A jihad cultural
Às vezes olhamos para o óbvio. E esquecemos o que é verdadeiramente importante. Quando o Governo pretende que as escolas de música públicas deixem de oferecer cursos de iniciação nessa área aos miúdos do 1º ciclo, apenas segue militantemente, como numa “jihad”, a sua tarefa de destruir tudo o que é emoção, pensamento e crítica. Porque, convenhamos, esta medida, apresentada bondosamente como “reforma”, segue ideias tão simples de desertificação cultural como sufocar a filosofia no ensino, encaixotar a Faculdade de Letras numa redoma sem respiração, ir fechando literalmente o interior do país. O que o Governo está a fuzilar é o pensamento crítico, a possibilidade de questionar. No fundo a alma crítica de uma nação. Algo que não interessa à sociedade deslavada, tecnológica e de “design” puro que o sr. Sócrates está a tentar impor. À sua imagem e semelhança. Como em “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley.