sexta-feira, novembro 16, 2007

Nem sei mais o que diga

Surpreendi-me. Às vezes ainda me surpreendo. Veio parar-me às mãos uma crónica de Clara Pinto Correia publicada dia 3 na revista do 24 Horas, com o título «Então mas isto é uma democracia ou é uma casa de putas?». Uma pergunta à qual a autora - cujas madeixas somos informados contarem com o alto patrocínio do cabeleireiro Verissima - não chega a responder de forma cabal. Em troca, a dita crónica finaliza com outra questão de elevado calibre: Se «é desta» que «vamos ao focinho» ao Primeiro-Ministro. Porquê «desta»? Porquê agora? Porque, vejam só, «já deu sobejas provas de que não gosta de ser criticado. Se não fizermos nada, ele é muito menino para revogar mesmo a lei» (dos direitos de interpretação para os autores).
Clara Pinto Correia advoga pois, em lugar das críticas tão do desagrado de José Sócrates, o seu espancamento preventivo. Uma espécie de vingança avant la lettre. «Ainda não revogaste a lei? Ah, mas és gajo para isso. Toma lá um uppercut nos queixos antes que te portes mal». Atrever-me-ia a dizer que, mesmo numa casa de profissionais do sexo, não é hábito incitar ao afiambramento do Chefe de Governo eleito. Numa democracia, pelos vistos e a avaliar por esta crónica, acontece de vez em quando.

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