Um restaurante de sucesso
O meu caso com esta casa foi de amor à primeira vista. Entrei lá logo após a abertura, no último trimestre de 2004, na boa companhia do meu amigo Duarte, que por dever de ofício (é jornalista e crítico da área gastronómica) pretendia conhecer um restaurante na Rua de Santa Marta de que já tinha ouvido referências elogiosas. Lá fomos ao Luca. E gostámos muito. Do ambiente, da cozinha criativa com raiz tradicional, das doses, dos preços, do vinho da casa, da simpatia natural do proprietário. Ainda me lembro de o ouvir manifestar receio, aliás compreensível, quanto às hipóteses de sucesso do estabelecimento em tempo de crise económica.
Não houve crise. O Luca rapidamente passou a gozar de merecida fama, passando a atrair uma clientela variada e cobiçada, com mais gravatas ao almoço e mais colarinhos abertos à noite. Não tardou a espalhar-se a palavra pelos quatro cantos de Lisboa: se havia local onde apetecia ser visto a jantar era no Luca. Cliente quase desde a primeira hora, continuei a frequentá-lo durante mais uns meses sempre com agrado. Até ao dia em que começou a tornar-se um milagre ali conseguir mesa.
Passou muito tempo. Há dias deu-me uma inesperada saudade do Luca. Liguei para lá cedinho, ainda antes da enchente do almoço, na expectativa de conseguir mesa para o jantar. Resposta pronta do amável funcionário que me atendeu: “Lamento, mas já não é possível. Está tudo cheio.”
Deve ser a isto que se chama um restaurante de sucesso. Despedi-me de vez do Luca. Sei bem que só se um dia a casa entrasse em crise teria enfim alguma oportunidade de lá voltar.