As Emoções Básicas (crónica) VIII
Escaqueirar Cartago
Odeio polémicas á portuguesa, pois parece que quem fala mais alto é quem tem sempre razão. Depois, os argumentos são como as cerejas, vem sempre uma atrás da outra e, quando damos por nós, engolimos o cesto todo, o prato está cheio de caroços e a barriga perigosamente farta.
Vem isto a propósito de uma alegada polémica com Pedro Sales, de Zero de Conduta, que viu grande indignação no meu texto sobre a apreensão de uma revista satírica que insultava o príncipe herdeiro espanhol. E, vai daí, já estou metido num tema de capa e espada, com argumentação monárquica à mistura e gritos de Delenda est Cartago.
Repito: na minha modesta opinião, a liberdade de expressão não é um direito absoluto e não está acima da liberdade de ninguém, seja ele príncipe ou plebeu.
É apenas isto, meu caro Pedro Sales, que escrevo naquela crónica. É uma opinião que tenho há muito tempo. Julgo que, infelizmente, o exercício da liberdade de expressão é um poder a que nem todos têm acesso e, por isso, não se trata exactamente de um direito (ou apenas de um direito), mas sobretudo de uma responsabilidade. Ou seja, a quem o exerce exige-se que cumpra o seu dever.
As polémicas blogosféricas são interessantes porque as pessoas gostam de ter sempre razão e, acima de tudo, porque a leitura dos supostos adversários é muito ligeira, aflorando vagamente o que está efectivamente escrito. É como quem visita o museu de ciência natural. O Luís Naves escreve isto, ergo, deve ser uma criatura assado.
Penso que o método dedutivo não será o mais correcto, pois faz lembrar aqueles cientistas que analisam as partes do elefante: um deles descobre a tromba e conclui que se trata de uma serpente; outro, a pata, por isso não duvida de que se trata de uma árvore; o terceiro investiga a cauda e determina que estamos perante um cão.
No fim do percurso, fico colado a uma polémica sobre homossexualidade (juro que nem percebi bem, apesar de ter lido várias vezes para tentar descodificar). Trata-se de um assunto sobre o qual não tenho nenhuma opinião estruturada ou que valha a pena partilhar com leitores.
Serve afinal esta crónica para deixar claro que não me agradam muito estas polémicas à portuguesa, devido ao ruído e ao facto de se discutir sobretudo a espuma das causas e nunca a sua essência.
Aqui, o que me incomoda é a leveza dos argumentos. Imagine o Pedro que o expunham publicamente num enxovalho daqueles, para mais humilhada também uma pessoa amada. Não sentiria indignação? Acha que isto é apenas uma questão de republicanos ou monárquicos? Ou uma simples equação sobre os limites da liberdade de expressão?
Odeio polémicas á portuguesa, pois parece que quem fala mais alto é quem tem sempre razão. Depois, os argumentos são como as cerejas, vem sempre uma atrás da outra e, quando damos por nós, engolimos o cesto todo, o prato está cheio de caroços e a barriga perigosamente farta.
Vem isto a propósito de uma alegada polémica com Pedro Sales, de Zero de Conduta, que viu grande indignação no meu texto sobre a apreensão de uma revista satírica que insultava o príncipe herdeiro espanhol. E, vai daí, já estou metido num tema de capa e espada, com argumentação monárquica à mistura e gritos de Delenda est Cartago.
Repito: na minha modesta opinião, a liberdade de expressão não é um direito absoluto e não está acima da liberdade de ninguém, seja ele príncipe ou plebeu.
É apenas isto, meu caro Pedro Sales, que escrevo naquela crónica. É uma opinião que tenho há muito tempo. Julgo que, infelizmente, o exercício da liberdade de expressão é um poder a que nem todos têm acesso e, por isso, não se trata exactamente de um direito (ou apenas de um direito), mas sobretudo de uma responsabilidade. Ou seja, a quem o exerce exige-se que cumpra o seu dever.
As polémicas blogosféricas são interessantes porque as pessoas gostam de ter sempre razão e, acima de tudo, porque a leitura dos supostos adversários é muito ligeira, aflorando vagamente o que está efectivamente escrito. É como quem visita o museu de ciência natural. O Luís Naves escreve isto, ergo, deve ser uma criatura assado.
Penso que o método dedutivo não será o mais correcto, pois faz lembrar aqueles cientistas que analisam as partes do elefante: um deles descobre a tromba e conclui que se trata de uma serpente; outro, a pata, por isso não duvida de que se trata de uma árvore; o terceiro investiga a cauda e determina que estamos perante um cão.
No fim do percurso, fico colado a uma polémica sobre homossexualidade (juro que nem percebi bem, apesar de ter lido várias vezes para tentar descodificar). Trata-se de um assunto sobre o qual não tenho nenhuma opinião estruturada ou que valha a pena partilhar com leitores.
Serve afinal esta crónica para deixar claro que não me agradam muito estas polémicas à portuguesa, devido ao ruído e ao facto de se discutir sobretudo a espuma das causas e nunca a sua essência.
Aqui, o que me incomoda é a leveza dos argumentos. Imagine o Pedro que o expunham publicamente num enxovalho daqueles, para mais humilhada também uma pessoa amada. Não sentiria indignação? Acha que isto é apenas uma questão de republicanos ou monárquicos? Ou uma simples equação sobre os limites da liberdade de expressão?
Etiquetas: Crónicas, emoções básicas, surpresa