Na morte de Jean-François Revel
O filósofo, politólogo e jornalista Jean-François Revel, agora falecido, teve o condão de ser um dos primeiros intelectuais franceses oriundos da esquerda a denunciar sem reservas mentais a "tentação totalitária" dos regimes ditos socialistas. Muito antes da queda do Muro de Berlim. Foi, além disso, um polemista temível, que nunca virou costas a um bom debate. "Todos os livros de Revel são penhascos suspensos. Ele é um panfletário e, portanto, a sua primeira necessidade é prender a atenção alheia", observou Mary McCarthy. Foi ainda um grande amigo de Portugal. Nas páginas da revista L'Express, que dirigiu, pronunciou-se em artigos contundentes contra os desvios extremistas da revolução portuguesa de 1975, declarando o seu apoio ao PS de Mário Soares contra a esquerda militar e o PCP de Cunhal. Como leitores, devemos-lhe livros tão estimulantes como Nem Marx Nem Jesus, A Tentação Totalitária, Como Terminam as Democracias e O Conhecimento Inútil. Todos primorosamente bem escritos, num permanente desafio à inteligência do leitor.