O caminho faz-se caminhando
É claro que ontem li o Público e a monumental crítica de Vasco Pulido Valente ao novo livro de Miguel Sousa Tavares, "Rio das Flores". Como o Pedro já aqui aflorou (outra para o rol das palavras odiosas) a coisa, vou deter-me noutra pérola: o artigo de Pedro Passos Coelho sobre o Orçamento do Estado e a posição assumida pelo PSD. Leia-se: "É incompreensível que o PSD, enquanto maior partido da oposição, se tenha deixado ficar preso ao passado, nos rostos e nas palavras. Quando teve a oportunidade de confrontar os socialistas com a fantasia orçamental e o engodo reformista, apresentando um caminho alternativo e preparando uma escolha diferente de que o país precisa, preferiu deixar enredar-se em desforras retóricas e distraiu-se com incidentes de carácter institucional".
Passos Coelho cita como uma das tais distracções a substituição dos presidentes das comissões parlamentares (óbvio, Miguel Relvas, um dos seus apoiantes de presente e futuro, foi um dos visados), ao mesmo que deixa claro, pela segunda vez (a primeira foi no congresso de Torres Vedras), que está a preparar-se para o que der e vier. Para o pós-Menezes, para o pós-2009. Mas pode muito bem acontecer que as suas ambições só possam materializar-se bem mais tarde. De uma coisa o antigo deputado e ex-vice de Mendes não pode ser acusado: de não trilhar um caminho próprio. É o primeiro a fazê-lo, o que pode ter a vantagem de marcar terreno e a desvantagem de se desgastar até ao momento em que surjam outros.