quarta-feira, julho 25, 2007

Não me apetece

Recordam-se do filme "A Guerra das Rosas"? A história reduzia-se a ataques e contra-ataques pela posse da casa entre um casal em processo de divórcio, até ao lustre final.
Foi do que me lembrei quando li este artigo sobre desavenças entre vizinhos. As histórias relatadas são, como direi, surreais : "há quem perca a cabeça por causa do fumo das sardinhas e acabe a atirar «mangueiradas» de água para o andar de baixo, há uma vizinha que, faça sol ou faça chuva, deixa os dois cães na varanda, ficando os cães a ladrar o tempo todo além do mau cheiro que causam, um morador no rés-do-chão que desespera com a quantidade e diversidade de objectos que aparecem no seu jardim: pontas de cigarro, papéis, uma torneira e até um fervedor. Isto sem falar de uma mulher idosa que costumava dançar sevilhanas de madrugada. Como os vizinhos se queixavam começou a deitar botijas de gás pelas escadas. O administrador do condomínio alertou a filha da vizinha, mas esta não gostou e deu três facadas na porta do vizinho de baixo."
Segundo li, estes casos são resolvidos nos Julgados de Paz, especializados em mediar conflitos deste género, o que não deve ser nada fácil. Devem estar cheios de processos com gente quezilenta e queixosos deseperados.
Na senda da paz, da ordem e da tolerância comunitária, até existe o Dia Europeu dos Vizinhos. Isto é um suponhamos mas creio que isso significa que nessa cordata efeméride deveríamos sorrir ao estudante de piano, dar uma gracinha ao aprendiz de flauta, cumprimentar os fanáticos das remodelações, saudar os donos dos cães que emporcalham os acessos, segurar a porta aos que bloqueiam os passeios, elogiar as cozinheiras dos fritos, lisonjear o odor dos guisados, louvar a felicidade do casal do 11º e aplaudir os Iron Maiden ao jovem do 12º.
E você, caro leitor, é um bom vizinho? Eu estou do lado do Paulo Tunhas no Atlântico: "Bom dia e andam com sorte".