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Ofereço este post ao amigo João Villalobos, visto ter gostado de o ler. É todo seu.
E ainda leva um sonoro chuac em cada uma das bochechas.
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Mais do que palavras
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Mais do que palavras
Há expressões da moda, de todos os tempos, cómicas, brejeiras, que usamos mais, que nunca usamos, que nos prendem, simpáticas, de que gostamos ou de que não gostamos mesmo nada.
É sobre estas últimas que me apetece escrever. No top mais das mais parvas está a expressão "Quem sabe...?" , substítuida por vezes pelas expressões "talvez um dia", "nunca se sabe", "o futuro o dirá", "o futuro a Deus pertence", etecetera, etecetera.
Quem utiliza a expressão "Quem sabe..", sabe muito bem que isso significa "nunca", "jamais" ou "em tempo algum", que funciona como uma espécie de paliativo para amortecer o que fica por dizer. Não falo de lotarias ou jogos de sorte. Aqui não "entra" sorte nenhuma, as palavras são proferidas intencionalmente como gotas alucinogéneas que criam a ilusão de que nada é definitivo. É uma expressão que serve para empatar e que tem os seus efeitos em almas vulneráveis, incautas e tantas vezes ingénuas. "Nunca se sabe..." : falso, nada mais falso. Ou melhor, uma grande ficção adocicada ou embalada com vistoso laçarote mas com o interior vazio. "O futuro o dirá...": expressão idiota que permite a germinação de situações dúbias, contorna compromissos e cria limbos de esperança ou expectativa na maioria dos casos completamente infundadas.
As infecções tratam-se com antibióticos e não com produtos naturais. O placebo serve muito bem como indutor da sugestão e tem o efeito psicológico que favorece uma ilusão subjectiva, mas não cura coisa nenhuma. O problema reside se queremos ou não acreditar e convém não esquecer que nem Deus nem o "futuro" têm sede nem impressos para reclamações.
O ideal mesmo seria que as palavras viessem com livros de instruções. "Nunca se sabe" o que se poderia evitar.