Este ditador vem a Lisboa (10)
Laurent Gbagbo
Presidente da Costa do Marfim desde 2000. Tem 62 anos.
Neste país mergulhado há vários anos em guerra civil (entre os cristãos, a sul, e os muçulmanos, a norte) registam-se os mais diversos atropelos aos direitos humanos. Ficou definitivamente desfeita a imagem da Costa do Marfim como um oásis de estabilidade no turbilhão africano.
Embora a Constituição estabeleça um prazo de cinco anos para cada eleição presidencial, o prazo foi há muito ultrapassado: Gbagbo perpetua-se no palácio presidencial. A liberdade de imprensa é cada vez mais frágil: a maioria dos meios de informação pertence ao Estado e limita-se a fazer propaganda ao poder. Nas zonas controladas pela guerrilha anti-Governo, a asfixia da liberdade informativa é ainda mais evidente.
Os direitos de reunião e de manifestação não passam do papel. Segundo o mais recente relatório da Freedom House, "nos últimos anos, diversas manifestações da oposição foram violentamente reprimidas por forças do Governo, que causaram vários mortos".
O país não tem um sistema judicial independente: os juízes funcionam como delegados do poder político e são extremamente permeáveis à influência do Governo e dos seus agentes.
Segundo o relatório anual da Amnistia Internacional, "as forças de segurança têm praticado detenções arbitrárias, torturas e execuções extrajudiciais".
Laurent Gbagbo é um ditador. Portugal prepara-se para recebê-lo com todas as honras.
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Prossigo esta série agora animado pelo extenso decalque que a revista Sábado, embora sem citação de origem, lhe fez na sua última edição (páginas 86 e 87). A causa é excelente: alertar a opinião pública portuguesa para as ditaduras africanas que não tardarão a ser enaltecidas até à náusea em Lisboa. Por isso só posso sentir-me lisonjeado com tal decalque.
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