sábado, junho 30, 2007

A cambalhOTA

A propósito da licenciatura de Sócrates correu muita tinta, tanta que até houve quem se apressasse a vaticinar uma queda do Governo, caso essa bola de neve continuasse a rolar. Mas os portugueses são muito complacentes em relação a certos pecadilhos e quando, na sequência desse episódio, se fizeram as primeiras sondagens, verificou-se que a sua popularidade não tinha sido afectada. Afinal, a existirem algumas inverdades quanto ao seu currículo, era lá com ele...
Já o mesmo tipo de raciocínio (tão português), não se aplicou, não se podia aplicar, à Ota. Algumas inverdades – como a de o Governo não ter conhecimento de mais estudos sobre alternativas à Ota – pelos vistos, não caíram nada bem. De Maio para Junho, de acordo com o barómetro DN/TSF, a popularidade de Sócrates caiu 16 pontos e a do seu governo, 7. Desta vez ele não teve perdão.

A vida das coisas

Sim, é um facto que os bens materiais nos podem desfocar das coisas importantes. Há dias recebi o meu carro novo, reluzente cor de prata e às vezes até dou por mim armado em parvo a espreitá-lo à janela. Como uma criança e o seu brinquedo novo, muito desejado. Como o carro é um pouco maior que o meu velhinho Rover (que a minha filhota pequena teve tanta pena de ver partir para mãos estranhas, quem sabe até "infiéis"), ainda não lhe “tirei as medidas”, e vai daí, tem acontecido suar aflito com receio de raspar a reluzente chaparia numa coluna ou parede traiçoeira. E as primeiras pegadas das crianças nas costas dos assentos impecáveis... E eu hoje de coração na boca a estrear a viatura ali para os lados da Alcácer aos solavancos no caminho de cabras com que se acede à casa da minha irmã...
Raios! ...acontece que tenho “saudades” que a omnipresente carripana adquira a necessária "patine" e de caminho a sua importância real...
...
(Que se lixe aquela corrosiva caca de pássaro no capot!)

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Vinte motivos para gostar de Portugal (IV)


AMARANTE.

sexta-feira, junho 29, 2007

Saudades do MEC

A notícia da patética exoneração da directora do centro de saúde por causa do cartaz contra o ministro Correia de Campos tem-me trazido à memória uma crónica antiga de Miguel Esteves Cardoso, em que um taxista concluia um discurso contra os políticos com a frase lapidar: "Isto devia ser como na Holanda, que os matam logo à nascença!".
E mais não comento, porque sou utente do Serviço Nacional de Saúde e com a saudinha não se brinca. Por acaso, também sou utente do país e, reparo agora, com "eles" também não se brinca.

Remar contra a maré

Excelente, a colecção que a Sábado vem lançando em complemento (gratuito) a cada edição da revista. Numa altura em que tanto se criticam as ofertas complementares na imprensa, destinadas a seduzir leitores, eis um exemplo que merece ser elogiado – e partilhado por outras publicações. Fomentar o gosto pela leitura é não só um direito, mas um dever dos jornalistas.
Agradou-me particularmente o exemplar de há duas semanas – Algumas Distracções, do Francisco José Viegas. Trata-se de uma recolha de múltiplos textos publicados originalmente nos blogues Aviz e A Origem das Espécies. Vou lê-los (e relê-los, em diversos casos) com todo o gosto: há muito que me habituei a admirar a escrita do Francisco e a estar em sintonia com grande parte das opiniões que emite. Esta é, aliás, uma das maiores qualidades dele: expressar opiniões. Atributo tanto mais de enaltecer numa época em que regressam, velozes, os dias da precaução, do comedimento, desse jeitinho tão português de falar sem dizer nada. Começo a ouvir de novo, quase em sussurro, frases que julgava há muito sepultadas que nos incentivam à inacção cívica: “Toma cautela, olha que saber calar é uma virtude... Quem se cala é que chega longe...”
Abro o livro e deparo com estas palavras do Francisco, também apreensivo com este clima de demissão moral: “Uma das coisas que mais me preocupa hoje, em Portugal, é a tendência para que a opinião individual desapareça diante das chamadas ‘opiniões maioritárias’ – é cada vez mais rara a figura do colunista, do cronista ou do cidadão comum que arrisca a sua opinião sem cuidar das consequências e do desprestígio que uma ‘má opinião’ lhe pode trazer. Alguns, perdem o emprego. Outros, perdem a consideração das maiorias. (...) Perder a consideração das maiorias, que antes podia ser o primeiro degrau no caminho da glória, é hoje uma infelicidade. Que isso ocorra também é uma infelicidade.”
Lá teremos alguns, portanto, de persistir em remar contra a maré. Como o Francisco insiste em fazer. É também por isto (sobretudo por isto) que me preparo para ler este livro com todo o prazer.

Do dicionário (2)

Big Brother - alter ego de conhecido político português

Cinco mil

Só para assinalar: já cortámos cinco mil fitas. A número 5001 é esta.

Encontros com Lisboa

Gosto de sair do escritório para "distâncias a pé". Passo a passo na calçada, aproveito para olhar a cidade, as casas, viajar na história escondida nas velhas cantarias, portas e fachadas. Sob o azul brilhante do céu, embalo-me com o movimento das pessoas e do trânsito animado, em circunstancial mas sincera cumplicidade.
Um dia espero voltar para a minha terra. Mas pergunto-me se então sentirei Lisboa assim com este mesmo olhar saudoso de... “exilado”?
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Imagem daqui

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Vinte motivos para gostar de Portugal (III)


TAVIRA.

Assim não vão lá

Talvez o Governo devesse olhar para esta sondagem de hoje e depois analisar - através de focus groups por exemplo - o peso que têm recorrentes notícias como esta na queda da sua popularidade. Se a coisa continua neste ritmo, retiro o que escrevi há dias. Bem pode Sócrates suar pelo país mais o seu Governo Presente. Ainda acaba sem futuro.

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É a cultura, estúpidos!


PADMA LAKSHMI, a mais recente "cara metade" de Salman Rushdie (a quarta, se não me falham as contas). Percebe-se agora por que motivo o autor de Versículos Satânicos, ao que rezam as crónicas, anda a escrever cada vez melhor.

Porque Belmiro não é Berardo

A ler as diferenças, por Luís Paixão Martins.

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Alguém sabe que dia é hoje?

Rhona Mitra

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Adeus ó vida malvada

Parto amanhã para um curto período de descanso. É raro conseguir ir de férias, ao contrário deste senhor aqui (quem conseguir ver isto e não sentir inveja já chegou às portas do nirvana). Mas, antes, ainda vou almoçar ao Paparrucha para celebrar o aniversário e a aposta ganha pelo diário gratuito OJE e dar dois abraços ao Álvaro de Mendonça e ao João Bugalho. Ao fim do dia, há que reunir as energias que restarem, após uma loooonga semana, e rumar até ao edifício da Edimpresa e à festa da Blitz que comemora o seu primeiro ano como revista. Não quero perder a oportunidade de ouvir Júlio Isidro como um dos djs convidados e a sua selecção de rock português. A vida é bela. Mas cheira-me que é melhor fazer hoje as malas, porque amanhã não acordarei com facilidade.

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quinta-feira, junho 28, 2007

Berardo à CML


João Távora à cabine de som

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Rosebud

Queres andar comigo? Perguntou a rapariga entre o ruído dos pratos, as conversas gritadas, o som devolvido amplificado pelo eco dos azulejos.
Fosse capaz de ler nos lábios e conheceria a resposta. Assim, inventei-a. Nada na face de ambos revelou emoção, alegria ou perda. Só consegui - como um velho que discute um qualquer preço recordando o que comprava com uma nota de cem escudos - regressar a esse tempo em que só o homem se propunha, escondendo a dúvida em gestos nervosos camuflados sob a mesa. Vivendo uma ficção cuja beleza habitava essa casa, tão feminina, chamada silêncio. Um tempo não tão antigo como the time when Lucky Strike meant fine tobacco. Mas igual a ele na distância.

Os tugas (22)


Estação fluvial do Cais do Sodré. Grande fila de gente para comprar bilhete para Cacilhas. A máquina automática, ali ao lado, encontra-se “fora de serviço”. Aguardo enquanto o funcionário do único guichê disponível, de cigarro na boca, vai fazendo trocos com uma lentidão exasperante. Chegada a minha vez, percebo porquê:
- Quando custa o bilhete?
- Setenta e quatro cêntimos.
- Setenta e quatro cêntimos? Não se arranjava um número mais redondo?
- Isso não é comigo...
Indago se vendem bilhetes de ida e volta. O indivíduo olha-me como se lhe tivesse perguntado o paradeiro da Rainha de Sabá. Pelos vistos, ninguém na Transtejo terá pensado alguma vez nestes assuntos tão irrelevantes para facilitar o escoamento de passageiros. Empresa nacionalizada, “nossa”, é mesmo assim...
Chegado a Cacilhas, nova fila. Desta vez junto à paragem de táxis. Dez minutos depois, tudo na mesma: nem um para amostra. Reparo nas pessoas que me antecedem: têm aquela mansidão resignada a que jamais me conseguirei habituar nos portugueses. Ao meu lado direito, uma mulher cospe convictamente as unhas que vai roendo com indescritível minúcia. Há também alguns turistas: talvez achem tudo isto very typical.
- Porque não haverá táxis?
- Ah, é quase hora de almoço. Costumam ir todos comer ao mesmo tempo – elucida-me um sujeito de barba por fazer e pálpebras semicerradas, como se tivesse toda a paciência do mundo.
Continuamos todos à espera. Uns de olhos fitos no rio, outros mirando o infinito, pensando sei lá o quê.
Do lado de lá do Tejo: Lisboa tão perto mas já tão longe. Um outro país dentro do País.

Postais blogosféricos

1. O caldo não azeda, garante o Paulo. Ainda bem. Gosto mais assim.
2. Um abraço de parabéns ao Carlos Albino. Pelo quarto aniversário das imprescindíveis Notas Verbais.
3. Parabéns também ao Carlos Furtado, ao João Pinto e Castro, ao Leonel Vicente, ao Bruno Sena Martins e ao Rui Cerdeira Branco. Todos igualmente há quatro anos na blogosfera.

Talvez especule...

Mas, depois de ler esta interrogação de Luís Paixão Martins a propósito de Joe Berardo dei por mim a reflectir, coisa que faço pouco e mal ao contrário do Luís. Este protagonismo furacão do empresário não é novo, mas ganhou uma dimensão adicional com a operação financeira no Benfica e a questão do CCB. Antes, na qualidade de accionista quer do BCP quer do BPI (só para dar um exemplo) ele foi o único a colocar questões delicadas em cima da mesa durante a OPA, em particular a relação entre a administração de Fernando Ulrich e os catalães do La Caixa. Agora, juntou-se a João Rendeiro e João Pereira Coutinho num grupo que pretende afastar Jardim Gonçalves eliminando o Conselho de Supervisão do Banco.
Isto para dizer que Joe Berardo afronta tudo e todos: Rui Costa e Ulrich, Jardim Gonçalves e Mega Ferreira. Fá-lo convicto da pequenez do país e seguro de que, pelo dinheiro e informação que acumulou, ninguém surgirá para fazer-lhe frente. E este momento é particularmente propício para Berardo porque, para onde quer que olhe e em qualquer área, o empresário só vê em seu redor pessoas que crê serem mais fracas do que ele.
No fundo, passámos da Era Belmiro para a Era Berardo. Com o chumbo da OPA da PT, fechou-se um ciclo que se concluiu com a derrota de um outro empresário que todos tinham em conta como alguém capaz de enfrentar o status quo. Não foi assim. Agora, a ver vamos quem e quando coloca uma barreira no caminho do iconoclasta e idiossincrático madeirense. Porque, se ninguém o fizer quando a ocasião o justificar, o problema não é esse que coloca Paixão Martins. É a consciência que se formará (que está já a formar-se) de que Berardo representa o verdadeiro poder que é tão somente o do dinheiro. E os outros, sejam quem forem, são apenas desautorizadas e transitórias figuras sem mando.
Adenda: Leia-se, sobre o mesmo assunto e num registo mais contundente, a crónica de hoje de Manuel António Pina, «Um país berardizado»

Tomar duche de roupão

Imperdível, a entrevista de Fernando Negrão à revista Sábado. Quando os jornalistas Jaime Martins Alberto e Maria Henrique Espada lhe perguntam se "quando acorda a primeira coisa que faz é ver-se ao espelho", o candidato do PSD à Câmara de Lisboa responde sem hesitar: "Não, primeiro visto um roupão e tomo duche."
Negrão é mesmo caso único. Não conheço mais ninguém que tome duche de roupão...

Vinte motivos para gostar de Portugal (II)


SINTRA.

Esperar para ver

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Entre amigos

- Reparaste na Luísa? Aquela sim, é um avião!
- Só um ceguinho é que não via. Mas olha que ela anda a aterrar no aeroporto do Rodrigo.
- Epá! Isso hoje em dia não interessa nada. O que está a dar é a Portela + 2.

Sintomas da falta de oposição

Algumas figuras acham que liderar a oposição é não dizer mais nada durante semanas a não ser que o Tratado Constitucional europeu deve ser ratificado por referendo. Mesmo que não se saiba ainda que tratado vamos ter e com a presidência portuguesa da União Europeia aí à porta. Os portugueses, como se sabe, vivem e respiram referendos. E há por aí tantas matérias a merecerem a atenção de uma oposição que se preze:


Li mas não percebi

Afinal, Saldanha Sanches chumbou porquê? Se realmente foi um «chumbo inédito» e dando como adquiridas as inevitáveis repercussões mediáticas em tempo de campanha, não ficava mal ao júri explicar as suas razões.

Período de carência


Que Blair se vá embora dialogar com as paredes no Médio-Oriente é algo que não me aquece nem arrefece. Simpatizo bem mais com Gordon Brown, tão britanicamente eurocéptico que até faz rir. Mas que o Dr. House abandone hoje os ecrãs até Outubro que vem, isso é que me deixa verdadeiramente órfão de role-models.

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Tapete voador

Eu sei que se procura muita coisa… Infelizmente, até pessoas. Mas desconhecia que se procurassem tapeçarias. Um anúncio colocado na página 23 do jornal Público, misturado entre notícias do Mundo, ditava o seguinte há uns dias:

Grande Tapeçaria de Portalegre Desaparecida
Autor – Figueiredo Sobral, 1970

Procura-se Tapeçaria portuguesa da autoria de Figueiredo Sobral com dimensões de 7 metros de comprimento por 2 metros de altura. Agradecem-se informações conducentes à sua localização para o nº 1/2623 deste jornal.

Leitura prioritária

A partir da próxima quinta-feira, 5 de Julho, quando este livro for lançado em Lisboa, vamos ter o prazer de reencontrar a escrita de Pedro Rolo Duarte. A não perder.

quarta-feira, junho 27, 2007

Se me permitem o conselho

Não deixem o caldo azedar.

Por falar em siglas (2)

EPUL - Empresa Portuguesa (não, desculpem!) Empresa Pública de Águas (perdão!) Empresa Pública de Urbanização de... Setúbal (façam favor de desculpar!) Empresa Pública de Urbanização de Lisboa. Otta!! (perdão) Uffa!!

Um pedido

Reparei que nos visitam a partir da Áustria: Dado que vou passar em breve alguns dias de férias em Budapeste, gostava de recuperar o contacto de uma amiga que vive em Viena. Chama-se Annete Aust, é arquitecta e pintora. Enviou-me há um par de anos um amável convite para a sua exposição mas não pude comparecer dada a distância. Obrigado. Ela é também muito amável e - se alguém a encontrar aí em Viena - só fica a ganhar se lhe der uns beijos por mim.

Por falar em siglas

CML quer dizer Câmara Municipal de Lisboa.

Meninas e moças

- Boa tarde, é possível falar com X?
- Ele não está, isto é o escritório.
- Tem então outro telefone que me possa facultar?
- Não. Eu sou a moça das limpezas. Só se ligar amanhã e falar com a moça do escritório.
- Obrigada, ligo então amanhã.

Leituras de Verão

Em pleno período de férias até me roía a consciência se não divulgasse, em tempo útil, uma informação que, quem sabe, até pode ter algum fundamento. Recebi-a há poucos dias, por email. Ora leiam: “Cientistas descobriram que livros de aventura, sexo e acção levam o corpo a produzir mais adrenalina, substância que reduz o apetite e queima calorias. A pesquisa, encomendada pela cadeia de livrarias britânica Borders, comparou as calorias que se despendem ao ler diferentes tipos de livros. O resultado foi uma lista das obras que mais ajudam a emagrecer. O topo da lista é ocupado pelo thriller Polo, da escritora britânica Jilly Cooper. A leitura completa das quase 800 páginas de sexo e escândalos gasta o equivalente a 1,1 mil calorias”. E mais não digo, porque não estou para fazer publicidade gratuita a obras de qualidade duvidosa. Enfim, mas pelo sim, pelo não, tomem em conta esta informação quando escolherem os livros que vão levar para férias!

Vinte motivos para gostar de Portugal (I)


GUIMARÃES.

Farewell, Mr. Blair


Os britânicos ainda hão-de ter saudades deste senhor que hoje abandona Downing Street após dez anos de mandato: juntamente com Margaret Thatcher, foi o melhor chefe do Governo londrino desde o pós-guerra. E um dos grandes dirigentes da Europa contemporânea, tão pobre em talentos políticos.

Tertúlia literária (200)

- Luandino?
- Não. Sou lisboeta.

Coisas para fazermos antes de morrer


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Alma gémea, procura-se


Anda para aí um spam inovador. Quero pensar que é spam e não alguma nossa leitora anglo-saxónica que, lendo os posts que escrevo, avalia os meus dislates de natureza mais íntima como desespero. A mensagem que recebi é diferente porque a senhora sua autora procura um relacionamento romântico e não gaba os atributos físicos com que a Natureza a dotou, mas antes a bondade do seu coração: «I am a nice lady with a big and tender heart», diz ela sem receio. «I am looking for my prince to give him joy and happiness and to share my life with. I think you can be the one I am looking for. I am attractive and kind, joyful and open-minded».
Por alguma razão e na infinitude das suas boas intenções, a autora da missiva julga que a vontade de partilhar uma vida inteira com a mesma mulher é o grande desejo de um homem. Pobre iludida. Estou a ponderar enviar-lhe alguns conselhos de amigo, ai Deus e u é. Ou então o endereço de uns príncipes encantados que eu cá sei...

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Nas colunas


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Código genético

«Os que se contentam, como S. Pedro, só com ver, são finos. Os que se contentam, como a Madalena, só com que lhes saibam o nome, são honrados. Os que não se contentam, como S. Tomé, senão com o lado, são ambiciosos. Os que se não contentam, como os de Emaús, senão depois de lhes darem o pão, são interesseiros. E os que com todas estas cousas ainda se não contentam? São portugueses». Padre António Vieira, Sermão da Primeira Oitava da Páscoa, 1647.

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terça-feira, junho 26, 2007

Nas colunas


E porque já estão assegurados - graças a um amigo com muito bom gosto - os bilhetes para Aimee Mann no Coliseu. Aqui fica «Wise Up», da banda sonora de Magnolia, filme que o nosso Luís Naves nunca viu ( shame on you, Luigi :)

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Será que Negrão conhece a sigla CIA?

"A agência de informações norte-americana CIA desclassificou hoje os documentos conhecidos como 'jóias de família', que pormenorizam alguns dos piores abusos perpetrados pela agência entre os anos 1950 e 1970".

Cenário Portela+2

- Oh Miranda, telefonou para aí o gajo do controle de Sintra a dizer que deu luz verde a um Boeing 747 que não estava na lista inicial. Pediu para avisares os tipos de Alcochete.
- Ok, qual é o telefone?
- Deixei-te num post-it amarelo.
- Não vejo...

Kiss é isto, ó Francisco


Só para ficar aqui uma imagem mais bonita do essa bocarra horrenda que até dá arrepios. Brrrr! Reparem na delicadeza com que surgem recortadas as plantas, em subtis nuances de luz.

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Kiss

O candidato Fernando Negrão, numa entrevista ao RCP, confunde a EPUL, com o IPPAR e a EPAL. Mas com toda a convicção. O vídeo já está no You Tube e é campeão de audiências. Sobre o essencial, nada de muito especial a dizer, a não ser que se confirma o brutal erro de casting que foi a escolha do setubalense para ser o candidato do PSD em Lisboa. Só que aposto que mais de metade dos habitantes de Setúbal sabem o que foi o IPPAR e o que é a EPAL. Mesmo que não saibam o que é a EPUL.
Há uma regra que as dezenas de colaboradores, todos políticos de craveira, de Negrão deviam aplicar à campanha para Lisboa. A regra é velha e relha. Chama-se KISS: Keep It Simple and Stupid. Assim mesmo, recorrendo a linguagem plain simple e com coisas básicas que os eleitores apreendam com a maior das facilidades. Do género, "ambiente e Internet em toda a cidade", como o candidato defendeu, e bem, no debate da SIC Notícias.

Peer review



ou como os posts também se abatem:

Orgulhosa, deu o post por terminado. Mais uma volta, mirou-o, remirou-o, tira vírgula, coloca um ponto, abre parêntesis, fecha parêntesis, retira frase, tira advérbio, muda qualificativo, mais um pronome, um plural ali, um sinónimo acolá, tira uma coordenada, põe subordinada, aglutina, retoca a passiva. Um mimo.

- Então???
- Deixa só a pontuação.

Tertúlia literária (199)

- Ando a ler a Apologia de Sócrates. Sabes quem escreveu?
- Com esse título, só pode ter sido aquele ministro que parece uma fotocópia dele. O Silva Pereira.

A juíza


Alguém cuja prosa muito admiro disse-me ontem que só escrevia para quem lê o Record. Fiquei a modos que desarmado e, hoje, lá fui ler esta notícia para não parecer que desdenho os jornais desportivos. A foto, essa, fui roubá-la ao Afinidades Efectivas. Mal vai o futebol, se uma senhora árbitra-assistente com estas qualidades é expulsa da FIFA por «violar normas». Cambada de burocratas que já nem instituições como a Playboy respeita.

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Conversas de café (2)

- Sabes quem é que anda agora com o Miguel?
- Não, quem é?
- A Madalena.
- A sério? Mas isso nem parece dele!
- O quê?
- Andar com mulheres mais velhas.
- Mas eles têm a mesma idade.
- Pois têm! O que faz da Madalena uma mulher pelo menos cinco anos mais velha que ele!
- Pois, a partir de certa idade é como se fosse assim...
- É injusto!
- Estupores!
- Idiotas!

Portela + N elevado a 23

Fernando Seara, hoje no DN: «Para a metrópole de Lisboa existem outras opções: Portela +1 (Sintra ou Montijo), Portela+2 (Sintra e Montijo), Portela+3 (Sintra, Montijo e Alverca)».

Até que enfim


Desejo sinceramente um grande sucesso a João Cepeda e a João Miguel Tavares, os responsáveis por a partir de Setembro Lisboa ter, finalmente, uma edição da Time Out. Como afirma Cepeda hoje no Público, a Time Out Lisboa «já podia ter nascido há mais tempo». Pois podia. E houve várias pessoas tentadas a fazê-lo. Assim de repente, lembro-me de uma conversa que tive sobre o assunto com Paulo Ferreira, antes de ele lançar as suas revistas Blue.
A ideia da dupla - que reconhecem como ambiciosa - é a de fazer uma edição semanal. Mas não é no maior esforço editorial de fecho que está o risco e, isso sim, no perfil comercial do projecto. O modelo da Time Out vive muito dos pequenos anúncios: Concertos, bares, galerias, restaurantes...Um tipo de publicidade que em Portugal tem tabelas publicitárias muito baixas e uma elevada percentagem de incobráveis. Ou seja, a malta entrega os anúncios mas depois não os paga. Por isso, entre nós o êxito da revista dependerá de uma lógica de marketing associada a publicidade de qualidade, promoções e grandes campanhas, que salvaguarde as receitas e assente em comerciais experientes com conhecimento do público e do mercado a que se dirigem. Dito isto (assim de forma algo paternalista) parabéns aos Joões. Lisboa só tem a ganhar.

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O que eu aprendi com o Rolling Stones

... é que décadas de drogas e rock'n roll ajudam a manter a linha, mas fazem um mal terrível à pele.

segunda-feira, junho 25, 2007

Ora bem...

Acho que precisamos aqui de desanuviar um bocadinho. E os Scissor Sisters servem muito bem. «I Don't Feel Like Dancing». Hell! Why not?

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Orgulho straight


Tenho andado um pouco fora cheio de trabalhos e chego hoje aqui e encontro esta chinfrineira toda com um link e uma “não referência” ao meu nome e tudo. Que honra Daniel (vénia), vindas daí assim, as suas escarretas quase que são troféus! O seu desprezo sempre me dá bom estatuto – se a Câncio um dia calha fazer-me um link, no mínimo habilito-me a ser escorraçado pelos meus amigos!
Mas voltando à vaca fria (sem ofensa) o que fica é a impressão de que o Daniel (vénia), anda com problemas de identidade (ideológica, espero), e já não sabe como abocanhar tudo o que mexe à sua direita (quase toda a gente na legítima posse dos seus direitos cívicos). Mas deixe estar, força com a cruzada (?!), acenda um charrinho e ponha-se assim na rua, na marmelada, que eu não olho. Mesmo emparelhado com Angelina Jolie deve ser assim (que nojo!) uma “coisa linda de se ver”. É que isto de grandes intimidades afectivas em público fazem-me um pouco de confusão. No cinema até pode ser bonito, e mesmo assim, se estiver acompanhado com os miúdos fico um pouco atrapalhado. Parvoíces de conservadores.
Mas, quando já não houver mais temas fracturantes, talvez eles inventem finalmente a “causa” dos “feios”. Então talvez daqui a uns anos o presidente Zé nos arranje em Lisboa um clube especial para gente assim... Então eu prometo ir lá jogar consigo um dominó. Em paz, sem preconceitos ou marginalizações, que aqui entre nós eu também não sou nenhuma beleza.
De resto, caro Daniel (vénia), deixo-lhe este conselho que talvez o ajude: arranje um psiquiatra, não lhe vai resolver nada, mas ainda “parece” moderno “e assim”, e arranja alguém que o oiça por menos de 60.00€ à hora.
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PS: Ainda não lhe disse que tenho amigos gays, mas não perca a esperança.

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A frase assassina do dia

«Sérgio Sousa Pinto é um jovem muito velho na política portuguesa». Paulo Gorjão, no Bloguítica.

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Conversas de café

-A direita é mais cínica.
- A esquerda é mais hipócrita.
- Bah! Bem vistas as coisas, hoje em dia já não faz sentido falar de esquerda e de direita...
-Lá isso é verdade!
- Enfim, mas na hora de votar lá acabamos por escolher entre uns e outros...
- Costumas votar em quê?
- Voto cada vez com menos convicção.
- Sim, mas em que partido?
- Depende.
- Ah! Apanhei-te! Essa é a resposta típica de quem vota no centrão!
- Pois... se não podes nada contra eles, junta-te a eles...
- És um céptico!

Nós, vós, «eles»

Quero agradecer pessoalmente ao Daniel Oliveira a quantidade impressionante de visitantes que trouxe hoje ao Corta-Fitas. Como somos colectivamente inseridos num «eles» que parece agregar tudo e mais alguma coisa numa caldeirada homofóbica, quero só deixar isto bem claro: É verdade que não tenho paciência para bichas. Mas ainda tenho menos para homens que tratam as mulheres por «filha». Geralmente, têm mais pelos no nariz e não animam tanto os jantares.
Adenda: Apenas para clarificar duas coisas, sobre o que escrevi em resposta ao Daniel Oliveira na caixa de comentários. Disse-lhe que tinha lido os textos por ele linkados (horrível palavra, aceito sugestões de substituição). Menti. Logo a seguir a mentir e depois de um telefonema que me destapou a careca, fui ler. E só acrescento que, se tudo o que o Daniel tem a apresentar como opinião de «eles» são as afirmações perfeitamente legítimas e equilibradas que li - incluindo a do nosso João Távora - mais valia ter dito o que tem a dizer sobre o assunto, sem arvorar-se em paladino de uma causa que ninguém atacou. Não duvido que «eles» andem aí. Mas estou certo de que o Daniel se enganou nos domicílios.

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A esquerda órfã de líderes

"Visivelmente esgotado", como ontem assinalava a reportagem do El País, Durão Barroso teve um rasgo mediático ao oferecer um ramo de rosas a Angela Merkel. Mais que justificada, a entrega das flores: a chanceler alemã teve um papel decisivo nas complexas negociações que conduziram à solução de consenso na cimeira de Bruxelas. Tão importante como ela foi o novo presidente francês. Do equilíbrio precário que permitiu salvar a face europeia, enterrando de vez o projecto do defunto tratado constitucional e congeminando o sucedâneo possível, Merkel e Nicolas Sarkozy emergem de momento como os únicos líderes do Velho Continente com verdadeira envergadura internacional.
Nenhum deles de esquerda, note-se.
A democrata-cristã Merkel não tem hoje rival na Alemanha, onde os sociais-democratas (parceiros da coligação governamental em Berlim) se afundam de sondagem em sondagem, e o "conservador" Sarkozy - confortado com a recém-conquistada maioria absoluta na Assembleia Nacional - assiste de camarote às guerras intestinas dos socialistas franceses, dignas de uma telenovela mexicana. Com a partida de Tony Blair, que cede já na quarta-feira o lugar de primeiro-ministro britânico a Gordon Brown, a esquerda europeia fica ainda mais órfã de líderes.
Neste contexto, e por melhores que tenham sido as intenções de Barroso, é quase irónico oferecer rosas a Merkel, que bem merecia outra flor. Politicamente, a rosa está cada vez mais murcha.

Rio frio

Só posso concordar com o Henrique Burnay. «Esta utilização do site da Câmara Municipal do Porto é absurda». E pouco ajuizada ao não preservar a dignidade institucional da autarquia. Apresenta, no entanto, um lado positivo: Quanto mais Rui Rio seguir esta linha provinciana de contra-ataque, mais se afasta de qualquer hipótese que porventura tivesse - como muitos ainda insistem que tem - de surgir como alternativa interna a Luís Marques Mendes. Rui Rio não tem a dimensão de Alberto João Jardim. E mesmo Alberto João nunca foi a votos fora da Madeira, muito por causa de comportamentos similares a este. Se exercer política sem os meios de comunicação já é impossível nos tempos de hoje, exercê-la contra eles é suicídio a prazo. Um prazo bem mais curto do que possa parecer ao presidente da cidade do Porto.

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Apoio dourado

Não percebo a interrogação, em jeito de teaser, na primeira página do DN: «Lisboa. Quem vai Maria José Nogueira Pinto apoiar?». Para começar, não estou habituado a ver notícias de capa em jeito de pergunta. Em segundo lugar, porque este título: «Maria José Nogueira Pinto ao lado de António Costa» me parece responder à questão anterior. Ao estar presente hoje numa acção de campanha do P.S. Maria José transmite o seu apoio à mesma candidatura, por mais que o justifique com o maior destaque dado ao «seu» projecto de reabilitação da Baixa-Chiado e apesar de não ter ainda divulgado a intenção de voto.
Apoio dado, resta saber se ela aceitará o convite de Costa para Comissária do referido projecto de reabilitação. Se assim for, por mais que venha a utilizar palavras como «missão» e «independência», Nogueira Pinto será mais uma diluida na «sopa da pedra» socialista. O projecto da Baixa-Chiado vai ser «a» bandeira política por excelência da equipa de Costa e quem o liderar o seu inevitável porta-estandarte.
Finalmente, é infeliz a citação da ex-vereadora do CDS-PP no mesmo artigo: «Eu não mando na campanha do PS». É evidente que não. O problema, aliás, é que mesmo que aceite o cargo de comissária corre o risco de não «mandar» nas negociações fulcrais que envolverão o património do Estado na cidade e o sacrossanto Porto de Lisboa. E nós arriscamo-nos a ver desaparecer mais uma voz crítica, doravante alinhada no coro do hossana socrático.

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domingo, junho 24, 2007

Coisas que eu não percebo neste país(III)

Factos: o antigo assessor de imprensa de Jorge Sampaio escreveu um livro onde conta que o então PR tentou evitar que Santana Lopes sucedesse a Durão como PM e até fez três telefonemas nesse sentido.
Coisa que eu não percebo: três telefonemas?!?!?
Mensagem pessoal: Caramba, estando convencido do desastre não teria valido a pena fazer mais um telefonema? Quem é que quer ficar para a História como o Presidente que fez três telefonemas para salvar o país mas estava sempre impedido e desistiu?

Coisas que eu não percebo neste país (II)

Factos: o Presidente da República sente-se enxofrado por a RTP ter interrompido a emissão do 10 de Junho e faz queixa a toda a gente, com comunicado para a imprensa e tudo.
Coisa que eu não percebo: agora, discute-se se isto é ingerência. Ingerência?!?
Mensagem pessoal: ingerência é telefonar ao primeiro-ministro ou ao ministro da tutela, fazer um almoço de queixinhas, receber o pedido de desculpas e, dias depois, o anónimo que tomou a decisão de ir para intervalo ser destacado para electricista na futura delegação de Alpiarça e, durante uns tempos, o Presidente da República abrir noticiários, sempre devido ao insondável interesse jornalístico das suas intervenções.

'Saison' Berardo

Joe Berardo inaugura amanhã o seu museu no Centro Cultural de Belém. Toute la Lisbonne - a começar pela que faz gala em troçar dele - estará lá, pronta a ser fotografada de toilette estival e copo na mão. Na última semana, o empresário madeirense conseguiu ser capa de três revistas nacionais e manchete noutros tantos periódicos. Mostra que sabe de cor a lição de Oscar Wilde: "O que é preciso é que falem de nós, nem que seja para dizer mal." Os políticos portugueses têm muito a aprender com ele.

Coisas que eu não percebo neste país (I)

Factos: um autor de um blogue escreve qualquer coisa que desagrada ao Primeiro-Ministro e este processa-o; o autor do blogue, analistas, cronistas e defensores da liberdade de expressão indignam-se com o primeiro-ministro.
Coisa que eu não percebo: o que queriam que o homem fizesse?
Mensagem pessoal: senhor primeiro-ministro, se alguma vez se considerar ofendido com algo da minha lavra, agradeço que me processe em vez de me suspender se eu for funcionária pública, de me atiçar a inspecção de finanças, a brigada de trânsito da GNR ou o SIS. Palavra que não vou levar a mal.

Quanto mais, melhor


Espreito a lista dos cem melhores filmes americanos de todos os tempos, publicada no Daily Telegraph, e a que chego via A Arte da Fuga. Lá vêm os títulos mais previsíveis, que há décadas surgem em listas deste género. Confesso: gosto de ver The Searchers (o meu The Searchers) em 12º lugar. Mas faltam outros que jamais esqueceria - Esplendor na Relva, Os Inadaptados, Lilith, Rio Bravo, A Sede do Mal, Johnny Guitar, A Rosa Púrpura do Cairo, As Pontes de Madison County, Lost in Translation.
Na minha lista, em todas as minhas listas, estes filmes estarão sempre entre os melhores. São o melhor do cinema, são do melhor da vida.

Prova de Vida

Alguns textos publicados originalmente em blogues ganham uma segunda existência, com notória vantagem, quando passam a livro. Leiam a excelente Prova de Vida, de Pedro Mexia (edição Tinta da China), para perceberem porquê.

Domingo

Evangelho segundo São Lucas 1, 5-17


Nos dias de Herodes, rei da Judeia, vivia um sacerdote chamado Zacarias, da classe de Abias, cuja esposa era descendente de Aarão e se chamava Isabel. Eram ambos justos aos olhos de Deus e cumpriam irrepreensivelmente todos os mandamentos e leis do Senhor.
Não tinham filhos, porque Isabel era estéril e os dois eram de idade avançada. Quando Zacarias exercia as funções sacerdotais diante de Deus, no turno da sua classe, coube-lhe em sorte, segundo o costume sacerdotal, entrar no Santuário do Senhor para oferecer o incenso. Toda a assembleia do povo, durante a oblação do incenso, estava cá fora em oração.
Apareceu-lhe então o Anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso. Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e encheu-se de temor. Mas o Anjo disse-lhe: «Não temas, Zacarias, porque a tua súplica foi atendida. Isabel, tua esposa, dar-te-á um filho, ao qual porás o nome de João. Será para ti motivo de grande alegria e muitos hão-de alegrar-se com o seu nascimento, porque será grande aos olhos do Senhor. Não beberá vinho nem bebida alcoólica; será cheio do Espírito Santo desde o seio materno e reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. Irá à frente do Senhor, com o espírito e o poder de Elias, para fazer voltar os corações dos pais a seus filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, a fim de preparar um povo para o Senhor».

Da Bíblia Sagrada

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Num comício de Negrão

LIS-BOA-PRE-CI-SA-DE-GO-VER-NO
NÃO PRE-CI-SA-DO-GOVERNO!!
- O vizinho desculpe, mas enganou-se. Disse "do" e agora era "de".
- O meu amigo é que tem estado a dizer tudo mal.
- Desculpe, tenho a certeza que agora era "do"!
- Ná, ná, atão não vê que os dedinhos no ar não estão em forma de "o" mas de "e"?
- Não insista, está-me distrair do comício... Onde é que eles vão?
- Estão a gritar aquela do QUEM-MAN-DA-EM-LIS-BO-A-É-O PRE-SI-DENTE-NÃO-É-DO-GOVERNO!
- Lá está o senhor!
- Ai quer-me convencer que agora também era "de"?

A nossa Ericeira

Como o tema me diz muito, sugiro a leitura atenta dos posts da Leonor Barros e do Bekx. Foi na Ericeira que aprendi a andar de bicicleta - no Jogo da Bola, em frente à nossa casa, que é hoje a Caixa Geral de Depósitos e por onde passou em 1910 a família real para acenar ao povo antes de rumar ao exílio, em Inglaterra - e de patins - no Parque de Santa Marta, agora todo renovado e onde irei no próximo fim de semana, para atestar a bondade da intervenção.

Tertúlia literária (198)

- Camões foi o maior escritor português.
- Disparate. Estás a esquecer-te do Saramago.
- És capaz de ter razão. O Camões nunca conseguiu ganhar o Nobel.

Os dias da rádio


A rádio vai morrer muito em breve – esta afirmação foi feita há dias durante um seminário na Sociedade Portuguesa de Autores onde se discutia o futuro deste meio de comunicação. Quando li a notícia no jornal interroguei-me sobre as razões que me levaram a distanciar-me da rádio como ouvinte (de música, não de notícias, que continuo a consumir por razões profissionais).
Tentei situar-me: quando é que mudei? Lembrei-me então dos tempos em que ouvir rádio era, para mim, um must. Durante a minha adolescência houve programas que contribuíram para a minha cultura musical. Estou a recordar-me do excelente “Os Cantores do Rádio”, apresentado por José Nuno Martins, que me ajudou a consolidar os meus conhecimentos sobre música popular brasileira e, por exemplo, de “O Som da Frente”, apresentado por António Sérgio, através do qual me informava acerca das bandas pop/ rock mais vanguardistas.
A rádio ensinou-me, formou-me, apaixonou-me. Havia programas que nem eu, nem os meus colegas de escola gostávamos de perder, sob pena de não acompanharmos convenientemente as músicas que chegavam ao éter em primeira mão.
Mas os tempos mudaram e os programas de autor desapareceram das principais estações. A rádio foi convertida num imenso cd player. As play lists substituíram a selecção personalizada dos animadores. Agora eles passam o que as editoras lhes passam. E rodam os mesmos temas repetidamente, com um propósito comercial tão ostensivo que me irrita.
Quando deixei de ouvir rádio? Quando a rádio mudou a sua relação comigo e me passou a tratar não como ouvinte, mas como mera consumidora de música a metro.

sábado, junho 23, 2007

Boa conduta

O Zero de Conduta passa a figurar nas nossas ligações laterais. É um blogue à esquerda, mas bem intencionado e muito interventivo. Tal como o Pedro Sales. Estão no fundo da nossa lista, por força da letra Z, embora seja bom lembrar que os últimos às vezes são os primeiros.

Outras Lisboas

"Lisboa deve mais ao Manuel Reis do que a muitos ministros, vereadores ou até presidentes. Clarificando: Manuel Reis fez mais pela modernidade de Lisboa do que várias Câmaras juntas e variadas".
Paulo Portas, Sol

Perante isto, só me resta uma dúvida: Então porquê Telmo Correia como candidato à câmara (detesto a palavra autarquia) e não o dono do Lux e da Bica do Sapato? Seria uma campanha muito mais fashion, com muito mais modernidade...

Nas colunas


(Ainda estás a tempo de fugir deste...)
«Doce e fácil reino do blá,
doce e fácil reino do blá,
doce e fácil reino do blá blá blá».
José Cid, nos Green Windows, 1977

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Hemeroteca (6)

«Após o 25 de Abril, os métodos de actuação anticomunista utilizados pelo imperialismo e a reacção foram de certo modo grosseiros, embora tenham tido uma certa eficácia: foi a época dos boatos e das calúnias extraordinários acerca das intenções dos comunistas em Portugal, bem como das acções dos Partidos Comunistas no Poder nos países socialistas: foi nessa altura que se propalaram entre as camadas menos esclarecidas do nosso povo as atoardas segundo as quais os comunistas tiravam os filhos às mães, davam uma injecção atrás da orelha às pessoas, para as convencerem, roubavam as terras e as casas aos camponeses». António Marques dos Santos, O Diário, 13.8.1976.

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Longe de Lisboa (3)

À beira da piscina, toda à minha disposição, escuto a Cavatina dos Shadows - que me traz à memória O Caçador, um dos filmes da minha vida. Abro um jornal para me inteirar enfim sobre o que se passa no mundo - em Portugal já sei que, como é costume, não se passa nada.
O que me revela o periódico?
1. Líderes islâmicos mundiais reunidos em Córdova exigem a concessão da nacionalidade espanhola a todos os mouros expulsos em 1610 de território andaluz e recomendam a criação de um "observatório internacional contra a islamofobia" que decrete um "livro de estilo para jornalistas".
2. O novo chefe do Estado do Equador, o esquerdista Rafael Correa, advertiu que "há que respeitar a majestade da Presidência" (deliciosa expressão!), justificando assim a detenção de um comerciante que fez gestos obscenos à passagem da caravana presidencial, o que lhe basta para arriscar uma pena entre seis meses e dois anos de prisão.
3. Nicolas Sarkozy continua a surpreender: um em cada cinco membros de altos cargos no novo Governo francês é oriundo da esquerda. A mais recente é Fadela Amara, de origem argelina, agora nomeada secretária de Estado para as questões da cidadania. Fadela distinguiu-se como presidente da associação Nem Putas Nem Submissas.
4. Zangam-se as comadres: Bernard-Henri Lévy desanca Bernard Kouchner, chamando ao novo ministro francês dos Negócios Estrangeiros "antigo médico sem fronteiras convertido em geoestratego de salão" pela sua aparente passividade perante a tragédia do Darfur, que "poderá saldar-se pela bagatela mínima de 300 mil mortos". Ao que parece, o "direito de ingerência" já conheceu melhores dias. "Esta evidência de um confronto Sul-Sul (no Sudão), esta imagem de um possível genocídio cometido por africanos contra outros africanos basta para paralisar e desarmar as inteligências", indigna-se Lévy.
5. A comunidade internacional tenta evitar a iminente execução de um casal iraniano. "Crime" cometido: adultério, que segundo o artigo 83º do Código Penal da República Islâmica do Irão é punido por lapidação quando envolve pessoas casadas, como seria o caso. Nota adicional: já estão ambos presos há onze anos.
6. O mayor de Nova Iorque, Michael Bloomberg, desfiliou-se do Partido Republicano e é apontado como provável candidato presidencial independente em 2008, especulando-se já sobre o possível avanço do seu amigo Arnold Schwarzenegger para a corrida à vice-presidência. O milionário novaiorquino contesta o actual sistema partidário, que a seu ver conduz à "paralisia" da política norte-americana, desgastando a imagem dos Estados Unidos no mundo. A campanha presidencial é dispendiosa, o que não constitui problema para Bloomberg, cuja fortuna está avaliada em cinco mil milhões de dólares. Talvez por isso, ele gosta de recomendar aos aspirantes a políticos que se tornem milionários primeiro, "o que facilita muito as coisas".
Nem de propósito: ouço agora Money, dos Pink Floyd. Fecho o jornal: vou dar um mergulho. Já chega de notícias.

A terceira via

Muito curiosa a entrevista de Sofia Galvão na revista "Visão" desta semana. Normalmente muito recatada, a advogada resolveu vir dizer que a "terceira via será inevitável" no PSD. Segundo Sofia Galvão, que trabalhou de perto com Marcelo Rebelo de Sousa, sendo também próxima de Durão Barroso (e esteve no Governo com Santana Lopes), Marques Mendes "faz o que pode, mas isso não é suficiente. (...) O PSD está com a auto-estima em baixo, mas tem bolsas de entusiasmo muito grandes. Que se manifestarão caso exista um projecto mobilizador".
O mais importante na entrevista é que Sofia Galvão veio dizer aquilo que muita gente pensa no PSD e fora dele. A "terceira via" está a ser preparada há mais de um ano, secretamente, entre várias tendências. Sobretudo as que estão ligadas a Durão Barroso e a Marcelo Rebelo de Sousa, visto que os santanistas têm optado por colaborar com Luís Filipe Menezes. Voltando à entrevista, Sofia Galvão diz preto no branco que "o PSD vai ter um congresso, no primeiro semestre de 2008" e que "ainda muita coisa se passará... Haverá alguém com condições para disputar essas eleições". A advogada refere-se às legislativas de 2009.
Quando a nomes, mais uma surpresa: afasta os nomes de Rui Rio, Manuela Ferreira Leite, Paula Teixeira da Cruz e António Borges. "Não é nenhum desses nomes... Se Marques Mendes vier a ser desafiado por Luís Filipe Menezes, é para mim seguro que haverá um terceiro candidato. (...) No tempo certo, será o próprio a assumir a sua disponibilidade". Com várias críticas ao chamado aparelho do PSD, a advogada sustenta que "as pessoas novas não são bem-vindas à política partidária".
A análise é certeira. Só que há um dado novo que quero acrescentar. A existir uma "terceira via", ela vai caracterizar-se por uma coisa muito simples: irá roubar votos e espaço interno no campo de Marques Mendes. E isso poderá beneficiar Menezes. A grande questão é se os mentores dessa "terceira via" o fazem conscientemente, ou se não tinham pensado ainda nessa possibilidade.

Música de todos os tempos (8)


Stevie Wonder - "You are the sunshine of my life"

No divã

A campanha do PSD para a Câmara Municipal de Lisboa vai de mal a pior. Primeiro, Fernando Negrão tinha o 'slogan' "Lisboa a sério", que dava a entender que antes o partido andava a brincar na capital. Agora, é "Lisboa à frente". Quererá dizer que, no passado recente, Lisboa estava mais atrás na lista de prioridades do PSD? O partido não é novo nisto, mas até parece que o amadorismo reina nos últimos tempos ali pelas bandas da São Caetano à Lapa. Até dá a ideia, com estes 'slogans', que o subconsciente de alguém fala sempre mais alto. Que tal uma tarde passada no divã de algum consultório especializado? É que os ensinamentos do dr. Freud explicam quase tudo...
Manuela Ferreira Leite e Paula Teixeira da Cruz, conscientes das trapalhadas, é que sabem. A mandatária e a líder da distrital desapareceram por completo da campanha de Lisboa. Já pressentiram que o desastre está à porta. E é preciso ir preparando o futuro.

sexta-feira, junho 22, 2007

São João do "Notícias"


Friday (bis)


NORAH JONES. Depois das canções, o cinema. Vamos vê-la muito em breve no filme My Blueberry Nights, de Wong Kar Wai. Um road movie que também conta com Rachel Weisz e Natalie Portman no elenco. Rachel e Natalie, se bem se lembram, já visitaram o Corta-Fitas à sexta-feira. Faltava a bela Norah: imperdoável esquecimento agora mesmo colmatado.

Dessa doença pelo menos estou safo

Estava aqui a ler esta disparatada diatribe sobre lésbicas sodomitas e espantado com a minha ignorância. Não sabia que a JS tinha colocado um cartaz com duas giraças estilo L Word a darem um beijo na boca em pleno Marquês. Acho que vou reservar um quarto no Fénix Lisboa, com uma vista. O lesbianismo, como doença, a mim não aflige.

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Friday it is

A pedido do nosso FAL, que está hoje demasiado ocupado para o cumprimento da sua habitual e benemérita missão semanal, aqui está ela: Laetitia Casta, em pose de reflexão. (Expressei-me mal. Ele não me pediu a Laetitia. A escolha foi minha. Mea culpa)

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Nas colunas


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E ele a dar-lhe

Peço, ao senhor que já deve estar a sentir cãimbras severas no indicador, que pare de votar aqui ao lado em Manuel Monteiro.

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Europa (des)unida

Os espanhóis são sempre os mais loquazes e simpáticos: ao contrário dos sisudos portugueses, cumprimentam qualquer estranho com quem se cruzam no hotel. Os alemães vêm para férias como se estivessem a trabalhar: deitam-se mal anoitece e levantam-se com os primeiros raios de sol. Os ingleses mantêm o péssimo hábito de comer feijão ao pequeno-almoço e jamais deixam de usar umas ridículas peúgas quando vestem calções. Alguém aí falou em unidade europeia?

Tertúlia literária (197)

- Tenho há três anos o Proust na mesa de cabeceira e ainda não o abri, vê lá tu.
- Caramba! Então porquê?
- Não precisei. Felizmente há três anos que não tenho insónias.

O outro Portugal profundo

Dois Portugais Profundos fazem as notícias. Por um lado, um blogger que diz não acreditar que o Primeiro-Ministro tenha efectuado uma queixa-crime. Por outro, o Portugal que o mesmo Primeiro-Ministro tem percorrido incansavelmente nas últimas semanas, apesar da Presidência Europeia, das eleições de Lisboa e tudo o mais que lhe sobrecarrega a agenda. O périplo pelo país prossegue este fim de semana em Vila Real. E quem tenha seguido estas deslocações ouvirá certamente agora os mesmos ecos das viagens anteriores: Sócrates chega ao local, é apupado mas diz que «as críticas fazem parte da democracia», aperta mãos e dá abraços, sorri. Sorri sempre. Pelo meio, anuncia investimentos e sai de cena no meio de palmas.
Tudo isto demonstra que Sócrates leu adequadamente os sentimentos dos portugueses e percebeu quão indispensável era inflectir o discurso e a forma. Decidiu ir ao campo de batalha e dar a outra cara. Uma cara mais bem disposta, dialogante, sem a crispação nervosa que se tornara a sua imagem de marca. O plano é ir, de lés a lés e a cada lugar, com uma mão para dar bacalhaus e outra para apontar anúncios, promessas e investimentos. E resulta? Se resulta! Bem podem os títulos preferir destacar a polémica em torno do outro Portugal Profundo. Isso pouco o afecta. Algures, no «País Real», Sócrates aplica o seu jogging numa verdadeira maratona, numa nova fase de conquista com verdadeiros contornos pré-eleitorais. Quem não perceber isto, toma a nuvem por Juno.

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quinta-feira, junho 21, 2007

Longe de Lisboa (2)

Já tinha saudades de ver os plátanos, as olaias e o par de araucárias do jardim do Largo Dr. Jorge Correia. Volto aqui nove meses depois: o mesmo cenário deslumbrante, no ponto mais alto de Tavira, paredes meias com o castelo. A dois passos, a convidativa pousada do Convento da Graça, com a sua elegância intemporal. Os sinos assinalam a lenta progressão das horas nas igrejas em redor. Um melro vadio bebe num dos recantos do jardim, regado pouco antes. Crepúsculo sobre a cidade: vejo-a cá do alto, na sua espantosa alquimia de tons, banhada pela despedida dos raios solares.
A Ver Tavira - é o nome do restaurante. Nenhum outro seria mais ajustado para este jantar, dada a sua privilegiada localização. Provo carpaccio de salmão com azeite balsâmico, lulinhas à algarvia, courgettes com queijo de cabra. Há-de vir ainda para a mesa um bacalhau verde com gambas que promete nota igualmente muito elevada. Quem disse que a gastronomia regional se resume a lugares-comuns? E bebo um fabuloso rosé alentejano - Vinha da Defesa, da herdade do Esporão - bem apropriado aos petiscos e à temperatura ambiente. Num país onde a toda a hora se consomem "sangrias" mais que duvidosas e toda a sorte de caipirinhas à refeição, percebo mal esta aversão dos portugueses aos nossos excelentes rosés, que já figuram entre os melhores da Europa.
Volta a soar um sino. E o melro cantou há pouco, reconfortado. Escuto-o: diz-me que é bom estar aqui de férias. Um brinde a esta ave tão sábia: não posso estar mais de acordo.

Momentos Kodak (53)

Começa hoje o III Salão Internacional Erótico de Lisboa. De 21 a 24 de Junho poderás viver a sexualidade de uma maneira inovadora, rompendo barreiras e preconceitos. Com uma programação diversificada que inclui debates, exposição de arte, concursos e os shows mais picantes do momento, o Salão será uma porta aberta ao prazer dos sentidos. Em conferência de imprensa, Sá Leão convidou a ministra da Cultura a comparecer no evento. Acederá ela ao convite?
(Junho 2007)
Fotografia: Rodrigo Cabrita

Do dicionário

DRENAR -- acto de suspender ou mesmo expulsar, mediante denúncia, os funcionários que ousem insultar, questionar ou mesmo gracejar com as figuras tutelares da nossa eficiente democracia.

Depoimentos de "Um dia por Lisboa"

Se me permitem, não deixem de ouvir o excelente depoimento de António Câmara (da empresa "YDreams") integrado no debate Um Dia Por Lisboa, que teve lugar no dia 19 de Junho no Teatro S. Luiz.
Outros depoimentos (Rui Tavares, Nuno Teotónio Pereira, Miguel Sousa Tavares, etc.) podem ser ouvidos em http://pftv.sapo.pt/

Fora de horas

Ontem, no lançamento do livro de José Eduardo Agualusa “As Mulheres do Meu Pai”, que decorreu na Casa Fernando Pessoa e contou com a apresentação do anfitrião Francisco José Viegas, também lá estava António Costa.
Porque é que em altura de campanha todos despertam para a cultura e fazem questão de não perder uma estreia, concerto ou lançamento de um livro?
É sempre bom ver os nossos políticos nestas andanças porque eles são mais que fatos escuros e gravatas, mas será ainda muito melhor se continuarem a marcar presença depois das eleições. A cultura agradece.

Punch

É raro eu citar este blogue, mas hoje não vi maneira de não o fazer. Aqui vai um cheirinho: "Sócrates e a srª drª DREN Margarida Moreira são personagens feitos da mesma massa: gente burra a quem alguém não deu chá em criancinha". - JPH, no Glória Fácil

Fundações

Hoje, no Parlamento, poderá ser dado o primeiro passo para a extinção da Fundação Dom Pedro IV. Depois disto, gostava de ver o Estado com mais atenção às fundações que por aí existem, muitas delas sem qualquer função social ou pública. Mas com muitas simpatias fiscais. Qualquer bicho careta pode ter uma fundação. Seja ele jogador de futebol em vias de deixar o activo, seja ele um figurão sinistro que tenha sido feito comendador há 20 anos ou um dos muitos mangas de alpaca que tenha, num momento preciso, uma excelente relação com quem ocupa o poder. Fiscalização, zero.

Má, péssima notícia

A casa de chá Raposa, em Sintra, «está fechada para obras por um período indeterminado», como avisa um ominoso letreiro. Não são apenas os fantásticos scones, o bolo de noz, as geleias ou o chá da Mariage Frères que se arriscam a desaparecer. É todo um conjunto de cores e tecidos, texturas e odores, enfim...de beleza e paz. Se a ASAE tem alguma coisa a ver com isto, aviso desde já que tenho amigos que chegam bem para os vossos ninjas. A mim, quem me tira o chá Eros tira-me tudo.