domingo, dezembro 31, 2006

Crónica à maneira de balanço

Não sou particularmente devoto das festividades do Ano Novo, acontecimento que leva aos píncaros da euforia muitos dos meus ilustres concidadãos. O tempo a mim parece-me mais uma linha recta (ou, admito, ligeiramente curva segundo a representação de Einstein) do que circular, por mais conveniente que esse formato seja para nossa orientação temporal. Mas pronto, vamos completar o círculo de 2006 e eu não resisto a fazer o meu pequeno balanço.
Este ano foi indubitavelmente marcado pela minha feliz incursão e descoberta da blogosfera. Um novo e fascinante mundo marcado pelo conhecimento de novas gentes, escritas, ideias e até de novos amigos.
Musicalmente, em 2006, entretive-me muito com o álbum “Aerial” da Kate Bush, e apaixonei-me pela georgiana Katie Melua. Dos poucos concertos a que tive o privilégio de assistir, guardo a boa recordação de Dee Dee Bridgewater no grande auditório do CCB. Uma mulher e uma voz que encheram por duas horas a sala e a minha alma. Na música clássica (e sob o protesto da minha sensível mulher), o meu ano de 2006 foi um ano de Tchaikovsky. Fabuloso este compositor russo do Séc. XIX que magnificamente promoveu o fulgor dos metais na música sinfónica.
Para um empenhado pai e padrasto, ir ao cinema com regularidade, foi “chão que já deu uvas”, e este ano a maior parte das vezes que fui, foi com as crianças às matinées infantis. Assim não admira que o meu destaque vá para a “Idade do Gelo – O Degelo” de Carlos Saldanha. Mas foi em 2006 que descobri o filme “Anjos no Inferno”, do realizador Ryan Little. E mesmo que politicamente incorrecto, atrevo-me a adjectivar de belíssimo o filme “O Nascimento de Cristo” de Catherine Hardwicke, a adicionar à minha prateleira de DVDs assim que seja posto à venda.
Nas leituras, os meus destaques do ano vão para “D. Pedro V” de Maria Filomena Mónica, e para “D. Carlos” de Rui Ramos ambos da colecção “Reis de Portugal” do Circulo de Leitores. Nos romances, David Lodge voltou a fazer-me boa companhia, em detrimento do retomar de Proust “Em Busca do Tempo Perdido”… encalhado algures “À Sombra das Raparigas Em Flor”. Uma vergonha.
Em termos profissionais, tratou-se de um ano de decisivas mudanças nas estruturas da empresa em que trabalho. Esse facto tem requerido grandes esforços de adaptação por parte de todos nós. A mudança não é fácil, para ninguém, tanto mais quando os resultados são diferidos e destes dependem alguma da estabilidade.
Finalmente, o ano termina com a “família pipocas” preparada para acolher um novo membro, já daqui a pouco mais de um mês. Ontem com a miudagem convidada a presenciar a penúltima consulta de gravidez da minha mulher, a nossa filha mais pequena garantiu ter visto no monitor as “pistanas” do José Maria a “muxer”. “Ano novo, vida nova” - no nosso caso, tudo indica será literal.
Feliz e próspero ano novo 2007 para todos, são os meus sinceros os votos.

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