Lugar para um "líder" que não existe
O protocolo de Estado cozinhado entre socialistas e sociais-democratas determinou um lugar a uma figura inexistente: o "líder da oposição". Quem é o "líder" da oposição em Portugal? Marques Mendes, que mal "lidera" o PSD? O comunista Jerónimo de Sousa, que "lidera" o Couço e Baleizão? O eurodeputado Ribeiro e Castro, que apenas "lidera" uma facção do CDS? O bloquista Louçã, que nem sequer "lidera" a sua militante Joana Amaral Dias? Esta figura só tem razão de existir em países que contam apenas com dois partidos políticos, designadamente os EUA: um desses partidos está no Governo, o outro na oposição. Em países como Portugal (onde até já houve um Executivo de "bloco central", com PS e PSD coligados) não existe uma oposição: existem várias oposições, felizmente de diferentes tendências e diversos matizes. A "oposição" não é um bloco uno e coeso, com Jerónimo, Louçã e Castro a reboque do "líder" Mendes. Percebo que este sonhe com um cenário desses. Já não percebo que o PS lhe faça a vontade, atribuindo-lhe uma cadeira onde não tem qualquer direito de se sentar.