A questão iraniana (I)
O problema das ambições nucleares iranianas ilustra o erra crasso que a administração Bush cometeu ao atacar o Iraque. Podia pensar-se que o precedente de uma guerra preventiva justifica uma nova guerra preventiva, mas não parece que o Ocidente consiga evitar que o Irão desenvolva uma bomba atómica.
A velha fábula de Pedro e o lobo aplica-se neste caso. A guerra contra o Iraque não se justificava, mas Washington ignorou os avisos e atacou na mesma, após alienar os seus melhores aliados. Aliás, era tal a arrogância, que os aliados sofreram profundos vexames. O resultado foi uma confusão que começa a ser impopular nos próprios Estados Unidos. E como já se escreveu aqui, nenhum dos objectivos estratégicos foi atingido.
Ora, a opinião pública americana dificilmente aprovará uma nova aventura, mesmo que se justifique uma guerra preventiva, como parece ser o caso.
As sanções também devem falhar, pois o Irão produz quatro milhões de barris de petróleo por dia, cinco por cento da produção mundial. Qualquer perturbação ou a saída do mercado levaria o barril acima dos cem dólares, o que parece insustentável, por exemplo, para a China.