De fachada
Curiosas companhias, as do novo ministro da Cultura de José Sócrates no Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo Sim. José António Pinto Ribeiro, de seu nome. Apesar de tudo, a remodelação neste caso só pode ser para um bocadinho melhor, porque Isabel Pires de Lima estava condenada há meses, mais concretamente desde que o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, disse publicamente que não concordava com o afastamento de Dalila Rodrigues da direcção do Museu Nacional de Arte Antiga. Se ela já estava em maus lençóis por outros motivos, esse acabou por ser o seu fim.
Quanto à saída de Correia de Campos, mais do que o dedo de Cavaco Silva (que também houve), vejo ali o dedo muito comprido do PS. Contestado dentro do partido, foi Manuel Alegre quem há dias veio dizer que o ministro tinha perdido o pé. Já João Amaral Tomás, saiu porque tinha pedido. Pediu há muito. Sai agora, depois do infeliz episódio de ir à Assembleia da República no dia em que se confirmou que estava demissionário. Curiosamente, segundo consta, Correia de Campos ia amanhã à AR. Já não irá, foi demitido a tempo.
Mas o que espanta nesta mini-remodelação para inglês ver é a resistência do primeiro-ministro em remodelar quem precisa de ser remodelado. Mário Lino à cabeça, Luís Amado (que terá pedido para sair, por motivos pessoais), Jaime Silva ou a ministra da Educação são ministros a prazo. A curto prazo. Já para não falar de Alberto Costa, que não teve nos últimos dias uma reacção decente às polémicas declarações do novo bastonário, António Marinho Pinto.
É por isso que esta remodelação é de fachada e já não esconde o óbvio. Desde que António Costa deixou o executivo para ir para a Câmara de Lisboa que Sócrates não tem um número dois político à altura. Um conselheiro e um estratega. Silva Pereira é verde para isso, Teixeira dos Santos é um técnico. Os outros são todos bons rapazes.