Previsões 2007 (As figuras)
A dupla Nicolas Sarkozy e Angela Merkel vai dominar o ano político.
Sarkozy deverá vencer as eleições presidenciais em França, na segunda volta, em Maio. Penso que o candidato de centro-direita, em relação à sua rival socialista (Ségolène Royal) tem duas vantagens e uma desvantagem: Por um lado, Sarkozy é um político mais experiente do que Ségolène e parece ter soluções sólidas para os três problemas franceses mais óbvios (segurança, economia e futuro europeu); a desvantagem tem a ver com o seu anti-elitismo.
Porque esta eleição será renhida e até atípica, há dois excelentes candidatos de centro, o que vai minar a influência das franjas. O candidato do centro-direita constitui um problema grave para a extrema-direita; e a de centro-esquerda será uma catástrofe para os grupos radicais à sua esquerda. É por isso que só a segunda volta conta.
Curiosamente, Ségolène foi discípula de François Mitterrand e teve a melhor formação possível (é de esquerda, mas énarque, portanto, das elites, o que em França costuma ser excelente mistura). Mas, ao contrário de Mitterrand, falta-lhe uma carreira política para poder vencer estas eleições.
Sarkozy é o oposto dela. Um pragmático, político tarimbeiro, que por vezes parece arriscar tudo numa única jogada. Tem a seu favor uma importante carreira prática, tendo pegado com êxito nos piores problemas do país (finanças descontroladas e insegurança). Contra si, terá o excesso de ambição (é demasiado visível) e o que nos media surge como “populismo”, mas que consiste, de facto, em não pertencer às elites políticas locais.
Há outros aspectos importantes: a França necessita de reformas e já sabe disso; as carreiras políticas francesas são longas, pelo que este será apenas o primeiro round de futuros combates entre Ségolène e Sarkozy. A dupla vai dominar a próxima década.
O que nos leva à Europa (a próxima década será europeia). Sarkozy parece ter uma resposta para a crise na UE, enquanto Ségolène tem fugido do tema, porque ele é demasiado embaraçoso para os socialistas.
Poderá ocorrer algo de inesperado, como um deslize nos debates televisivos (Ségolène será talvez mais hábil), mas penso que estes serão factores decisivos numa vitória final para Sarkozy, sempre por pequena margem.
Entretanto, na Alemanha, estarão a terminar os dois anos da grande coligação governamental. Após a mudança em França (e isto vale para qualquer resultado), Angela Merkel terá esgotado as virtudes da união entre CDU e SPD. Ou seja, haverá forte tentação para eleições antecipadas. Merkel deverá vencê-las com facilidade e Outubro será boa ocasião para o conseguir.
França e Alemanha estarão então em condições de impor uma saída para o impasse constitucional europeu. Talvez já em Dezembro de 2007, talvez só em Junho do ano seguinte.
Etiquetas: Internacional