O ópio do povo (36)
Portugal despediu-se ontem do Mundial com a única derrota expressiva que sofreu na Alemanha: 1-3. O jogo, destinado a atribuir o terceiro lugar no certame, foi um dos mais interessantes que vi nesta prova, contrariando novamente o parecer dos "especialistas" que anteviam "falta de motivação" aos jogadores. Sem Miguel (por lesão) e Ricardo Carvalho (por castigo), Portugal jogou com a defesa desguarnecida: o estreante Ricardo Costa, que fez parceria com Fernando Meira, esteve muito abaixo do que se exigia. É certo que a nossa selecção teve mais tempo de posse de bola (57%), mas o facto é que foi menos objectiva do que a Alemanha, muito incentivada pelo público que enchia o estádio de Estugarda. Só que o desnível do resultado não traduz o que se passou no estádio, onde não faltaram hipóteses de golo aos portugueses por intermédio de Cristiano Ronaldo, Deco e até (sim!) de Pauleta. Viria a ser, no entanto, Nuno Gomes a marcar o solitário golo português após um soberbo passe de Luís Figo, que ontem se despediu da selecção. Pouco antes Petit deitara tudo a perder com um autogolo, entre dois disparos certeiros de Schweinsteiger, sem hipóteses de defesa para Ricardo. Perdemos com desportivismo perante a turma anfitriã e após uma das mais brilhantes campanhas de sempre numa competição futebolística. Parabéns à selecção.