segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Desilusão

Ao longo dos anos, habituei-me a admirar Pacheco Pereira e até a defender a sua qualidade intelectual perante os muitos que o atacam. Foi por isso com estupefacção que li, reproduzido no Abrupto, o seu último artigo para o Público, É inacreditável que Pacheco resuma o movimento monárquico aos que trocam o nome de Rui para Ruy e coisas no género, como se não houvesse tantos monárquicos que actuam por puro idealismo, sem esperar qualquer “recompensa”, sabendo inclusive que será extremamente difícil ver a monarquia voltar no seu tempo de vida, recebendo assim todos os ataques que se fazem em Portugal aos que estão longe do poder.
Escapam-me os motivos desta atitude de Pacheco e nem quero acreditar que ele se tenha juntado a certos pobres de espírito que têm necessidade de mostrar que, apesar de estarem em partidos classificados como de direita, são muito pela “igualdade” e não querem que os mauzões dos aristocratas oprimam o povo, como se fosse essa a realidade da monarquia constitucional portuguesa derrubada em 1910 ou das monarquias europeias da actualidade.
Pacheco Pereira tem todo o direito de ser republicano, e não vou julgar o seu carácter por isso, mas lamento profundamente que venha insultar os monárquicos portugueses, promovendo, ao contrário do que costuma fazer, o preconceito e a ignorância. Aliás, desconfio sempre de quem, como Pacheco faz no seu artigo, chama “D. Duarte Nuno” ao actual chefe da Casa Real. Ou não sabe que esse era o nome do seu pai, o que demonstra falta de conhecimentos para se pronunciar sobre o assunto, ou então fá-lo de propósito, para mostrar que não liga nenhuma à pessoa em questão, o que demonstra apenas má educação.
Sobre o essencial da questão monárquica, o resto do artigo de Pacheco Pereira é até uma ajuda, ao descrever o triste estado do País após quase cem anos de república. Eu sei que ele acha que não serão os monárquicos que vão mudar as coisas para melhor, mas pelo menos devia respeitar aqueles que o tentam fazer, em vez de se acomodarem a um regime que já demonstrou que é incapaz de conduzir Portugal a níveis de democracia, civismo e desenvolvimento compatíveis com os padrões europeus.