Salazar em 75 Minutos
Numa altura em que Salazar ganhou o concurso promovido pela RTP “Os Grandes Portugueses” e em que não faltam livros nas prateleiras das livrarias sobre o “ditador”, as expectativas em torno de Salazar The Musical são grandes e a estreia da peça encenada por John Mowat – um inglês que começou a sua ligação a Portugal em 1992, quando actuou e deu aulas no Chapitô – pareceu mesmo oportuna.
Ainda que seja urgente rirmo-nos do nosso passado, a ligeireza com que o tema e vida deste político e estadista é tratado, apesar de parecer propositada, deixa muito a desejar. Talvez se o título fosse “Oliveira Salazar em 75 Minutos”, uma comédia, sem pretensões musicais, não saíssemos tão defraudados. É, sem dúvida – e muito ao estilo do seu encenador –, um espectáculo mais visual que musical.
Em palco há à volta de 20 cadeiras, diferentes objectos e instrumentos que vão sendo utilizados à medida que a peça se vai desenrolando. Seis actores/músicos em palco, com principal destaque para José Pedro Vasconcelos, que começa por dar vida a Salazar, trocando, mais tarde, este papel com Miguel Melo. Uma passagem um tanto ou quanto estranha. “Então, e eu?”, pergunta JPV, “Tu, baza!”, responde MM. Margarida Gonçalves, que demonstra uma boa fisicalidade, lembrando uma Rueff “versão 2”, dá vida à mãe de Salazar e a Maria. Os três conseguem, a espaços, arrancar alguns risos do público, mas nada mais do que isso.
Quem pouco ou nada sabe sobre Salazar também não é ali que vai aprender. Nasceu no Vimieiro, passou pelo seminário, sempre teve dificuldade em se sentar na cadeira, enterrou a mãe, conheceu e deixou-se seduzir por uma Maria (a empregada de toda a vida) dominadora e ciumenta. É ela quem decide a colocação do Cristo-Rei, a construção da ponte 25 de Abril e está na origem do incidente que leva Salazar a cair da cadeira, o que o torna mentalmente diminuído. Na peça, é Maria quem o empurra e exclama posteriormente: “Encontrei-o assim...”. Isto representado de forma exagerada num tipo de humor negro que nem todos apreciam. Talvez por isso, a sala cheia a que o teatro Villaret nos habituou estivesse às moscas. E a desculpa não são as férias, são diálogos do tipo:
- Lisboa precisa de si!
-Dá-me então só 2 minutos para enterrar esta desgraçada? (Salazar referindo-se à mãe). Se a ideia inicial da peça era desmistificar e ridicularizar Salazar, conseguiram. Contudo, de forma fraca. Indicado para quem nunca viu trabalhos encenados por John Mowat. Porque, para quem já viu, este soube a pouco.
Ainda que seja urgente rirmo-nos do nosso passado, a ligeireza com que o tema e vida deste político e estadista é tratado, apesar de parecer propositada, deixa muito a desejar. Talvez se o título fosse “Oliveira Salazar em 75 Minutos”, uma comédia, sem pretensões musicais, não saíssemos tão defraudados. É, sem dúvida – e muito ao estilo do seu encenador –, um espectáculo mais visual que musical.
Em palco há à volta de 20 cadeiras, diferentes objectos e instrumentos que vão sendo utilizados à medida que a peça se vai desenrolando. Seis actores/músicos em palco, com principal destaque para José Pedro Vasconcelos, que começa por dar vida a Salazar, trocando, mais tarde, este papel com Miguel Melo. Uma passagem um tanto ou quanto estranha. “Então, e eu?”, pergunta JPV, “Tu, baza!”, responde MM. Margarida Gonçalves, que demonstra uma boa fisicalidade, lembrando uma Rueff “versão 2”, dá vida à mãe de Salazar e a Maria. Os três conseguem, a espaços, arrancar alguns risos do público, mas nada mais do que isso.
Quem pouco ou nada sabe sobre Salazar também não é ali que vai aprender. Nasceu no Vimieiro, passou pelo seminário, sempre teve dificuldade em se sentar na cadeira, enterrou a mãe, conheceu e deixou-se seduzir por uma Maria (a empregada de toda a vida) dominadora e ciumenta. É ela quem decide a colocação do Cristo-Rei, a construção da ponte 25 de Abril e está na origem do incidente que leva Salazar a cair da cadeira, o que o torna mentalmente diminuído. Na peça, é Maria quem o empurra e exclama posteriormente: “Encontrei-o assim...”. Isto representado de forma exagerada num tipo de humor negro que nem todos apreciam. Talvez por isso, a sala cheia a que o teatro Villaret nos habituou estivesse às moscas. E a desculpa não são as férias, são diálogos do tipo:
- Lisboa precisa de si!
-Dá-me então só 2 minutos para enterrar esta desgraçada? (Salazar referindo-se à mãe). Se a ideia inicial da peça era desmistificar e ridicularizar Salazar, conseguiram. Contudo, de forma fraca. Indicado para quem nunca viu trabalhos encenados por John Mowat. Porque, para quem já viu, este soube a pouco.