A vida humana é um valor absoluto
No domínio dos valores, não devemos ser relativistas. Para mim, a vida humana é um valor absoluto: sou radicalmente contra a aplicação da pena de morte. A sentença capital decretada ao ex-ditador iraquiano Saddam Hussein - por mais execrável que tenha sido o seu regime e por maior "canalha" que ele próprio fosse no exercício do seu poder despótico, para usar esta expressão cara à eurodeputada Ana Gomes - fere os mais elementares princípios civilizacionais, tornando os seus juízes e os seus algozes numa espécie de equivalente moral do antigo tirano de Bagdade. Nenhum dos crimes cometidos por Saddam, por mais repugnantes que tenham sido, poderá ser reparado com a sua execução, ditada pela "justiça dos vencedores", neste caso equivalente a pura vingança, mesmo que camuflada pela necessária respeitabilidade de um tribunal. Não devemos ser magnânimos com os ditadores, mas devemos ainda menos imitá-los nos instintos carniceiros. O respeito por uma vida humana, seja ela qual for, deve funcionar sempre como linha divisória entre a civilização e a barbárie. E não me venham dizer que tudo isto é relativo. Porque não é.