A crítica e o resto (1)
O Luís Naves tocou ontem aqui num ponto muito importante: os critérios "editoriais" da crítica portuguesa, designadamente a crítica literária. Acabou um tempo em que o crítico se propunha ter uma visão global do mundo literário. Hoje é-se crítico como quem produz comentários em vários canais de TV: com o emblema do partido na lapela ou o cachecol do clube ao pescoço. Só quem integra a tribo merece ser mencionado. Estratégias de grupo, cumplicidades ideológicas, afinidades demasiado evidentes com certas empresas editoriais são factores que chegam e sobram, em muitos casos, para entendermos o silêncio a que são votadas certas obras, em contraste com o alarido dedicado a outras.