Isto para só falar em equipamentos urbanos
Vinha eu a pensar se existe ou não corrupção em Portugal, se recusamos admiti-lo por a palavra ser especialmente feia ou se existe apenas troca de favores - e, nesse caso, que nome deveremos dar a isso - quando reparo numa paragem de autocarro no centro de Lisboa.
Com aquela arrogância que parece usar-se, consta de uma larga abóbada. Em baixo, meia dúzia de tampos de cadeira colocados numa barra de metal modernaça. Estão cerimoniosamente espaçados entre si, mas tão altos que as velhinhas que esperam o autocarro balançam as pernas como meninos na escola. Fiquei estática, a ver um velho baixote fazer equilibrismo nas muletas para tentar chegar ao assento.
Isto para dizer: será que ninguém recebeu nada por aquilo? E pelos placards de colorido berrante que ladeiam as auto-estradas? E pelas calhas metálicas para escoar as chuvas que algumas ruas têm e que fazem saltar o empedrado, além de não estarem colocadas no sentido das descidas (para onde as águas, inevitavelmente, correm); ninguém ganhou nada com estas anormalidades e outras que a vista alcança? É tudo só mau gosto e incompetência?