Doutores de Spin
Houve forte comoção em torno da ideia de controlar a política parlamentar do PSD através de uma agência de comunicação. Alguns políticos desse partido ficaram indignados, mas a divisão que fizeram entre política de ideias e política de plástico não faz sentido, pois a primeira não passa de quimera.
Qualquer eleição num país industrializado (veja-se a campanha nos EUA) é cuidadosamente controlada por spin doctors. Nenhum candidato se atreve a falar aos media sem esse controlo. Aliás, todos os desastres ocorrem em declarações ou gestos instintivos. Há inúmeros exemplos, dos gritos de Howard Dean ao mais recente ataque de Bill Clinton a Obama na Carolina do Sul, erro que pode ter custado a Presidência a Hillary.
Nas eleições a sério, pouco divide os candidatos, excepto as suas mais ou menos brilhantes personalidades. Mesmo a governação é hoje de plástico, fortemente condicionada pelos media, nunca perdendo de vista a mediania da classe média (nove em cada dez eleitores) e os seus mínimos denominadores comuns. Tudo é mediatizado, nomeadamente segundo o tempo da televisão, que se mede aos segundos. Não há ideias na política contemporânea, apenas fait divers e simplificações, e o PSD está em pleno debate saído dos anos 70.