segunda-feira, setembro 10, 2007

Os tugas (31)

Naquela tarde, Maria das Dores saiu de casa com algum receio. Mas o receio dissipou-se mal chegou à carruagem do metro. Sentadas à sua frente, duas volumosas mulheres – mais ou menos da sua idade, a caminho acelerado dos 50 – pareciam tão ousadas como ela.
Uma vestia calção muito curto, de ganga, que lhe deixava bem à mostra a coxa descomunalmente larga, muito branca. E uma blusa sem alças, com vastíssimo decote, que permitia vislumbrar grande parte dos seios intermináveis, descaídos quase até ao abdómen. Na base do seio esquerdo, via-se a tatuagem de uma ave – talvez uma águia, denunciando a filiação clubística da avantajada e atarracada mulher.
A outra, igualmente baixa e volumosa, envergava uns jeans desesperadamente justos: o botão da cintura ameaçava saltar do seu posto a qualquer momento. Dores teve ainda tempo, antes de a outra se sentar, de reparar que usava fio dental, o que lhe acentuava ainda mais a imensidão das nádegas. Sorriu de novo, ao contemplar as vizinhas da carruagem: qualquer uma pesava obviamente mais de 80 quilos. Nada que andasse longe do seu próprio peso.
Foi assim, notoriamente mais descontraída, que se levantou ao chegar ao seu destino, mostrando com algum orgulho as calças de cós descaído que lhe deixavam bem visíveis três ou quatro largos círculos de gordura em redor do que mal poderia chamar-se cintura. Quem a visse, julgaria talvez tratar-se de uma campanha publicitária aos pneus Good-Year. Dores, assim à la page, nem queria saber. Só a incomodava que mal se conseguisse vislumbrar o piercing que acabara de plantar no seu rechonchudo umbigo...

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