Dar-lhes um bigode
Quero partilhar convosco a razão do desaparecimento dos bigodes. Foram extintas as pilosidades que outrora ornamentavam os notáveis da Nação e os portugueses seguiram-lhes o exemplo. Porquê?
Simples. Porque as nossas mulheres não o permitem. Deixámos há muito de mandar nelas e, agora, já nem em nós mandamos. Não somos senhores dos nossos narizes, quanto mais dos pelinhos que o enquadram.
Se eu decidir deixar crescer um bigode e for homem do Povo, acordo cheio de equimoses num beco da Mouraria. Se for um gestor de conta lutando contra as prestações do crédito, ela troca-me a fechadura de casa e no mínimo exige uma pensão acrescida por danos morais. Se for uma figura do Jet-Set, sou votado ao ostracismo pela Caras, a Flash e a Vip juntas e rasgam-me o cartão do Clube T. Não há volta a dar.
No entanto, Zezé Camarinha tem sucesso. Porquê? Em primeiro lugar, porque as estrangeiras gostam de pelos, embora isso não venha ao caso. Em segundo, porque as mulheres reconhecem ali um homem que não se deixa domar. A ele, nenhuma encosta a navalha ao queixo sob pena de sofrer as consequências.
Em suma, eu e muitos outros somos uns fracos titubeantes, incapazes de ser Homens, com agá grande. Os tempos mudaram? É verdade. Dupont e Dupond tinham bigode mas Sócrates e Silva Pereira são imberbes. Mas, um dia, o bigode vai regressar e nesse dia os homens queimarão as Gilletes como ontem elas o fizeram com os soutiãs. Esperem para ver. Nessa data vamos dar-lhes, não um bigode, mas milhões.