As tendências no CDS
Li hoje no insuspeito Expresso que o CDS vai mesmo institucionalizar as tendências (políticas) internas. Quando se falou nisso há uns meses pensei, sinceramente, que não podia passar de uma brincadeira. Agora que li e vi a coisa impressa temo o pior. Então como é possível que um partido que tem três ou quatro por cento nas intenções de voto queira oficializar a divisão e as divergências político-ideológicas? A coisa é meia disparatada, mas só quando estiver a andar é que vamos poder aquilatar (outra palavra para o Pedro) das suas reais potencialidades. Parece que o líder da tendência liberal ou seita é o simpático António Pires de Lima. Mas há mais: a tal tendência, como Pires de Lima é um homem muito ocupado fora da política, até vai ter direito a um porta-voz. Um homem que dá a cara e uma "declaração programática escrita". Como se não bastasse, o CDS (que ou muito me engano ou vai voltar em breve a ser o partido do táxi) tem mais duas tendências já em andamento. Uma "democrata-cristã conservadora", liderada pelo muito católico (eu sei, porque ele tem as crianças na mesma escola que a minha filha) Paulo Núncio, e a outra que se diz dona da "direita do partido". Esta última, que se assume como "eurocéptica" e "anti-regionalista", tem como figura de proa Ismael Pimentel, ou seja o herdeiro do "monteirismo" sem Monteiro no CDS/PP. Agora começo a perceber melhor as razões profundas para este regresso de Paulo Portas não estar a correr nada bem. É que nunca se volta ao lugar onde já se foi feliz (ou infeliz), em especial se esse lugar tiver virado um lugarejo infestado de vários pequenos senhores feudais.