sexta-feira, novembro 16, 2007

Para a nossa Maria Inês

Um poema recuperado da minha caixa:

«Não foi como recordas. É mentira
a folha seca tombada sobre o teu colo,
no exacto momento em que disseste
a palavra que não queria ouvir.

Interpretas em excesso a Natureza,
nem tudo sucede porque acontecemos.
Ontem mesmo quando chorei não choveu
e isso prova a inexistência dos deuses.

Também acontece sentir-te, ausente
não estares ali mas antes a tua sombra.
Fosse um sinal estaria louco
e não é assim porque te respondo como existisses.

Foi talvez ontem. Entrei clandestino no teu quarto
abandonado e branco, no chão as cartas
que escrevi atadas pelo cordel do Tempo.

Enquanto as abria, uma folha seca tombou.

Etiquetas: