O ópio do povo (37)
Análise dos jogadores portugueses, um a um, neste Campeonato do Mundo. Onde Ricardo, Miguel, Ricardo Carvalho, Maniche, Deco, Figo e Cristiano Ronaldo fizeram a diferença.
Ricardo – O herói da baliza, que defendeu três penáltis contra a Inglaterra. Será lembrado sobretudo por essa prestação inesquecível.
Miguel – Um dos melhores laterais direitos que esteve no Mundial. Notou-se muito a sua falta no jogo contra a Alemanha.
Paulo Ferreira – Substituto de Miguel em dois jogos, nunca se mostrou ao mesmo nível do seu colega.
Fernando Meira – Talvez a maior revelação da equipa portuguesa. Esteve em grande nível, contrariando todos quantos anteviam que falhasse na articulação com Ricardo Carvalho no eixo da defesa.
Ricardo Carvalho – Provavelmente o melhor defesa central da Europa, como se confirmou no Mundial. Quando não joga, toda a equipa se ressente.
Ricardo Costa – Estreou-se na selecção no último jogo. Acusou a falta de rotina competitiva e de articulação com Meira.
Nuno Valente – Mostrou que eram prematuros os vaticínios sobre o seu apagamento. Ganhou duelos na ala esquerda da defesa com jogadores tão importantes como o inglês Beckham ou o francês Ribéry.
Caneira – Jogou de início contra o México, sem fazer esquecer nenhum dos defesas titulares.
Costinha – Ainda influente na posição de trinco. Mas acusou algum desgaste físico e psicológico, patente na forma infantil como pôs a mão na bola, contra a Holanda, o que lhe valeu a expulsão.
Maniche – Um dos nossos melhores jogadores. Sempre inconformado e na mira do golo. Marcou dois (contra o Irão e o México), puxando pela equipa como só ele sabe fazer.
Petit – Construtor de grandes jogadas no meio campo, sempre batalhador. Algo contido nos disparos à baliza, falhou um penálti (contra a Inglaterra) e fez um autogolo que o há-de perseguir por muitos anos (ontem, contra a Alemanha).
Tiago – Muito irregular. Scolari apostou várias vezes nele, mas nunca se mostrou à altura desta aposta. Confirma-se que é melhor jogador de clube do que de selecção.
Deco – Falhou os jogos contra o México e a Inglaterra, esteve muito marcado contra a França. Ainda assim, assinou algumas das jogadas mais bonitas da selecção. Notável a sua precisão de passe. Marcou um belo golo contra o Irão.
Figo – Despede-se da selecção com este quarto lugar no Mundial para o qual deu um contributo decisivo. Esteve na origem de quase todos os golos portugueses. Um grande capitão da selecção nacional até ao fim.
Simão Sabrosa – Alternativa habitual aos atacantes titulares, saltou do banco sempre para incutir maior dinamismo e velocidade às linhas ofensivas portuguesas.
Cristiano Ronaldo – Amado e odiado, o mais habilidoso dos nossos jogadores foi individualista contra Angola, acabou lesionado contra a Holanda e recebeu monumentais vaias do público contra a Inglaterra e a Alemanha. Foi crescendo de jogo para jogo, usando a sua sua destreza técnica (e às vezes abusando dela). Inesquecível, o penálti que marcou contra os ingleses.
Hugo Viana – Opção alternativa para o meio-campo, mostrou acutilância quando foi utilizado (contra a Inglaterra). Pecou por ter falhado um penálti nesse jogo.
Luís Boa-Morte – Jogou dez minutos contra o México. Não teve tempo de deslumbrar ninguém.
Pauleta – Um só golo contra Angola. Passou com demasiada discrição pelo Mundial.
Helder Postiga – No Euro-2004 e em certos jogos de qualificação, entrou à beira do fim para marcar. Não repetiu a proeza na Alemanha, onde foi um suplente demasiado discreto.
Nuno Gomes – O grande mistério desta participação portuguesa no Mundial. Jogou menos de meia hora contra o México e contra a Alemanha – o bastante para ter marcado um golo (aos alemães), produzindo tanto como Pauleta. Por que motivo Scolari não o tirou mais vezes do banco?
Quim e Paulo Santos – Guarda-redes suplentes, não chegaram a ser utilizados.