sexta-feira, junho 22, 2007

O outro Portugal profundo

Dois Portugais Profundos fazem as notícias. Por um lado, um blogger que diz não acreditar que o Primeiro-Ministro tenha efectuado uma queixa-crime. Por outro, o Portugal que o mesmo Primeiro-Ministro tem percorrido incansavelmente nas últimas semanas, apesar da Presidência Europeia, das eleições de Lisboa e tudo o mais que lhe sobrecarrega a agenda. O périplo pelo país prossegue este fim de semana em Vila Real. E quem tenha seguido estas deslocações ouvirá certamente agora os mesmos ecos das viagens anteriores: Sócrates chega ao local, é apupado mas diz que «as críticas fazem parte da democracia», aperta mãos e dá abraços, sorri. Sorri sempre. Pelo meio, anuncia investimentos e sai de cena no meio de palmas.
Tudo isto demonstra que Sócrates leu adequadamente os sentimentos dos portugueses e percebeu quão indispensável era inflectir o discurso e a forma. Decidiu ir ao campo de batalha e dar a outra cara. Uma cara mais bem disposta, dialogante, sem a crispação nervosa que se tornara a sua imagem de marca. O plano é ir, de lés a lés e a cada lugar, com uma mão para dar bacalhaus e outra para apontar anúncios, promessas e investimentos. E resulta? Se resulta! Bem podem os títulos preferir destacar a polémica em torno do outro Portugal Profundo. Isso pouco o afecta. Algures, no «País Real», Sócrates aplica o seu jogging numa verdadeira maratona, numa nova fase de conquista com verdadeiros contornos pré-eleitorais. Quem não perceber isto, toma a nuvem por Juno.

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