terça-feira, fevereiro 12, 2008

O dicionário da malfeitoria (1)

"Cavaco Silva já escolheu os cinco membros que pode designar para o Conselho de Estado. Aguarda-se com alguma expectativa que escolhas fará para o Conselho Superior da Magistratura (CSM), sabendo-se que cabe ao Presidente da República indicar duas personalidades.
Recorde-se que, se Cavaco Silva não escolher dois magistrados, o plenário do CSM será composto maioritariamente por não-magistrados. É uma oportunidade de ouro para abrir as janelas e deixar entrar ar fresco na cúpula da corporação.
Em todo o caso, ainda que assim aconteça, é melhor não deitar foguetes. Tal como acontece com os estatutos blindados das 'nossas' instituições bancárias, o poder no CSM está nas mãos do conselho permanente, órgão composto maioritariamente por juízes".

O "post" é de 15 de Março de 2006 e chama-se "Abrir as janelas". Nele, o assessor do Governo que se esconde sob o pseudónimo de "Miguel Abrantes" dá-se ao luxo de dar dicas e/ou conselhos ao Presidente da República. A isto se chama em Portugal sentido de Estado, com certeza. Ou então chama-se "cooperação institucional". Dois ou três assessores do Governo têm a liberdade de atacar tudo e todos, até o Chefe do Estado, enquanto o Governo dá um ar sério e institucional. Diga-se que em Março de 2006 o assessor mais activo era um rapazito mais dado aos assuntos da Justiça, por isso fartava-se de promover o patrão e o caos na área. Na altura, em vez de me perseguir a mim e ao Paulo Pinto Mascarenhas, entre outros, andava obcecado com o perspicaz (e muito bem informado) José da Grande Loja do Queijo Limiano. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Mas a malfeitoria continua.