O país da borboleta
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O livro começa em Junho de 2004 no descampado onde antes refulgia o aço fabricado pela ThyssenKrupp de Dortmund, empregando 10.000 mil pessoas. Uma siderurgia comprada pelos chineses da Shagang, desmontada e montada, peça por peça, à beira do rio Yangtze. Páginas depois, estamos em Chongquing: «Cá fora, na rua, enquanto eu tomava notas, uma estudante liceal que falava um inglês hesitante dirigiu-se a mim, com a mãe uns passos atrás. Queria que eu a levasse dali para fora. A poluição era letal, disse, e toda a gente estava a ser envenenada». Chicago levou cinquenta anos, até 1900, para atingir uma população de 1,7 milhões de habitantes. Chongqing está a crescer a uma velocidade oito vezes superior.
Com base em intenso trabalho de campo, conversas com os novos empresários chineses e ampla pesquisa incluída nas notas bibliográficas finais, este é um livro exemplar de um jornalista cujo rigor nos números e factos só acrescenta valor à qualidade literária da sua escrita. Depois da leitura, compreendemos o que sucede quando a borboleta bate as asas na China. E como esse bater de asas nos afecta de bem perto e bem mais depressa do que julgamos.