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Os sociólogos e os analistas políticos deviam ler mais vezes as revistas cor-de-rosa. Está lá tudo sobre hábitos e tendências dominantes. Sobre o critério do "gosto" fomentado pelos canais televisivos. Sobre as pequenas e médias ambições do novo proletariado do nosso tempo - os pobres de espírito que inundam centros comerciais e estádios de futebol, gritam alarvidades na praça pública e sonham com o "estrelato" num
reality show ou com a fama proporcionada por uma paixão de aluguer. Repare-se na última edição da
TV 7 Dias: é um tributo inequívoco ao culto das aparências, logo a começar na peça de abertura. Uma tal Cláudia Vieira, "actriz",
"foi mesmo à faca para dar um jeito às mamocas": fotografada numa festa,
"usou um vestido que realçou os seus novos atributos". Outra "actriz", uma tal Margarida Martinho,
"já esqueceu o vocalista dos Fingertips, Zé Manel", e anda por aí com
"namorado novo". Mais adiantada estará a "manequim" Cristina Mohler, que
"oficializou, finalmente, o amor que a une" ao ex-futebolista Paulo Sousa. Mas nenhuma tão acelerada como a "ex-modelo" Elsa Raposo,
"refugiada num novo amor", como testemunham as fotos da praxe.
E que mais? Dois outros "actores", um Vítor Fonseca e uma Joana Duarte,
"continuam a namorar, ao contrário do que alguma imprensa quis fazer crer". Isto enquanto a
"ex-namorada" dele, sem ressentimentos,
"está numa boa". Chama-se Cláudia e também é "actriz" de sucesso numa telenovela juvenil. "Actores" são igualmente uma Marta Faial e um Tiago Castro,
"cada vez mais apaixonados e cúmplices". Algo semelhante se passa com a "actriz" Sandra B, que
"foi ao aeroporto de Lisboa esperar o seu novo amor". Também a "modelo" Diana Pereira irradia felicidade: o namoro com o piloto Tiago Monteiro
"já dura e está tão firme que o casalinho decidiu partilhar o mesmo tecto".
Em suma, eis um país de sonho, povoado por gente feliz. Sem lágrimas. Um país cheio de "modelos", "actores" e "actrizes". O país de sucesso do engenheiro Sócrates. Um país de faz-de-conta. Cor-de-rosa, claro.