quinta-feira, janeiro 31, 2008
Dois homens, a mesma luta
O "Miguel Abrantes" e o Paulo Gorjão, de repente, decidiram seguir o mesmo caminho. Não os levo a mal. Ao primeiro (ou primeiros), só volto a pedir que faça um pequeno comentário (e minimamente decente) sobre a mini-remodelação. Acrescento ainda, sobre o tema que o "Abrantes" levantou, que, mais uma vez, peca por defeito. Depois da referida peça, já fiz uma outra em que cito o presidente do PSD em on sobre o mesmo tema. Se ele vai ou não realizar o que disse, é com ele e estaremos cá para atestar. Ao segundo, só lhe recomendo que leia com mais atenção o que tenho escrito no jornal. E verá que não tiveram sorte nenhuma. Mas a esse tema voltarei em breve. Meu caro, não perde por esperar.Na véspera do 30º dia
A equipa do Estação do Calor não descansa. Ou descansa pouco. Os 3 aventureiros continuam a percorrer a estrada, a bordo de um Falcon especialista em pregar surpresas mas que tem resistido a todas as intempéries. Os rapazes estão agora algures na Patagónia Central e uma palavra de incentivo será certamente bem vinda. Visitem-nos e deixem-lhes uma mensagem que eles respondem. (A fotografia ou é do Jordi ou do Guillaume mas, seja de qual deles for, tem direitos reservados)Etiquetas: Ler os outros, Seriamente avariados da pinha como eu
Cerca de vinte junto às campas
Etiquetas: notícias
O pré-natal é quando o homem quer
Muito ouvimos dizer acerca das aulas pré-parto (ou de preparação para o parto) que funcionam como um complemento a todos os livros que podemos ler sobre o assunto. Constato que longe vão os tempos em que as salas destas aulas eram maioritariamente preenchidas só por mães. Os futuros papás agora estão por lá de pedra e cal. Devo confessar que noto uns mais vocacionados que outros. Uns escondem melhor o ar de tédio, conseguem não dormir – na aula sobre a amamentação era ver o marido da frente quase sempre de olhinho fechado –,, uns lidam com mais à vontade ao ouvir falar do corpo da mulher, outros não negam que pegam pela primeira vez num careca de borracha. Não sei o que se passa dentro de outras salas, mas a avaliar pela minha satisfaz-me dois aspectos: o primeiro é que, disfarçando melhor ou pior o “frete” de ter que ir à aula, eles estão lá todos. O segundo aspecto é mais pessoal. Considero que, se houvesse a nomeação do melhor pai das aulas pré-natal, o meu marido seria o eleito. Ele leva caneta, folhas soltas – podia ser um caderninho próprio para o efeito, mas não há problema pois quando pergunto: tens aí os apontamentos das aulas pré-parto, ele logo aponta um “Estão ali!” –, tem dúvidas, quer que eu também as tenha, e aponta tudo o que acha que pode interessar. E quando também eu possa estar desatenta, sussurra ao ouvido: “Ouviste isto? É importante.” Ou ainda: “Não queres perguntar sobre aquela dorzinha que tinhas no outro dia?” Ao que eu, no jeito de um marido envergonhado, respondo: “Não, deixa estar… já passou.” Claro que também oiço: “Já me fizeste comprar isto e não era preciso…” A melhor década do cinema (38)
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Antologia Corta-Fitas (XIII)
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Por qué no te callas? (8)
"Isto vive da confiança e dos resultados."
José Sócrates, ontem, em Lisboa
Etiquetas: José Sócrates
Por supuesto
O Jornal de Negócios noticia hoje que o BCP «está a perder mais de 220 milhões» com a sua participação de 9,9% no BPI. O La Caixa, por seu lado, tem 25% do capital do banco. Em Espanha, as notícias centraram-se apenas na distribuição de dividendos e no encaixe recente de 35,5M€. Mas quanto representam, contas feitas à data, as menos-valias potenciais para o La Caixa? Uns 500 milhões, mais tostão menos tostão? Se de um lado chove, do outro troveja
A alta governamental
Etiquetas: José Sócrates
Regicídio - Em abono da verdade
Foi ontem apresentado no Palácio da Independência, ao Rossio, o Dossier Regicídio – O Processo Desaparecido, um trabalho de dois anos de investigação coordenado por Mendo Castro Henriques e com a colaboração de Maria João Medeiros, João Mendes Rosa, Jaime Regalado e Luiz Alberto Moniz Bandeira. O livro, com 348 páginas e 400 ilustrações, resulta de dois anos de investigação que tratou cerca de 1.500 documentos, alguns inéditos, 400 artigos e opúsculos, 60 livros, de arquivos públicos e particulares.Na falta do processo instaurado na época pelo juízo de instrução criminal e convenientemente sumido depois do cinco de Outubro algures no gabinete de Afonso Costa, a obra centra-se na documentação possível dos factos ocorridos na trágica data, obviamente sem que se possam assacar conclusões cabais.
Sobre o assunto, o Juiz Desembargador Rui Rangel, a quem coube a apresentação da obra, salientou a fatídica tradição nacional da incapacidade da instituição judicial portuguesa em evitar a interferência dos poderes políticos. Como exemplo, o orador referiu, além do regicídio de 1908, o assassinato de Humberto Delgado e o caso Camarate.
Uma obra a não perder, em abono da verdade.
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Votaria no centrão
Se votasse suponho que seria no centrão. Mais pelas afinidades que eu noto entre ele e alguns líderes dessa área, do que por questões de ordem programática. É que reconheço no seu porte alguma arrogância socrática e tal como Cavaco também não lê jornais, nunca se engana e raramente tem dúvidas.
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quarta-feira, janeiro 30, 2008
Há 60 anos, assassinaram Mohandas K. Gandhi
«I suggest that we are thieves in a way. If I take anything that I do not need for my own immediate use and keep it, I thieve it from somebody else. It is the fundamental law of Nature, without exception, that Nature produces enough for our wants from day today, and if only everybody took enough for himself and nothing more,there would be no pauperism in this world, there would be no man dying of starvation». M. K. GandhiEtiquetas: in memoriam
Antologia Corta-Fitas (XII)
«Mila kuda su plania» ou «Mila kura si planina»?
Consta que a derrota da Inglaterra frente à Croácia na passada quarta-feira não foi marcada apenas pelo afastamento dos ingleses do Euro-2008. O momento alto da festa (croata) foi mesmo uma interpretação algo original do seu hino. Esta originalidade pode ter escapado à maioria dos 80 mil espectadores do estádio de Wembley, visto serem ingleses, mas não deixou de suscitar dúvidas aos adeptos croatas: “O que foi que ele disse?”, terão perguntado. É que Tony Henry, cantor de ópera britânico, ao invés de ter dito «Mila kuda su plania», que quer dizer «sabes querida como gostamos das tuas montanhas», entoou «Mila kura si planina», que significa «minha querida, o meu pénis é uma montanha». Mas parece que os croatas atribuem a vitória sobre a selecção inglesa a esse episódio – que terá, porventura, relaxado os jogadores – e, assim, como em equipa que ganha não se mexe, convidaram-no já para entoar o hino nacional por alturas do Europeu. Pelos vistos, a língua croata é, também, muito traiçoeira…
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O auto-retrato
Para quem ainda não o conhecia ou não via com assiduidade os seus excelentes comentários na SIC-Notícias (agora, infelizmente, transferiram-se para a TV Net), está disponível na blogosfera o auto-retrato de Paulo Gorjão. Em pose séria e com a arma do crime ao fundo (o teclado assassino), Gorjão está no seu melhor. Gostei de o rever, meu caro. E fique sabendo que não estou impedido de comentar nada, nem o PSD (desde Setembro, como você ironiza), nem o seu auto-retrato.Remodelação? Não houve...
Este blogue de marretas, como diz um amigo meu, passa completamente ao lado da mini-remodelação de José Sócrates. Também seria pedir muito a um grupo de spinners a soldo do Governo. Eles não escrevem porque o chefe não deixa. Ou então os sub-chefes têm guia de marcha daqui a pouco tempo e o mais vale é ficar quieto. Ficam caladinhos sobre o assunto do dia e depois inventam umas trapalhadas que só comprovam que não percebem mesmo nada disto tudo. Eu a defender quem? Eu não defendo ninguém, só faço jornalismo. E no caso que relatam, pecam por defeito. Dei notícias nos últimos dias sobre os vários players em jogo. Mas ao tal do "Miguel Abrantes" basta-lhe ler uma, se possível a última, e inventar uma série de disparates.Antologia Corta-Fitas (XI)
Etiquetas: Faltam 8 dias para o nosso aniversário
As críticas de Alegre e o receio de Sócrates
Alegre, que teve um papel importante nas presidenciais, pode ter uma intervenção decisiva nas próximas legislativas. Tudo depende da sua vontade. E Sócrates sabe isso melhor que ninguém. Daí o seu receio.
Etiquetas: Assim se faz política
Por qué no te callas? (7)
Etiquetas: José Sócrates
A melhor década do cinema (37)
Etiquetas: Anos 50
Toca a votar
Etiquetas: questionário
SNS - Porquê tanta revolta? (7)
Confesso que as descrições dos seus padecimentos me aborreciam, mas quando ela começava a contar o que se passava com as enfermeiras, ouvia tudo com muita atenção. Como nas histórias, havia as boas e as más. Às boas, para ficarem ainda mais boas, dava-se dinheiro, mas com as outras parecia que não havia nada a fazer. Uma delas, que eu identifiquei logo como a chefe das más, era odiada por todos. Respondia torto a toda a gente e sempre que a chamavam não vinha, ou então aparecia só para dar uma descompostura nos doentes, por estarem a incomodar.
A minha mãe ficava muito revoltada com estas coisas, mas quando dizia que ia fazer queixa ao médico, a avó entrava em pânico e pedia-lhe que não o fizesse, com medo de represálias. Eu percebia muito bem o problema dela e ficava cheia de pena a imaginá-la à mercê daquela megera.
Quando a víamos passar pela enfermaria, fazia questão de lhe deitar o meu olhar mais rancoroso. Era o mínimo que podia fazer pela minha avó!
Doutores de Spin
Houve forte comoção em torno da ideia de controlar a política parlamentar do PSD através de uma agência de comunicação. Alguns políticos desse partido ficaram indignados, mas a divisão que fizeram entre política de ideias e política de plástico não faz sentido, pois a primeira não passa de quimera.
Qualquer eleição num país industrializado (veja-se a campanha nos EUA) é cuidadosamente controlada por spin doctors. Nenhum candidato se atreve a falar aos media sem esse controlo. Aliás, todos os desastres ocorrem em declarações ou gestos instintivos. Há inúmeros exemplos, dos gritos de Howard Dean ao mais recente ataque de Bill Clinton a Obama na Carolina do Sul, erro que pode ter custado a Presidência a Hillary.
Nas eleições a sério, pouco divide os candidatos, excepto as suas mais ou menos brilhantes personalidades. Mesmo a governação é hoje de plástico, fortemente condicionada pelos media, nunca perdendo de vista a mediania da classe média (nove em cada dez eleitores) e os seus mínimos denominadores comuns. Tudo é mediatizado, nomeadamente segundo o tempo da televisão, que se mede aos segundos. Não há ideias na política contemporânea, apenas fait divers e simplificações, e o PSD está em pleno debate saído dos anos 70.
D. Carlos, um rei constitucional
Os exclusivismos, porém, deixaram herdeiros frustrados. Há quem ainda não tenha percebido por que é que não é dono desta democracia, tal como o PRP foi dono da I República ou os salazaristas do Estado Novo. Eis o que representam os contestatários da comemoração de D. Carlos."
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Rui Ramos no jornal Público
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terça-feira, janeiro 29, 2008
Os leitores é que sabem
Etiquetas: questionário
SNS - Porquê tanta revolta? (6)
A caixa de Pandora estava a abrir-se. Coleccionador há longos anos de desconforto, negligência, e precaridade na assistência médica, o povo começou desta forma a responder às restrições do executivo. É que de facto não é legítimo pedir, como nos países desenvolvidos, onde tudo funciona bem, que os utentes prescindam de benefícios, quando aqueles de que gozam não são nem nunca foram razoáveis.
Foi um diálogo surdo, mas não de surdos. E Sócrates percebeu o recado. Com tanta razão de queixa e ressentimento acumulados, esta sucessiva divulgação de casos na praça pública acabaria por incendiar o país.
Antes que o efeito bola de neve se criasse o primeiro-ministro percebeu que tinha que meter travões a fundo. Despediu Correia de Campos e de caminho aprendeu uma lição: “Com a saúde não se brinca”.
Antologia Corta-Fitas (X)

Etiquetas: Faltam 9 dias para o nosso aniversário
A voz da sabedoria
Etiquetas: Ler os outros
Sim, por que não?
Etiquetas: Tertúlia literária
Tanta franqueza comove
«Deram tudo o que tinham a dar». Vitalino Canas sobre os ministros substituídos
De fachada
O ministro embaciado fora do Governo
Etiquetas: Governo
Mais uma não
O apoio do clã Kennedy a Obama não me surpreende por aí além. Aqui para nós os Kennedy não gostaram da ideia de ver nascer mais uma dinastia de presidenciáveis. Para isso já bastou a dinastia Bush. Já agora, diga-se: e se a seguir a Bill e a Hillary viesse a menina Chelsea Clinton... Um desastre, não?A ler
1. "A maior parte da corrupção da política não é, por enquanto, corrupção criminal", do José Adelino Maltez.
2. "Do regicídio ao centenário", por Pedro Picoito.
3. "Dizer a verdade", do Carlos Abreu Amorim.
4. "Lisboa no Monopólio", do Paulo Pinto Mascarenhas.
5. "Portugal é cansado de si", do Henrique Burnay.
6. "Os amigos são para as ocasiões", do Pedro Sales.
7. "Odi et Amo (LXVII)", por Filipe Nunes Vicente.
Por qué no te callas? (6)
Etiquetas: José Sócrates
Santa Marta
Não gostei de saber que há quem ande, na política ou na universidade, a perseguir a minha amiga Marta Rebelo. Mesmo sendo ela uma militante socialista, próxima de José Sócrates e de António Costa, acho que não merecia. Com menos de 30 anos, a Marta é um portento de inteligência e tudo o que tem ou terá no futuro deve única e exclusivamente ao enorme talento que possui. Licenciada e mestrada em Direito, especialista na área fiscal, a Marta foi assistente de António Luciano de Sousa Franco na Faculdade de Direito de Lisboa, tendo depois transitado para o escritório particular do malogrado antigo ministro das Finanças de António Guterres - ele foi também presidente do PSD, para quem já não se lembre, mas isso foram outros tempos. Além disso, a Marta escreve nos jornais há anos, publicou três ou quatro livros de Direito Fiscal (também publicou "Constituição e legitimidade social da União Europeia", na Almedina) é a autora material da Lei de Finanças Locais. Goste-se ou não do que ela fez no Governo de Sócrates (nos gabinetes do MAI) ou do que está a fazer no Parlamento, não se lhe pode negar mérito. Das duas uma: Ou se trata de uma intriga do PS (elas voltaram em força) ou se trata de uma intriga universitária (que também as há). A Marta Rebelo não tem nada a ver com as centenas de ignorantes que pululam no horizonte partidário, da esquerda à direita, na sua geração ou nas várias anteriores. Ela é de outra fibra.P.S. - 1) O título deste post é meramente humorístico, para aliviar o ambiente e levantar a moral. Lembrei-me dele porque foi no Parque de Santa Marta, na Ericeira, que aprendi a andar de patins...
Danças?

Estamos a sós com a dança. Da sedução. Danço ao som das tuas palavras, entre as tuas opiniões que, tal como o vestido, se colam ao corpo. Não desvies os olhos… Danço com os erros, danço com os ossos, danço com a chuva, danço com as cores das profundezas. As sapatilhas andam perdidas há já algum tempo. Não importa.
A dança é sempre a mesma, a música não. Não desvies os olhos… Danças?
A melhor década do cinema (36)
Etiquetas: Anos 50
SNS - porquê tanta revolta? (5)
Quando a ocasião se proporcionava ficava a ver a uma distância prudente os menos afortunados a aceitar, com evidente fastio, os tabuleiros que as enfermeiras lhes estendiam. Muitos optavam, simplesmente, por deixar quase tudo no prato e não raro aceitavam, agradecidos, a comida caseira que os companheiros da cama do lado, condoídos, lhes ofereciam.
Ora aqui estão...
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segunda-feira, janeiro 28, 2008
Santana D.O.C.
Gloriosos momentos
Com uma exibição galharda (gosto desta palavra), o Sporting ontem evidenciou as fragilidades que tem sido seu apanágio esta época: um meio campo pouco versátil e um bloco defensivo lento, às vezes desconcentrado, além da falta de alternativas no banco.Mas tivemos a sorte que nos tem faltado noutros jogos e acabámos por ganhar bem. Espero que esta vitória inspire a rapaziada para o resto da temporada, pois eu já tinha saudades de festejar estas emoções básicas. Momentos que valeram bem a gripe que se vai revelando agora em mim.
Imagem daqui.
Etiquetas: Futebol
Caiam na real
Em Espanha, como realça a The Economist desta semana, irão travar-se as primeiras eleições do «rich world» após a crise dos mercados. Lá, tal como aqui, o Governo socialista mantém um discurso de tom marcadamente optimista (outros chamam-lhe irrealista) e prevê uma taxa de 3,1% de crescimento do PIB, contra os 2,4% que reúnem o consenso da reputada revista económica. Zapatero, dizem eles, conseguiu mesmo «uma espécie de processo alquímico ao contrário, ao transformar o ouro económico em chumbo político». Etiquetas: Política
Somos mesmo bons, carago!
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Quem sabe, sabe
A melhor década do cinema (35)
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Por qué no te callas? (5)
Etiquetas: José Sócrates
Antologia Corta-Fitas (IX)
Elogio da ficção científica
Luís Naves, 3 de Novembro de 2006
Etiquetas: Faltam 10 dias para o nosso aniversário
SNS - porquê tanta revolta? (4)
O Fred era um simpático alemão, natural da Baviera, que tinha casado havia pouco tempo com uma prima que um dia quis visitar a minha avó no hospital.
Não se sabe se foi aquele cenário em adiantado estado de degradação, se o calor ou o cheiro. O certo é que nem a robustez germânica o conseguiu poupar do embaraço de ter que sair dali rapidamente, branco como a cal, pelo braço da mulher.
Por coincidência um grupo de médicos assistiu à cena e um deles, mais atrevido, abeira-se da família e pergunta em tom acintoso: “O que é que lhe aconteceu?” Ao que um de nós lhe respondeu: “Aquele senhor é alemão e até hoje nunca tinha entrado num hospital português”.
Foi remédio santo. A conversa morreu logo ali.
Volta a Portugal
domingo, janeiro 27, 2008
Renascimento
Gostei de ver o Sporting hoje. Vitória por 2-0 contra o FC Porto, com um golo do Vukcevic e outro de Ismailov. Bom esforço inicial, bom controlo do jogo após os dois golos (com muita contenção defensiva, é certo) e uma exibição monumental de Pereirinha, que anulou Quaresma. Apesar de tudo (e da distância), parece que renascemos para o campeonato. Já é qualquer coisa e merece a manutenção de Paulo Bento, que teve a excelente opção de colocar Vukcevic ao lado de Liedson. Ele é muito melhor que Purovic (e do que Djaló, ultimamente) e joga bem em qualquer posição avançada.Sem emenda
O factor Bill
A vitória de Barack Obama na Carolina do Sul, ainda por cima com números estrondosos (55% contra 27%), mostra que Hillary Clinton está em queda vertiginosa, apesar de surgir bem colocada nas sondagens nacionais - onde rivaliza com John McCain, o mais destacado dos republicanos. Mas o que me espanta mais não são os bons resultados de Obama (que conseguiu o apoio de Oprah e de John Kerry, o candidato democrata que teve mais votos na História dos EUA, apesar de derrotado por Bush), é o desespero que o casal Clinton tem revelado nas primárias democratas. Bill, antigo Presidente durante dois mandatos, resolveu deixar os afazeres da fundação com o seu nome e os jogos de golfe um pouco por todo o mundo para ajudar a sua mulher na candidatura. Coisa que não fez com Al Gore (que foi seu vice-presidente) nem com Kerry. É evidente que a família está acima de tudo, mas sinceramente não esperava que um antigo Presidente dos EUA se revelasse tão desesperado por vir a desempanhar o papel de "primeira dama". Eu sei que muitos (e muitas) gostavam de ver pela primeira vez uma mulher à frente dos destinos da Casa Branca. Também gostavam de ver o "macho" (ainda por cima um "traidor" e "mulherengo") remetido a um papel meramente protocolar e de retaguarda. Mas ao menos que esperassem por algo um pouco melhor. Eu aposto em Condoleezza Rice para daqui a uns anitos...Onde é que o pai e mãe se conheceram?
Onde mais poderia ter sido?
O ministro embaciado
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A melhor década do cinema (34)
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Por qué no te callas? (4)
Etiquetas: José Sócrates
Antologia Corta-Fitas (VIII)
Interrompo o trabalho no computador, levanto-me, espreguiço-me, e passando pela janela olho a praceta enlameada lá em baixo. Cruzo o olhar com o homem do bar vizinho que apanha umas folhas molhadas da esplanada. Intimidados, cada um recolhe “à sua vida”.
Em Campo d’ Ourique, no terceiro andar, a janela da sala da casa dos meus pais foi minha companhia de longas e íntimas horas. Contraditórios momentos de tédio e contemplação. Quantas esperas. Num qualquer Domingo de Inverno, à tarde, com o cachecol verde e branco de lã tricotada, sentado com o queixo no parapeito à espera do tio Manel, no seu mini cor de vinho, para irmos a Alvalade. Esperas intermináveis. Lá do cimo, via o gato fugir para baixo do "carocha" beije do meu pai. Via as vizinhas que esbracejavam uma qualquer conversa banal. À minha esquerda, ao longe, o panorama da Avenida Duarte Pacheco a debitar o veloz trânsito para Monsanto ou para as Amoreiras. E telhados de casa baixas, até ao pátio da Escola da Câmara logo ali em baixo. Do meu lado direito, a mercearia da Sra. Natália… frutas encaixadas, vidas do bairro, rua acima, rua abaixo. Ao fundo a Igreja do Sto. Condestável, com o seu enorme vitral neogótico, delimitava a minha vista. A televisão, atrás de mim, a passar o TV Rural...
Outra janela da minha vida foi na casa da minha avó, na Avenida da Liberdade. Uma varanda, no caso. Ali, o que me animava era o movimento e trânsito intenso, os autocarros verdes e brancos, uns anunciando uma bebida de chocolate, outros uma qualquer marca de baterias. E o que me divertia ali do primeiro andar, a ver o ciclista estafeta da Marconi à pendura no varão da porta traseira do autocarro, subindo “a nove” a elegante Avenida. Uma artéria verdadeiramente cosmopolita, o “coração do império”, plena de actividade e animação. Com enorme excitação, lembro-me de assistir com tios e avós à passagem das Marchas Populares. Lembro-me das vistas das luzes, dos balões coloridos, e guardo ideia dos cheiros secos e quentes de início do Verão. E a abertura da Feira do Livro, que trazia àquelas vistas um mês de distinta animação: dezenas de barraquinhas e gente, muita gente, noite dentro. Com sorte, e mais vinte e cinco tostões, o meu irmão e eu ainda desceríamos as escadas para comprar um livro do Zé Colmeia ou do Bolinha em promoção.João Távora, 4 de Novembro de 2006
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Domingo
Primeira Epístola do apóstolo S. Paulo aos Coríntios
Da Bíblia Sagrada
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Quase perfeito
Etiquetas: O meu gato e eu
Manhã perfeita de Domingo
Imprensa cor-de-rosa
sábado, janeiro 26, 2008
Maria Clementina
Foi há muito, muito tempo por esta altura do ano que encontrámos a Maria Clementina abandonada numa ninhada de gatos. Voltávamos então para casa nós os cinco irmãos ainda pequenos, com a minha mãe, de regresso de uma tarde de brincadeira no Jardim da Estrela. A memória é vaga, mas lembro-me de que a bichana não abria os olhos, e que parecia desesperada com o seu miar débil e insistente. Apesar do aspecto raquítico foi escolhida pelo seu traje original: focinho rosado sob uma mascarilha branca, pêlo prateado com umas imaculadas luvas e botinhas brancas nas patas.Acomodada numa caixa de sapatos, e sem parar de gemer, cedo o bicho chamou a atenção do meu pai no seu escritório. Terá sido assim, desviando a atenção da sua eterna leitura, que resmungou o seu primeiro voto de desagrado pela adopção. Voto que pairaria pesando por alguns anos sob a vida da gata e sobre a minha cabeça.
Foi à noite, connosco todos de pijama à volta da cama dos meus pais, que a minha mãe conseguiu injectar um pouco de leite com uma seringa de plástico na minúscula boquinha da gatinha. E foi nessa ocasião que nós a baptizámos de "Maria Clementina", ao que a minha mãe, com o seu peculiar sentido de humor, acrescentou o apelido "Joly Braga Santos". Este foi o polémico nome da gatinha, que tanto chocaria a nossa fiel mulher-a-dias, a Lídia, senhora de profunda religiosidade e tão ciosa do seu culto mariano.
Maria Clementina cresceu em sabedoria e graça, já que de tamanho nunca foi grande coisa. Fazia grandes e repentinas corridas pela casa fora, trepava paredes e cortinados, apanhava moscas com a patinha e rebolava enrolada na minha mão mordiscando-a com pequenos coices. Adoptei-a como minha, e com o tempo a propriedade foi-me reconhecida por todos, excepto pela própria: de sesta em sesta, saltitava de colo em colo e de noite para noite aninhava-se em diferentes camas, coisa que me deixava algo despeitado e ciumento. Mas lembro-me bem de ter assistido a várias Tardes de Cinema dominicais com a Maria Clementina ronronando aninhada nas minhas pernas cruzadas. Eu esforçava-me por legitimar a minha hegemonia e assumia o árduo trabalho de criar um felino naquele terceiro andar em Campo d’Ourique: tratava do caixote renovando a serradura e cuidava da sua alimentação, surripiando os mais apetitosos restos de comida e, sempre que se proporcionava, numa ida às compras, adicionava umas latas de Kitty Cat ao carrinho. Esses dias eram especiais, pois conquistava o coração da Maria Clementina, que enquanto eu suava a abrir a lata subia pelas minhas pernas, em sonoros roncos de prazer.
Mas o facto é que a gatinha vivia lá em casa numa semi-clandestinidade, e isso era uma sombra negra na minha vida, e penso que também dos meus irmãos. Após uma primeira rejeição pela parte do meu pai, Maria Clementina conquistou-o por um curto período, quando, graciosa e ainda bebé, fazia irresistíveis brincadeiras e jogos que só a uma besta poderiam deixar indiferente. O problema adensou-se com o tempo: a gata adquiriu o vício de arranhar os sofás, crescia e perdia o encanto. O pior era quando periodicamente era acometida por umas estranhas crises que chegavam a perdurar infindáveis dias, em que “uivava” autenticamente, arrastando-se languidamente pelo chão, indiferente às nossas zangas e chamadas “à terra”. Era o cio. Por essa altura a minha mãe caíra doente, situação que perduraria por muitos anos, e por grandes que fossem as fúrias do meu pai contra o bichano, nós as crianças nunca soubemos bem como lidar com tal situação.
Aconteceu uns anos mais tarde, quando a Maria Clementina lutava com uma feia doença na pele que o veterinário e eu não conseguíamos debelar. Foi numa tarde fria de Inverno pelas vésperas de um Natal qualquer, que aquilo que eu mais temia aconteceu. A gata, numa das suas incontidas correrias, deitou a árvore de Natal ao chão, e partiu umas peças de porcelana de que o meu pai tanto gostava. Nesse dia, quando cheguei a casa, já não ouvi a sua fúria insana que ocorrera minutos antes, só os choros reprimidos das minhas irmãs. Quanto à Maria Clementina, a bronca tinha sido a gota d’água e a sentença desta vez era irremediável.
A nossa gatinha, por ordem inabalável do meu pai, foi abandonada nesse dia na rua, ali para o lado dos Bombeiros. Ainda a vi refugiar-se assustadíssima debaixo de um carro estacionado. Era a sua primeira experiência de rua.
Durante muito tempo, confundi a pena que tinha do bicho com a pena que tive de mim. Durante muito tempo, quando passava naquela esquina da Rua Correia Teles com emoções contraditórias, procurava, incrédulo, sinais da Maria Clementina. Que afinal nunca mais deu sinal de vida.
Antologia Corta-Fitas (VII)

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