A luta continua
O Avante!, adoptando cada vez mais a linguagem ultra-esquerdista que noutros tempos Álvaro Cunhal tanto criticou às correntes marxistas-leninistas portuguesas, garantia há dias em editorial: "O Governo não hesita em cercear liberdades democráticas essenciais, e no caminho que vem seguindo e nas práticas a que vem recorrendo, despontam crescentes sinais da determinação de as liquidar se elas forem obstáculo à plena concretização dos desígnios do grande capital." Mais: "Em rigor, pode dizer-se que o regime em que hoje vivemos está mais próximo do que dominou o País até à data da libertação, do que da democracia moderna, progressista, participada – avançada, de facto - construída pelos trabalhadores e pelo povo português na sequência do 25 de Abril de 1974."
Parece cada vez mais a linguagem dos comunicados do MRPP contra os executivos de Vasco Gonçalves em 1975...
Enquanto este editorial começava a ser lido pelos fiéis do costume, Jerónimo de Sousa preparava-se para receber em Lisboa representantes de uma tal Federação Mundial de Juventude Democrática, vindos de país tão democráticos como Cuba, Coreia do Norte, Vietname e Zimbábue. Perante esses camaradas, vejam lá, o líder do PCP afirmou que em Portugal "há uma intensa campanha ideológica e um poderoso ataque às liberdades e garantias democráticas, aos direitos das organizações juvenis, às associações de estudantes, ao direito de organização e de manifestação dos jovens portugueses".
Quanto ao "poderoso ataque às liberdades" nos países dos gentis manos Castro, do suave Kim ou do brando Mugabe, nem um sussurro de Jerónimo. Nem seria preciso, pois esses países "irmãos" do PCP são democracias modelares, autênticos faróis do socialismo. Mais palavras para quê?