quarta-feira, setembro 20, 2006

Rei D. Carlos

Hoje, ao chegar a casa, tinha à minha espera mais uma entrega de três volumes da série “Reis de Portugal”. Uma recomendável colecção de biografias publicadas pelo Círculo de Leitores. Foi com emoção que reparei que um dos volumes em sorte é o XXXIII (da autoria de Rui Ramos), ou seja D. Carlos, por quem possuo um pequeno parti pris. Logo o folheei demoradamente. Na habitual selecção de imagens presente a meio de cada volume encontrei duas que particularmente me impressionaram: o retrato do inocente príncipe Luis Filipe aos treze anos, e outra com os vultos dos seus pais D. Amélia e D. Carlos, desembarcando no Terreiro do Paço no fatídico dia 8 de Fevereiro de 1908, minutos antes da tragédia - havemos de voltar ao assunto na próxima efeméride.
Quanto a esta obra do historiador Rui Ramos, vai já para o monte à mesa-de-cabeceira. Aqui deixo umas linhas da introdução, só para abrir o apetite:

D. Carlos I (1863-1908) foi o primeiro rei de Portugal a morrer de morte violenta depois de D. Sebastião, em 1578. Foi também um dos mais inteligentes e capazes reis do seu tempo, quando a Europa era ainda, com excepção da França e da Suíça, um conjunto de monarquias. D. Carlos correspondia bem, pelas suas ideias e interesses, ao tipo do fidalgo liberal, o equivalente português da aristocracia whig inglesa. Graças a uma educação cuidada, adquiriu grande competência em pintura e em ciências naturais. Administrou as suas propriedades agrícolas no Alentejo com cuidado. D. Carlos tinha 26 anos quando foi aclamado rei, a 19 de Outubro de 1889, e apenas 44 quando morreu, a 1 de Fevereiro de 1908.
Tal como os seus antecessores imediatos, desempenhou o papel de árbitro entre os líderes dos grandes partidos constitucionais, cuja governação acompanhou com atenção, especialmente no que dizia respeito às relações externas do país. Como já acontecera a seu pai, teve de viver com um movimento político entre os seus súbditos que se propunha abertamente destruir a monarquia. Nos seus últimos dias, porém, D. Carlos julgou que estava no caminho certo para assegurar a continuidade da monarquia constitucional, através de uma renovação das lideranças partidárias e de uma reafirmação dos princípios do liberalismo, sinceramente partilhados pelo rei. Era um homem independente, sensato e corajoso, capaz de suportar grandes pressões e de tomar decisões arriscadas quando se impunham. Morreu por causa das suas qualidades, não por causa dos seus defeitos.


D. Carlos, por Rui Ramos. Colecção Reis de Portugal - Circulo de Leitores 2006

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