjunto da Europa onde esta tendência se registou nesse período, de acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2007-2008, divulgado ontem pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Entre os 13 países que acompanharam Portugal nesta tendência estão sobretudo Estados africanos, como a África do Sul, o Zimbabwe e outros da região, ou ainda o Gana, o Quénia, o Togo e o Chade.

terça-feira, novembro 27, 2007

"SIS avisa Manuel Monteiro...

... da existência de elementos de extrema direita no seu partido"



- Tá lá? Xenhor Manuel Monteiro?
- Sou eu. Quem fala?
- Icho não interecha. Xó quero avijá-lo da ejistênxia de elementos de extrema-direita no xeu partido.
- Quem é o senhor?
- Chame-me Xis. Apenas Xis.

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Na paz de Estaline


O PCP decidiu expulsar a deputada Luísa Mesquita. O camarada Estaline pode repousar em paz na sua tumba: os seus discípulos mais devotos continuam a proceder de acordo com as normas que o pai ideológico lhes ministrou.
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ADENDA Ler também:
- No limbo, de Tiago Barbosa Ribeiro, no Kontratempos
- Um saneamento é sempre um saneamento, de Rui Costa Pinto, no Mais Actual
- Traição, de Tomás Vasques, no Hoje Há Conquilhas

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O inspector martelada


Noutro país, as declarações do desembargador António Clemente Clima ao Expresso, numa excelente entrevista conduzida pela jornalista Valentina Marcelino, já teriam produzido consequências. Uma demissão, por exemplo. Ou duas. Ou um caudal de polémica. Mas foi quase como se o inspector-geral da Administração Interna não tivesse dito nada.
A verdade é que disse.
Frases como estas:

"Há por aí muita impertinência, muita intolerância, muita impaciência da parte da polícia. O que significa incompetência. E ainda mais intolerável é a atitude das chefias."
"Temos tido alguns problemas na GNR, com perseguições iniciadas por motivos que me parecem inadequados, como por exemplo, por passar um sinal vermelho. (...) A autoridade não se defende a tiro. (...) Não podemos ter como resultado de uma infracção de trânsito a pena de morte."
"[Alguns] jovens oficiais da GNR encaram o cidadão como o inimigo."
"Há por aí muita 'cowboyada' de filme americano na mentalidade de alguns polícias. Muito gosto na exibição da pistola. Muito gosto por andar à paisana. (...) É preciso muito cuidado com estes agentes policiais que andam à paisana, muitas vezes armados em agentes da PJ, fazendo um trabalho descontrolado."

Depois disto, nem ao menos o "rigoroso inquérito" do costume?

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Nas colunas

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Momento tablóide

Huma Abedin vista pelo The Observer:
Ou aqui o artigo do The Times:

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Nós por cá todos bem

Outra corrente. Esta visa apurar os vinte blogues que mais visitantes encaminham para cada um dos nossos tascos. Coube-nos a vez de sermos interpelados. Segue a resposta, com a lista (por ordem alfabética) dos vinte blogues que geralmente nos trazem mais leitores.
Miss Pearls (olá, Isabel)
Esta corrente lembra-nos a importância do intercâmbio de endereços, fundamental nas ligações blogosféricas. Desde o início, aqui temos mantido em permanência a indicação de pelo menos uma centena de blogues. Nada mais natural: estamos convictos de que a blogosfera é também uma agradável forma de convívio. Entre os blogues mencionados na nossa barra lateral, numa lista que vai sofrendo alterações com o rodar do tempo, incluem-se mesmo alguns que não se dão ao incómodo de passar cartão a mais ninguém. Mas são cada vez menos. Até porque não faz muito sentido mencionar quem persiste em ignorar os outros e até cultiva isso como uma espécie de imagem de marca. Que lhes faça bom proveito lá no Olimpo onde se instalam. Nós por cá todos bem.

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Os tugas (38)


Local: num transporte público. Personagens: uma criancinha de quatro ou cinco anos, a mãe e vários outros passageiros.
Criancinha: Hiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
Mãe: Está caladinha, Vanessa.
Criancinha: Hiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
Mãe: Já disse que te calasses. Olha que incomodas estas pessoas...
Criancinha: Hiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
Mãe: És sempre assim. Eu digo para te calares e tu nunca ligas. Já nem sei o que hei-de fazer contigo.
Criancinha: HIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!
Mãe (virando-se para os outros passageiros): É mesmo uma gracinha, não é?

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Postais blogosféricos

1. Um abraço de parabéns a todos quantos fazem o dinâmico 31 da Armada. Um ano de vida e já tanta prosa no activo!
2. Aceite o teu desafio, Francisco. Volto ao tema Scolari daqui a pouco.

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Palavras que odeio (44)

Invisual

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segunda-feira, novembro 26, 2007

Nas colunas

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Palavras para ocasiões especiais (3)

Insone

Este ditador vem a Lisboa (11)


Faure Gnassingbé

Presidente do Togo desde 2005. Tem 41 anos.
Torturas, perseguição aos opositores políticos, detenções ilegais, asfixia das liberdades públicas - incluindo a liberdade de reunião e a liberdade de imprensa. É este o quadro dominante no Togo, onde o presidente Eyadema, falecido em 2005, chegou a liderar a mais antiga ditadura do continente. Gnassingbé, filho do ditador, foi instalado no poder pelos militares, numa espécie de sucessão dinástica. As eleições que se seguiram, dando-lhe a vitória com 60%, foram consideradas fraudulentas por observadores estrangeiros. Segundo a Amnistia Internacional, os presos de consciência continuam detidos sem julgamento. A corrupção impera: em matéria de transparência administrativa, o Togo está classificado na 130ª posição entre 163 países escrutinados por organismos independentes. O poder judicial, na prática, depende do poder político.
Gnassingbé é um ditador. Portugal prepara-se para recebê-lo com todas as honras.

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Notável

Este artigo de António Barreto no Público. Tirado daqui.

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Da extrema-direita a Chávez

Um professor espanhol que costumava cantar a Cara ao Sol (o hino franquista) de braço esticado é agora o cérebro das mudanças constitucionais na Venezuela "socialista". Outros talvez se admirem. Eu não. Esta malta gosta imenso de fardas e de "pulso forte".

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Lapidado

Os furiosos detractores de Scolari continuam irritadíssimos pelo facto de o brasileiro ter conduzido a selecção portuguesa ao Euro-2008. Se fossem ingleses, que ficaram fora do Euro, a esta hora o seleccionador lá do sítio já teria sido lapidado...

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Adeus, cálculo mental


Esta manhã comprei dois artigos num quiosque: um custou 2,75 euros, o outro custou 80 cêntimos. Para pagar, estendi uma nota de cinco euros. Antes de me dar o troco, a vendedora – uma mulher de cerca de 25 anos – teve de utilizar uma máquina calculadora para fazer duas elementaríssimas operações aritméticas – a de somar e a de diminuir. Mais palavras para quê? Esta cena é suficiente para servir de atestado de incompetência à galeria de cérebros que têm gizado todas as “reformas educativas” das duas últimas décadas em Portugal. O retrato perfeito da escola que temos, multiplicado em milhares de pequenos episódios quotidianos deste género nas nossas cidades, vilas e aldeias – onde quer que os efeitos benéficos da antiga quarta classe “obscurantista” já não conseguem chegar.

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Palavras que odeio (43)

Autóctone

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Palavras para ocasiões especiais (2)

Excruciante

domingo, novembro 25, 2007

Nas colunas

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Cartas ao director (1)

Não se passa nada. Há quase uma semana que os noticiários destacam, com mais ou menos honras "de abertura", o caso do prédio de Setúbal e as desventuras dos seus azarados inquilinos. O LNEC, a solidez do edifício, a senhora do 5º andar, os pertences, a Protecção Civil, e demais “ondas de choque”. Por mim já chega: sobre o assunto há muito que estou informado e como folhetim acho-o pouco interessante. E se não se passa mesmo mais nada, "passem" antes uns desenhos animados ou entrevistem o Dr. Mário Soares.

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Qualquer dia cai o tabuleiro

O regime que mandou prender Kasparov por uma alegada manifestação ilegal é dirigido pelo mesmo senhor que foi recebido há semanas em Lisboa com pompa e discursos de circunstância. O mesmo homem que põe Kasparov atrás das grades é aquele que se emociona ao ver as lontras Amália e Eusébio no Oceanário do Parque das Nações. Que políticos são estes?

O caminho faz-se caminhando

É claro que ontem li o Público e a monumental crítica de Vasco Pulido Valente ao novo livro de Miguel Sousa Tavares, "Rio das Flores". Como o Pedro já aqui aflorou (outra para o rol das palavras odiosas) a coisa, vou deter-me noutra pérola: o artigo de Pedro Passos Coelho sobre o Orçamento do Estado e a posição assumida pelo PSD. Leia-se: "É incompreensível que o PSD, enquanto maior partido da oposição, se tenha deixado ficar preso ao passado, nos rostos e nas palavras. Quando teve a oportunidade de confrontar os socialistas com a fantasia orçamental e o engodo reformista, apresentando um caminho alternativo e preparando uma escolha diferente de que o país precisa, preferiu deixar enredar-se em desforras retóricas e distraiu-se com incidentes de carácter institucional".
Passos Coelho cita como uma das tais distracções a substituição dos presidentes das comissões parlamentares (óbvio, Miguel Relvas, um dos seus apoiantes de presente e futuro, foi um dos visados), ao mesmo que deixa claro, pela segunda vez (a primeira foi no congresso de Torres Vedras), que está a preparar-se para o que der e vier. Para o pós-Menezes, para o pós-2009. Mas pode muito bem acontecer que as suas ambições só possam materializar-se bem mais tarde. De uma coisa o antigo deputado e ex-vice de Mendes não pode ser acusado: de não trilhar um caminho próprio. É o primeiro a fazê-lo, o que pode ter a vantagem de marcar terreno e a desvantagem de se desgastar até ao momento em que surjam outros.

Dia da Liberdade

Hoje dia 25 de Novembro celebram-se 32 anos sobre o fim do PREC (Processo Revolucionário em Curso) – a interrupção da via para o socialismo de Cunhal, Otelo e camaradas.
Hoje, festeja-se o sonho de um Portugal mais próspero e livre. Mesmo sabendo que temos ainda tanto, tanto que fazer...

Na imagem Danny Kaye.

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«Mila kuda su plania» ou «Mila kura si planina»?

Consta que a derrota da Inglaterra frente à Croácia na passada quarta-feira não foi marcada apenas pelo afastamento dos ingleses do Euro-2008. O momento alto da festa (Croata) foi mesmo uma interpretação algo original do seu hino. Esta originalidade pode ter escapado à maioria dos 80 mil espectadores do estádio de Wembley, visto serem ingleses, mas não deixou de suscitar dúvidas aos adeptos croatas: “O que foi que ele disse?”, terão perguntado. É que Tony Henry, cantor de ópera britânico, ao invés de ter dito «Mila kuda su plania», que quer dizer «sabes querida como gostamos das tuas montanhas», entoou «Mila kura si planina», que significa «minha querida, o meu pénis é uma montanha». Mas parece que os croatas atribuem a vitória sobre a selecção inglesa a esse episódio – que terá, porventura, relaxado os jogadores – e, assim, como em equipa que ganha não se mexe, convidaram-no já para entoar o hino nacional por alturas do Europeu. Pelos vistos, a língua croata é, também, muito traiçoeira…

Domingo

Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses

Irmãos: Damos graças a Deus Pai, que nos fez dignos de tomar parte na herança dos santos, na luz divina. Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção, o perdão dos pecados. Cristo é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura; Porque n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis, Tronos e Dominações, Principados e Potestades: por Ele e para Ele tudo foi criado. Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste. Ele é a cabeça da Igreja, que é o seu corpo. Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar. Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas na terra e nos céus.

Da Bíblia Sagrada

Nota: No próximo Domingo começa o Advento, a preparação para o Natal cristão. Assim, durante essas quatro semanas festivas, esta rubrica será devidamente ilustrada.

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Cinema Nostalgia (18)

Os dois no carro. Ela tensa e desconfiada, ele pragmático e demasiado descontraído. Têm pela frente uma longa viagem e nós, em total dissonância com o par, instalamo-nos no assento de trás, a pressentir que o que vem a seguir só pode ser imperdível. E é.
Um homem e uma mulher podem ser amigos, ou o sexo aparece sempre no meio? – esta é uma das questões provocatórias que saltam, do diálogo fabuloso que se desenrola entre os dois, para a nossa agenda. Podem? (Quando saí do cinema tratei logo de averiguar. Os resultados, confesso, ainda hoje me dão que pensar. Mas isso é outra conversa...)
Presos cada um às suas idiossincrasias, Meg Ryan e Billy Crystal lançam-se numa disputa que os transcende. O que se desenha ali, desde o começo, é uma guerra dos sexos, mas ao contrário das muitas disputas de género que já vimos no cinema esta é sustentada por um guião brilhante, servida por desempenhos inesquecíveis e sublinhada a cores por uma banda sonora de luxo.
Um Amor Inevitável
(no original When Harry Met Sally), dirigido por Rob Reiner e com argumento de Norah Ephron (que recebeu uma nomeação para o Óscar), tem a capacidade rara de nos prender ao ecrã desde os primeiros minutos porque é uma comédia inteligente e manipuladora. Inteligente porque prescinde desde logo do modelo baseado em personagens estereotipadas a que nos habituámos nesta categoria de filmes. E manipuladora porque ao sermos surpreendidos por um Harry e uma Sally (as personagens de Crystal e Ryan) credíveis, envolvemo-nos mais do que é suposto acontecer quando se trata, afinal, de assistir a uma comédia.
Porque é muito real, este par não permanece estático. Vemo-lo evoluir, assim como a relação que vai construindo ao arrepio da lógica e da sua própria vontade, como tantas vezes acontece na nossa vida.
Cada um investido das razões que naturalmente os qualificam como oponente do outro, Harry e Sally são também a metáfora do que pode ser, sobretudo nos tempos que correm, a relação entre um homem e uma mulher. Da luta à rendição, desenrola-se um novelo feito de conflitos de interesses, interferências hormonais despropositadas - e mesmo inconvenientes - , curiosidade, desconfiança e admiração.
Quando, na cena final do filme, os protagonistas assumem, enfim, o romance, o nosso sorriso flutua entre a condescendência e a ternura, como quem pensa “que parvos!” E no fundo, estamos, provavelmente a pensar em nós: orgulhosos, complicados, patéticos e divertidos, donos da metade de uma verdade que para ter graça precisa mesmo de encaixar na outra.
Um Amor Inevitável foi, para mim, um amor à primeira vista. E em vinte anos não envelheceu. Continua irresistível!

Nota: na foto a célebre cena do falso orgasmo de Meg Ryan, aliás Sally Albright

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Palavras para ocasiões especiais (1)

Cáspite

sábado, novembro 24, 2007

As tendências no CDS

Li hoje no insuspeito Expresso que o CDS vai mesmo institucionalizar as tendências (políticas) internas. Quando se falou nisso há uns meses pensei, sinceramente, que não podia passar de uma brincadeira. Agora que li e vi a coisa impressa temo o pior. Então como é possível que um partido que tem três ou quatro por cento nas intenções de voto queira oficializar a divisão e as divergências político-ideológicas? A coisa é meia disparatada, mas só quando estiver a andar é que vamos poder aquilatar (outra palavra para o Pedro) das suas reais potencialidades. Parece que o líder da tendência liberal ou seita é o simpático António Pires de Lima. Mas há mais: a tal tendência, como Pires de Lima é um homem muito ocupado fora da política, até vai ter direito a um porta-voz. Um homem que dá a cara e uma "declaração programática escrita". Como se não bastasse, o CDS (que ou muito me engano ou vai voltar em breve a ser o partido do táxi) tem mais duas tendências já em andamento. Uma "democrata-cristã conservadora", liderada pelo muito católico (eu sei, porque ele tem as crianças na mesma escola que a minha filha) Paulo Núncio, e a outra que se diz dona da "direita do partido". Esta última, que se assume como "eurocéptica" e "anti-regionalista", tem como figura de proa Ismael Pimentel, ou seja o herdeiro do "monteirismo" sem Monteiro no CDS/PP. Agora começo a perceber melhor as razões profundas para este regresso de Paulo Portas não estar a correr nada bem. É que nunca se volta ao lugar onde já se foi feliz (ou infeliz), em especial se esse lugar tiver virado um lugarejo infestado de vários pequenos senhores feudais.

As nossas guerras

Por Rui Ramos (que não está mal colocado no inquérito aqui ao lado), no Blogue Atlântico
(...)
Morreram mais portugueses em combate na Flandres num ano, entre 1917 e 1918, do que durante 13 anos de guerra em Angola entre 1961 e 1974 (1380 contra 1098).
Há uma primeira explicação para a escassez de memória pública. Estas foram guerras numa sociedade politicamente polarizada e comprimida. A intervenção na I Guerra Mundial foi a guerra de Afonso Costa, da esquerda republicana e da sua “ditadura da rua”; as campanhas de África, a guerra de Salazar, da direita nacionalista e da ditadura da PIDE.
(...)
48 anos de ditadura, e 33 anos de democracia: para além dos mortos e dos traumas, eis o que, até ver, devemos às nossas guerras. >>Ler tudo>>

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Vasco 'versus' Miguel

Vasco Pulido Valente arrasa hoje Miguel Sousa Tavares numa implacável crítica ao romance Rio das Flores dada à estampa no Público. No inquérito do Corta-Fitas Pulido Valente também arrasa: lidera com 35%. Sousa Tavares segue num distante segundo lugar (14%), já com mais de 300 votos recebidos.

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Ai se ele ganha...

Consta que José Ramos-Horta, que este ano é presidente da República de Timor-Leste (nunca sabe quando quererá voltar a trocar com Xanana Gusmão...), propôs ou vai propor um senhor chamado José Manuel Durão Barroso (e a União Europeia) para o Prémio Nobel da Paz de 2008. Espantados? Eu também, agora imaginem como devem andar a sofrer os bloquistas, comunistas, socialistas e muitos dos que se opuseram à invasão do Iraque e à remoção de Saddam. Difícil de engolir, de certeza. Nos próximos dias iremos assistir ao desferir de ataques nunca vistos a Barroso. Eu estou a prever o primeiro dos argumentos: dar o Nobel da Paz a Barroso, um dos quatro figurões da Cimeira das Lajes, seria o mesmo que dar o Nobel da Literatura a Margarida Rebelo Pinto...
Caso o homem entre mesmo na short-list e se, por incrível que nos possa parecer agora, viesse a ganhar, aí então nem quero pensar. À direita iria ser um rebuliço, com o professor Marcelo Rebelo de Sousa a ser ultrapassado na sucessão a Aníbal Cavaco Silva em Belém. Mas isso, para já, não passa de um cenário. Esse filme ainda vai nas apresentações.

Irreguláveis

Totalmente de acordo com o que o Henrique Fialho escreve na sua Insónia: não pode ser mais peregrina, esta ideia de "regular" os blogues. Que são essencialmente, não o esqueçamos, díários pessoais. E por natureza irreguláveis.

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Não sabia


A autora deste blogue diz que divide as pessoas entre "as que gostam e as que não gostam de Frank Sinatra". Não sabia que havia quem não gostasse.

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Este ditador vem a Lisboa (10)


Laurent Gbagbo

Presidente da Costa do Marfim desde 2000. Tem 62 anos.
Neste país mergulhado há vários anos em guerra civil (entre os cristãos, a sul, e os muçulmanos, a norte) registam-se os mais diversos atropelos aos direitos humanos. Ficou definitivamente desfeita a imagem da Costa do Marfim como um oásis de estabilidade no turbilhão africano.
Embora a Constituição estabeleça um prazo de cinco anos para cada eleição presidencial, o prazo foi há muito ultrapassado: Gbagbo perpetua-se no palácio presidencial. A liberdade de imprensa é cada vez mais frágil: a maioria dos meios de informação pertence ao Estado e limita-se a fazer propaganda ao poder. Nas zonas controladas pela guerrilha anti-Governo, a asfixia da liberdade informativa é ainda mais evidente.
Os direitos de reunião e de manifestação não passam do papel. Segundo o mais recente relatório da Freedom House, "nos últimos anos, diversas manifestações da oposição foram violentamente reprimidas por forças do Governo, que causaram vários mortos".
O país não tem um sistema judicial independente: os juízes funcionam como delegados do poder político e são extremamente permeáveis à influência do Governo e dos seus agentes.
Segundo o relatório anual da Amnistia Internacional, "as forças de segurança têm praticado detenções arbitrárias, torturas e execuções extrajudiciais".
Laurent Gbagbo é um ditador. Portugal prepara-se para recebê-lo com todas as honras.
................................................................................................
Prossigo esta série agora animado pelo extenso decalque que a revista Sábado, embora sem citação de origem, lhe fez na sua última edição (páginas 86 e 87). A causa é excelente: alertar a opinião pública portuguesa para as ditaduras africanas que não tardarão a ser enaltecidas até à náusea em Lisboa. Por isso só posso sentir-me lisonjeado com tal decalque.

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Abruptamente

O Abrupto abandonou o Blogómetro, onde nunca chegou ao topo, apesar de recorrer cada vez mais a fotos e textos dos leitores, num sintoma de manifesto populismo. Há coisas fantásticas, não há?

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Palavras que odeio (42)

Propositura

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A descobrir hoje, em Londres

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sexta-feira, novembro 23, 2007

Este ditador vem a Lisboa (9)


Zine Ben Ali.

Presidente da Tunísia desde 1987. Tem 71 anos.
Há vinte anos, liderou um golpe militar contra o decrépito presidente Bourguiba. Gostou tanto da experiência que decidiu ficar: ocupou o palácio presidencial de então para cá, tornando-se uma espécie de Grande Irmão dos tunisinos. Nada se passa no país sem o seu consentimento e sem a vigilância tutelar da sua polícia de choque.
Ciclicamente, organiza "eleições". Em 1989, obteve 99,27%. Dez anos depois, conseguiu aumentar a percentagem de "votos", recolhendo 99,44%. Em 2005, registou um ligeiro recuo, ficando-se pelos 94,5%. Estes escrutínios, totalmente manipulados, confirmam o carácter despótico deste general que persegue e prende sistematicamente os opositores políticos.
Segundo a Amnistia Internacional, existem centenas de presos de consciência na Tunísia, a pretexto do combate ao terrorismo internacional. As condições de detenção são "cruéis, inumanas e degradantes". Muitos prisioneiros são condenados em "julgamentos injustos", inclusivamente em tribunais militares.
Os jornalistas tunisinos queixam-se das pressões da censura: a liberdade de imprensa é fortemente condicionada no país.
Ben Ali é um ditador. Portugal prepara-se para recebê-lo com todas as honras.

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Espreitando por cima do muro

Nunca pensei que o Miguel Portas fosse capaz de fazer uma coisa destas. Só posso considerar concorrência desleal no que diz respeito às nossas sextas-feiras especiais, institucionalizadas desde o início como um espaço de respeito. O Portas do Bloco de Esquerda, a propósito das FARC, resolveu pôr uma guerrilheira que de guerrilheira tem pouco. Ou tem tudo? Estou confuso...

Porreiro, pá?

«Segundo o requerimento de abertura de instrução, que o Expresso consultou, o assistente pretende que José Sócrates e Manuel Pinho prestem depoimento sobre duas conversas telefónicas entre Manuel Espírito Santo e José Manuel de Sousa (administradores do grupo Espírito Santo) nas quais estes fazem referências a novos acordos ao mais alto nível com a nova governação sobre o empreendimento Portucale em Benavente, 'nomeadamente com o primeiro-ministro e com o ministro da Economia'.» Notícia de última hora no Expresso Online.
Sobreiro, que eu saiba, não tem qualquer tipo de tradução em inglês. Pelo menos em inglês técnico... É possível?

Viernes

Paz Vega.
P. S. - Nunca pensei que me iria caber a mim lutar pelos direitos, liberdades e garantias das morenas neste blogue. Mas esse dia chegou. Não sei se repararam, mas até a lingerie é da mesma cor que a da menina Scarlett. Olho por olho, dente por dente. E a Paz Vega tem uma vantagem: é da terra do rei que mandou calar o populista sul-americano que é grande amigo de Portugal...

Cadernos de Filosofia Política de Adolfo Ernesto (VIII)



O rapto

O Pedro Correia lançou aqui um rapto ao Luís Naves, para ele dizer aqui qual era a sua crónica favorita. Encontrei o Luís na rua, vinha perturbado, com aquela pança enorme. Falou-me do rapto:
“Sei lá qual é a minha crónica favorita? É o mesmo que me perguntarem qual é o meu livro favorito”, disse ele.
Tentei confortá-lo:
“Para mim, era fácil responder a essa pergunta. Como só li cerca de 15 livros...”
“Talvez tu possas escrever a prosa...”
Ficou logo ali combinado que seria eu a explicar aos leitores isto da arte da crónica.
O melhor cronista que conheço é o Alcibíades, um gigante (muito parecido com o Jimmy Stewart) que está a escrever a crónica desde país tristonho e melancólico, amargurado e sorumbático. Infelizmente, a obra dele ainda não está publicada. O meu amigo ocupa o seu tempo a recortar velhos jornais, na cave onde mora, que está atafulhada de pedaços de textos que ele depois cola e anota, para integrar na sua vasta obra.
(O Naves diz que ele se parece com o Joe Gould “tal como foi descrito pelo genial cronista Joseph Mitchell, na sua obra ‘O Segredo de Joe Gould’”. limito-me a reproduzir o que o Naves disse).
Mas regressemos ao rapto, como se fôssemos Miss Marple a perseguir o professor Moriarty.
O Alcibíades é homem de poucas falas. Quando lhe perguntei o que devia explicar sobre isto da crónica, ele fez um ar pensativo, severo, absorto, cogitabundo e até vagamente sorumbático.
“Há dez regras: sendo a crónica um género literário, é fundamental elevar a hipérbole e desenvolver a substância”.
Fiquei extasiado.
“E as outras nove regras?”, perguntei.
“As outras sete são o prolongamento do ego e a faculdade opinativa, numa perspectiva de realismo brutal”.
“E o que usas para observar a realidade?”
“Prefiro a teleobjectiva aos binóculos”.
O Alcibíades parecia um bonzo imerso em pensamentos cavados, profundos, abissais e desmesurados. Sem dúvida, sorumbáticos.
“Isso torna difícil compreender a verdadeira arte da crónica”, exclamei, verdadeiramente surpreendido, a tentar quebrar aquele solilóquio.
“Dizes bem, Adolfo Ernesto. Uma bela crónica é como uma mulher bela. Nós, homens, gostamos delas redondinhas e esfuziantes”. O Alcibíades perdera o seu ar sorumbático, “Foi por isso que me tornei cronista. A realidade numa crónica é como a curvatura de uma cintura feminina, a redondez de um ombro feminino, a hesitação do artista perante um adjectivo feminino, ou até de um sorriso feminino, enfim, numa palavra, a imprecisão indefinida, mas ao mesmo tempo física e absolutamente concreta”.
“E qual é a tua crónica favorita?”
“Gostei de uma crónica do Art Buchwald, que ele escreveu pouco antes de morrer: o cronista estava num aeroporto, onde esperava um avião para o céu, e transformava a sua crónica numa descrição da confusão dos aeroportos na época de Natal. Um hino à vida e coisa de mestre, com humor auto-irónico que ainda hoje me faz rir e pensar”.
“Então, Alcibíades, a crónica não tem de tratar sempre do efémero?”
“Pode ser fútil, sim, mas anda tão confundida com a opinião editorial que se banalizou, como se tornou banal a espuma na superfície das águas. E, apesar de tudo, pode ir até aos abismos da alma. Há quem consiga”.
Foi mais ou menos assim que ele falou. Confesso que não percebi metade, mas não sou cronista. Limito-me a andar pelo mundo, a relatar o que vejo, aquilo que imagino e o que poderia ser. É esta a minha visão, distorcida pelo meu cérebro com duas metades coladas uma à outra.
Despedi-me do Alcibíades e deixei-o com os seus recortes de jornais, sorumbático, a fragmentar o mundo. "Ah! E não te esqueças de um bocadinho de poesia, que é o mais importante", rematou ainda..."E como isto é uma corrente, passa a bola ao doce poeta lírico".

Adolfo Ernesto

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