Um criminoso à nossa espera
Vivi uns anos no Rio de Janeiro e voltei a Lisboa em 1985. Já na altura éramos recebidos por criminosos no Aeroporto, que nos queriam extorquir no taxímetro, ou nos ameaçavam, ou nos insultavam por não sermos turistas estrangeiros e não irmos até um hotel em Cascais onde lhe pagariamos a fortuna que mereciam. Hoje, 21 anos passados, continuamos a ser recebidos por criminosos no Aeroporto, apesar de um ou outro ser ocasionalmente preso. Entretanto, passaram presidentes da república a falar de turismo de qualidade, governos a falar de turismo de qualidade, ministros a falar de turismo de qualidade, presidentes de Câmara a falar de turismo de qualidade, autoridades policiais e de todo o tipo a garantir que vivemos num país civilizado. Ninguém faz nada que resolva um problema que está à vista de todos e alguns até o acham compreensível, com uma certa atitude Robin Hood perante os estrangeiros endinheirados que nos visitam. Eu, depois de ter quase chegado às vias de facto com dois ou três desses criminosos, resolvi a questão indo sempre apanhar táxi às Partidas. Nunca mais tive um único problema. Mas uma sociedade que, ao longo de mais de 20 anos, não consegue encontrar solução para uma coisa tão prosaica e consensual como esta não pode ser capaz de vencer qualquer "desafio".